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Ciência & Tecnologia

Foto: Divulgação

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A Agência Nacional de Águas (ANA) firmou parceria com a Universidade Federal do Tocantins (UFT) para implementar o monitoramento remoto de captações de água no rio Javaés (TO), via telemetria de vazões medidas. O Termo de Execução Descentralizada (TED) entre as duas instituições, com execução do Instituto de Atenção às Cidades (IAC), foi assinado de forma digital na última segunda-feira (4) e tem recursos orçamentários de R$ 510.875,25 em 2020. Na manhã da última quarta-feira (6), foi realizada por videoconferência a reunião inaugural dos trabalhos.

Com o monitoramento automático das vazões, a ANA e os usuários poderão melhor acompanhar o uso da água no rio Javaés, reforçando o cumprimento da regra operativa especial que já vigora na localidade desde 2013, acompanhando em tempo real, diretamente da sede da ANA em Brasília as captações de água de 10 usuários de água de grande porte da bacia, com 23 pontos de captação de água. Os trabalhos incluem a realização de diagnósticos em campo das características dos usuários e orientações para instalação de equipamentos e uso de plataforma para recepção de dados.

A UFT já detém experiência nesse tipo de medição, com o projeto já implantado na bacia vizinha do rio Formoso, de domínio estadual, com mais de 90 pontos de captação de água monitorados. A experiência começou em 2016, quando uma calamidade ambiental atingiu o Rio Formoso, no sudoeste do Tocantins. O rio secou completamente devido aos baixos índices de chuva, combinados com os enormes volumes das captações para os projetos de irrigação. Naquele mesmo ano um promotor do Ministério Público Estadual (MP-TO) pediu a suspensão da irrigação na bacia. Foi quando um juiz do Tribunal de Justiça (TJ-TO) consultou a UFT sobre uma possível alternativa de solução.

Em 2017 a UFT, por meio do IAC, iniciou o desenvolvimento e a implantação de uma solução tecnológica inovadora para a gestão precisa dos recursos hídricos na Bacia do Rio Formoso. A solução foi exitosa e agora a Agência Nacional de Águas (ANA) propôs testar a nova tecnologia em um rio federal, de domínio da União, o Rio Javaés - braço menor do Araguaia - que também sofre com o uso não monitorado dos recursos hídricos para irrigação.

Reunião Inaugural

Na abertura da reunião desta quarta-feira, o superintendente de Fiscalização da ANA, Alan Vaz Lopes, destacou a importância dese monitoramento. “Já temos uma atuação na localidade, com fiscalização em campo, mas isso não é totalmente eficiente. Precisamos de um sistema que nos permita um monitoramento em tempo real, junto com a telemetria das vazões, para termos informações online e podermos atuar sempre que o nível d'água do rio cair abaixo de níveis de referência. Além disso, com os usuários sabendo que estão sob monitoramento em tempo real, eles tendem a cumprir melhor a regra”, afirmou o superintendente.

O reitor da UFT, Luiz Eduardo Bovolato, ressalta que essa parceria é positiva para a universidade, pois permite que a universidade cumpra o seu papel de extrapolar o conhecimento gerado aqui dentro da instituição, para a sociedade de forma geral, além de permitir que a ANA tenha acesso a um conjunto de ferramentas e soluções tecnológicas desenvolvidas pela universidade que serão incorporadas na sua instituição e que certamente será usado em outras bacias no país. “Tenho certeza que essa parceria trará frutos bastante positivos. Já tivemos outros projetos conjuntos com a ANA, mas imagino que agora estaremos mais próximos ainda”, disse.

Oscar Cordeiro Netto, diretor da ANA, explica que a assinatura e início dos trabalhos sinaliza a continuidade da atividade da ANA, mesmo durante a pandemia do Covid-19. “Essa articulação que agora se concretiza com a UFT é muito importante. É um exemplo muito interessante de como trabalhar a regulação dos usos da água e o monitoramento de usos importantes e significativos da água, que a UFT já tem experiência e a ANA quer usar ainda mais em nossas ações, e também para ter um modelo de uso das águas que possa ser adaptado para outras partes do país”, afirmou Netto.

Cronograma

Ary Henrique Morais de Oliveira, diretor de Tecnologia da Informação do IAC, professor do curso de Ciência da Computação da UFT e coordenador técnico do trabalho, explica que o projeto, que tem duração de 12 meses, é a primeira etapa de uma solução dimensionada para 4 anos, que prevê o monitoramento preciso dos recursos hídricos pela ANA e o IAC da UFT. Ele conta ainda, que devido a pandemia, o cronograma inicial sofreu uma alteração.

Para a próxima etapa está prevista a realização de uma reunião entre as equipes técnicas do IAC/UFT e ANA através de videoconferência na próxima segunda-feira(11), na ocasião vão finalizar o projeto técnico detalhado, de forma a iniciar a implantação dos equipamentos de medição de vazão, para monitorar a captação de água realizada pelas bombas hidráulicas dos produtores rurais; transmissores, para realizar o envio dos dados da telemetria para o servidor de aplicação e banco de dados no Laboratório de Banco de Dados e Engenharia de Software da UFT; Micro usina solar, para garantir o abastecimento de energia aos equipamentos; e por fim, o cadastramento dos pontos de monitoramento no sistema de monitoramento desenvolvido pelo IAC/UFT, acessível pelo endereço http://gestaodealtonivel.iacuft.org.br.

Parte das atividades iniciais devem ser feitas em campo, mas Ary Oliveira  garante: “Será com pouca interação com os produtores, sendo possível manter o distanciamento, uma vez que é necessário realizar a análise apenas dos locais de instalação dos equipamentos na zona rural. Além disso, o profissional que estará em campo inicialmente, receberá todas as orientações quanto ao uso de máscara e demais protocolos de saúde dado o atual contexto da pandemia, tais como higienização das mãos com água e sabão, e quanto não for possível, utilizar-se de álcool em gel, fornecidos pelo IAC/UFT. Outra parte expressiva do trabalho será realizado em escritório, atualmente, definido entre os profissionais do IAC/UFT, executados por meio de home office, inclusive com os equipamentos transferidos para a residência dos profissionais para viabilizar a execução das atividades”.

O projeto é composto pelo professor Felipe de Azevedo Marques (diretor presidente do IAC/UFT e docente do colegiado de Engenharia Civil), professor Ary Henrique M. de Oliveira (Diretor do Eixo de Tecnologia da Informação do IAC/UFT e docente do colegiado de Ciência da Computação), professor Fernan Enrique Vergara (Componente do Eixo de Recursos Hídricos e Meio Ambiente do IAC/UFT e docente do colegiado de Engenharia Ambiental) e professor Humberto Xavier de Araújo (Diretor do Eixo de Energia do IAC/UFT e docente do colegiado de Engenharia Elétrica). (Com informações da Assessoria de Imprensa da Agência Nacional de Águas)