Aproximadamente 10 botos vermelhos, conhecidos também como boto do Rio Araguaia (Inia araguaiensis) foram vistos nas águas do Lago de Palmas no domingo, 12, ocasião que as águas límpidas do reservatório se confundiram com a beleza dos animais.
A bióloga e inspetora de Recursos Naturais do departamento de Fauna do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), Angélica Beatriz Corrêa Gonçalves, destaca que os botos são os maiores golfinhos de água doce e enfatiza que, como todo animal silvestre também resiste à presença humana. A orientação do Naturatins refere-se a não aproximação dos bichos.
“Orientamos também para não tentarem tocar nos animais. Mas sim aproveitarem esse privilégio de ver um animal silvestre de perto. É importante apreciarem a natureza. Podem registrar a presença deles, mas nunca aproximarem”, explicou a bióloga.
A ocorrência de botos nas águas do lago da Usina Hidrelétrica Luiz Eduardo Magalhães, pode se relacionar a redução de pessoas e embarcações na orla do lago, em razão das recomendações dos órgãos governamentais de distanciamento social, em decorrência da pandemia da covid-19.
“Possivelmente a diminuição de visitantes, turistas nas margens do lago favoreceu o aparecimento dessas espécies”. Angélica Beatriz conta que o aparecimento dos Inia araguaiensis está restrito entre os trechos dos barramentos entre a Usina Hidrelétrica do Lajeado e a Usina de Peixe Angical.
“Todos devem evitar a aproximação com os botos. Estes animais têm hábitos solitários, mas deve-se respeitar a aglomeração deles. Pode ter sido um encontro casual ou por razão de acasalamento ou mesmo quando buscam na pesca o alimento. Esses grupos sempre representam uma movimentação da espécie”, declarou Angélica Beatriz.
Também compartilhando do mesmo pensamento de Angélica Beatriz, o biólogo e inspetor de Recursos Naturais do Naturatins, Oscar Barroso Vitorino Junior, disse ser provável que aparição dos animais no lago, aconteceu em decorrência da diminuição das atividades na orla de Palmas.
“Acredito que a redução da circulação de embarcações no lago podem ter facilitado a observação da espécie, uma vez que além da visão, esta espécie se direciona por meio de um sistema de ecolocação, semelhante aos sonares dos navios e submarinos”, revelou o biólogo.
Bacia Araguaia – Tocantins
Oscar Barroso conta que além de ocorrer na Bacia Araguaia - Tocantins, o boto vermelho também se verifica na baía do Marajó. Apresenta elevado dimorfismo sexual com os machos adultos maiores e mais robustos que as fêmeas, chegando a 2,55 metros de comprimento e 200 kg de peso.
A coloração dos indivíduos desta espécie varia de cinza - escuro a rosa brilhante dependendo da idade e do sexo do animal. Os filhotes são cinza - escuros, enquanto os machos adultos são mais rosados. A coloração também está relacionada a confrontos entre os machos que frequentemente acumulam cicatrizes e uma intensa despigmentação causada por abrasão.
Em 2014, pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) apresentaram estudos sobre a espécie Inia araguaiensis. Antes da pesquisa acreditava-se que essa espécie era específica da Bacia Amazônica. Mas o estudo comprovou da desconexão dessas duas bacias hidrográficas disse a bióloga Angélica Beatriz.
O biólogo Oscar Barroso, também fez referência à gestação das fêmeas, disse que dura 13 meses e a lactação dos filhotes até três anos. “Os machos atingem a maturidade sexual, quando ficam aptos para a reprodução, aos 10 anos de idade”. Ele ainda falou sobre estimativas que indicam que o boto vermelho pode atingir 45 anos na natureza. Há registro de um indivíduo que viveu 52 anos em cativeiro no Duisburg Zoo, na Alemanha.