O Ministério Público do Tocantins (MPTO) solicitou à Justiça, nesta quinta-feira, 1º, que o atual secretário estadual de Saúde seja intimado para prestar esclarecimentos sobre a ativação do aparelho de radioterapia de Araguaína, devendo explicar as providências que estariam faltando e fixar data para o reinício do serviço de tratamento de câncer na cidade.
O aparelho de radioterapia já foi autorizado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) para entrar em uso e os profissionais responsáveis pela sua operacionalização, da área de medicina e física, já estão contratados. Porém, a máquina ainda não foi posta em funcionamento. Com isso, os pacientes continuam sendo transferidos para tratamento na cidade de Imperatriz (MA).
Nesta quinta-feira, a promotora de Justiça Araína Cesárea D’Alessandro também pediu que seja aplicada multa pessoal ao secretário estadual da Saúde por ato atentatório à Justiça, em razão do descumprimento da liminar que obriga o Estado a colocar em funcionamento o aparelho de radioterapia de Araguaína, além de outras medidas coercitivas.
A promotora de Justiça voltou a pedir a atualização do valor da multa diária fixada, defendendo o bloqueio judicial imediato do valor apurado.
A 5ª Promotoria de Justiça da Araguaína, que atua na área da saúde pública, ainda encaminhou cópias do processo a outras promotorias de Justiça, para que apurem eventual responsabilidade criminal e na área da improbidade administrativa em decorrência do descumprimento da liminar.
Histórico
O Ministério Público, por meio da 5ª Promotoria de Justiça da Araguaína, propôs, ainda no ano de 2015, Ação Civil Pública que requer do Estado a adoção de providências para o funcionamento da unidade de radioterapia e unificação dos serviços da Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia do Hospital Regional de Araguaína (Unacon/HRA), com reestruturação do prédio.
A liminar que determina providências quanto à reforma do antigo Hospital São José e instalação do aparelho de radioterapia foi expedida pela Justiça em novembro de 2016. Em outubro de 2017 o Estado foi notificado. No ano seguinte, em maio, o Ministério Público informou à Justiça que os prazos haviam sido descumpridos e solicitou a imposição de medidas judiciais, incluindo a prisão do gestor estadual. O pedido foi negado.
Para garantir a reforma do Unacom, que é referência no tratamento de pacientes de câncer em Araguaína e região, houve o bloqueio judicial de R$ 1.410.000,00 em setembro de 2018, em decisão judicial que atendeu pedido do Ministério Público. A reforma só foi iniciada após o bloqueio.
Após diversos trâmites processuais, a administração pública assumiu, perante a Justiça, em fevereiro de 2019, o compromisso de colocar o serviço de radioterapia em funcionamento na data limite de 19 de março do mesmo ano, o que também não foi cumprido.