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Palmas

Foto: Divulgação

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Agosto é o mês nacional da Visibilidade Lésbica e no Tocantins o grupo Coletiva Brejo-TO organiza dois eventos para marcar a data nesta quinta-feira (28) e no próximo dia 31 em Palmas/TO.  

O primeiro evento é a pelada especial do Brejo, um jogo de futsal voltado para mulheres, que ocorrerá às 20h30 na quadra da 108 Norte. Já o segundo é também um evento tradicional do grupo incrementado com novas atividades, o Isoporzinho da Visibilidade, que além de contar com as costumeiras atividades culturais e de roda de conversa também oferecerá serviços e oficinas às mulheres presentes no parque dos Povos Indígenas a partir das 16h.

Segundo o grupo as ações de visibilidade “objetivam enfrentar os altos números de violência que atingem não só a população LGBTI+, mas em especial as mulheres lésbicas, que têm sua sexualidade invisibilizada e fetichizada na sociedade brasileira”.

Em 2016, foram registrados 1.876 casos de agressões contra pessoas LGBTI+ e 123 casos contra mulheres lésbicas um aumento de 18,2% em relação ao ano anterior, o gráfico abaixo traz detalhes dessas agressões.

 Disque 100/ Dados trabalhados pelo DLGBT-MDH (publicados em 2018)

Para o grupo Coletiva Brejo, além da violência explícita contra mulheres lésbicas há outras violências como a falta de representatividade midiática e política, e o fato de que a maioria das propagandas, filmes e novelas não mostram mulheres lésbicas em seus enredos, e, muitas vezes, quando mostradas, essas mulheres são estereotipadas, sexualizadas ou tem pouco espaço, segundo o grupo.

Segundo Coletiva Brejo, na política a história se repete e são poucos os casos como os de Leci Brandão (PCdoB) e Isa Penna (PSOL), uma lésbica e outra bissexual as quais ocupam a Assembleia Legislativa de São Paulo. O grupo lembra que, no Tocantins, “infelizmente não há parlamentares lésbicas, bissexuais e nem mesmo LGBTI+ assumidos”.

Para o grupo Coletiva Brejo, a falta de representatividade dificulta não apenas que outras pessoas se sintam à vontade para se identificar como lésbica e bissexual como também se reflete nas políticas públicas implementadas pelo Governo. Na saúde, segundo o grupo, mulheres que se relacionam com outras mulheres muitas vezes são discriminadas tanto diretamente, como indiretamente ao serem automaticamente identificadas como heterossexuais, tendo suas demandas específicas apagadas.

O grupo Coletiva Brejo cita como exemplo a necessidade de receber instruções quanto às DSTs, uma vez que, segundo o grupo, o SUS não fornece camisinhas para a relações sexuais entre mulheres, o que dificulta a prevenção de alguns vírus, como o HPV que provoca câncer de colo de útero.

Ainda segundo o grupo, as dificuldades se estendem também para a educação, em Palmas, onde frequentemente ocorrem embates na Câmara Municipal da capital que visam proibir qualquer debate sobre gênero e sexualidade o que impossibilitaria, segundo o grupo, a conscientização contra a violência.

Dia de Visibilidade

O Dia da Visibilidade Lésbica foi instituído como 29 de agosto, data do primeiro Seminário Nacional de Mulheres Lésbicas feito em 1996 para enfrentar essa realidade de violência e opressão, hoje as pautas se ampliam incluindo debates sobre mulheres lésbicas negras, indígenas, deficientes e muitas outras. Coletiva Brejo-TO, é formado por mulheres lésbicas e bissexuais tocantinenses que lutam contra o conservadorismo no Estado para garantir a cidadania de toda a diversidade de mulheres lésbicas e bissexuais.