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Opinião

Foto: Divulgação

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Sou pedagoga, enfermeira e técnica de enfermagem. Desde janeiro de 2017, faço parte do Hospital de Doenças Tropicais, vinculado à Universidade Federal de Tocantins e à Rede Ebserh (HDT-UFT/Ebserh), atuando como técnica de enfermagem na assistência direta aos pacientes. Assistir a alguém doente é bem mais do que administrar uma droga prescrita ou realizar um procedimento. É necessário zelo pelo corpo e alma, é entender que por trás daquele paciente tem um ser humano cheio de anseios, medo e incertezas. É indispensável ouvi-lo e ofertar-lhe conforto! Nesse sentido, a profissão mais parece uma missão! Costumo dizer que atuar na enfermagem é obedecer a um chamado de Deus!

Juntamente com meus companheiros de jornada, estou vivendo um momento peculiar na história da enfermagem, em que precisamos dispor de coragem, fé, otimismo, humanização e conhecimentos técnicos para prosseguir! Em meio a uma pandemia por um vírus altamente contagioso, um misto de emoções me invadiu ao cuidar de um paciente contaminado com a Covid-19: o medo de me contaminar, a certeza que, daquele dia em diante, precisaria manter distância de meus familiares para protegê-los. Por outro lado, aquela voz interior dizendo: “vai e faça o que você sabe. Ofereça cuidado e esperança, que tudo vai ficar bem”. Assim, eu adentrei aquele apartamento de precaução específica para Covid-19.

Confesso que, no primeiro instante, foi difícil. Mas, ao ver aquele paciente tão humilde, sozinho, longe de sua família (um caminhoneiro do Sul), dessaturando, dispneico [com falta de ar], eu senti que muito podia fazer. Comecei a ofertar-lhe oxigênio conforme a prescrição médica, os cuidados de rotina e, principalmente, encorajamento.  Depois, o acompanhei na realização de exames, e o que me marcou foi quando ele me perguntou, em meio a muito esforço respiratório: “enfermeira, será se eu vou sair dessa?”. Nessa hora, senti profunda compaixão e falei que tudo era muito novo, mas que a equipe estava fazendo o possível e que Deus é bom! No outro dia, ele evoluiu para estado crítico, foi entubado e conduzido à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de outra unidade hospitalar.

Após 18 dias na UTI, ele se recuperou! Ver a saída dele, a vibração dos companheiros pela sua cura e a emoção de seu filho ao reencontrá-lo me move a continuar na luta contra o coronavírus! É muito gratificante e motivador ter a certeza de que posso fazer a diferença na vida de uma pessoa pelo ato de cuidar, agindo como instrumento de Deus na assistência às vítimas da Covid-19 e, principalmente, que outras vidas possam ser preservadas com a ajuda do meu trabalho, de nosso trabalho enquanto profissionais de saúde! Isso supera quaisquer obstáculos!

Avante! “Juntos#somos#mais#fortes!”.

*Jarina Araujo de Sousa é técnica de enfermagem no HDT-UFT/Ebserh