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Esportes

Foto: Doni Castilho

Os competidores falaram em 'rally raiz' ao concluir a quarta de sete etapas do Sertões 2020, o maior rally das Américas - 329 quilômetros cronometrados e um total de 641 entre Campos Belos, no Norte de Goiás, e a Bolha 4, no Tocantins. Afinal, o dia trouxe terrenos típicos da prova - piçarras, areia - trechos mais velozes. Um cenário mais próximo do habitual da prova e que promete prosseguir no desafio desta quinta-feira, quando a caravana  entra no Maranhão. Pelo caminho, vão passar na região do Jalapão, com trechos arenosos, cerrado e pedras grandes.

Sobre duas rodas, o bicampeão Tunico Maciel (Honda CRF 450RX/Honda Racing) conquistou sua primeira vitória e está mais vivo do que nunca na busca pelo tri. Diminuiu a desvantagem para Ricardo Martins (Yamaha WR450F/IMS Yamaha), segundo mais rápido, que segue na liderança. Jean Azevedo (Honda CRF 450RX/Honda Racing) terminou o dia e 3º. Em quarto, a boa surpresa da categoria: o paulista Vítor Siqueira (KTM 450EXC/Dust Off Road). Estreante, sem participar de competições nos últimos anos e com uma moto menos desenvolvida, ele supera as próprias expectativas, aparecendo em 6º. e liderando ainda a categoria Maratona (MT3). Na geral, a diferença entre Martins e Tunico é de 5m. Do 5º para o líder são 15m.

Nos carros, Marcos Baumgart e Kleber Cincea venceram a segunda etapa consecutiva com a Toyota Hilux IMA da X Rally Team e assumiram a liderança na classificação geral, 1min08 à frente do irmão Cristian Baumgart/Beco Andreotti (Toyota Hilux IMA/X Rally Team), terceiros do dia.  A dupla campeã de 2019, Lucas Moraes/Kaíque Bentivoglio (Ford Ranger T1/MEM) ficou em segundo, confirmando a recuperação após os contratempos iniciais. Na geral, ocupa a 4ª. posição, a 27m37 do líder, logo atrás de Sylvio de Barros/Rafael Capoani (Xrally Ranger). O prejuízo do dia ficou com o pentacampeão do Sertões, Guilherme Spinelli e seu navegador Youssef Haddad (Mitsubishi Spinelli Racing), que teve problemas na suspensão e não completou a especial. 

Nos UTVs, a etapa tirou vários favoritos da disputa pelo título. Nomes que vinham na luta pelas primeiras posições, como a dupla campeã de 2019 Denisio Nascimento/Idali Bosse (Can-Am Maverick X3/Bompack Racing); o vencedor da primeira etapa Bruno Varela/Gustavo Bortolanza (Can-Am Maverick X3/Varela Racing) e Cristiano Batista/Robledo Nicoletti (Can-Am Maverick X3/Transmáquinas) não conseguiram completar e deram adeus às chances de vitória. No caso do primeiro, do que seria o bicampeonato. Mais rápido também na segunda etapa, Rodrigo Varela/ Gunnar Dums (Can-Am Maverick X3/Varela Racing) manteve a 'Família da Poeira' no topo da classificação geral. Seguido de perto, no entanto, por Deninho Casarini/Ivo Mayer (Can-Am Maverick X3/Casarini Racing). A diferença entre ambos na geral é de apenas 8m.

O que eles disseram

Ricardo Martins (líder das Motos)

“Uma especial de velocidade alta e muita quilometragem, por isso uma etapa dura. Apesar de abrir a prova o dia todo, foi um dia bom. Estou contente com resultado e um P2 nessa situação foi excelente. A estratégia daqui para frente é manter o que estou fazendo, andando consciente, não cometi nenhum erro até agora e acredito que dessa maneira o resultado final vai chegar. Mas estou focado a cada dia, amanhã eu vou buscar de novo a vitória na especial, sem estratégia de poupar. As motos estão muito equilibradas, tem que focar e dar o melhor. Acho que não tem favorito e, agora, é focar no dia de amanhã”.

Rodrigo Varela (líder UTV)

"Desde São Paulo o terreno vem mudando. Agora o Sertões entrou na fase raiz, naquele tipo de terreno em que sempre andamos. Foi uma especial muito prazerosa de pilotar, tivemos o primeiro contato com a areia, o ritmo da prova aumentou. Agora é se preparar com os próximos dias para tentar manter a liderança. Temos que lembrar que ainda são mil quilômetros até Barreirinhas".

Deninho Casarini (UTV)

"Viemos bem na especial, mesmo administrando um problema numa ventoinha. Nós vamos seguir na nossa estratégia, que é sermos rápidos dentro de uma segurança, para chegarmos ao final, o que até agora tem dado resultado. Nosso carro está muito constante, talvez não seja o mais rápido, mas acredito que o mais durável".

Marcos Baumgart (líder Carros)

"Foi uma especial rápida, longa e qualquer problema que você tivesse poderia ser um prejuízo grande. Viemos numa tocada constante, claro que a gente toma um susto ou outro, mas nada de abusar ainda. Vamos deixar para acelerar mais quando precisar. Mas foi rápido, bem rápido"

Lucas Moraes (Carros)

"Foi uma especial muito prazerosa, rápida, um bom trecho de piçarras. Conseguimos manter um ritmo bom mesmo sem andar tão rápido como as Toyota. O tipo de percurso dessa fase final me agrada. Depois dos problemas na primeira etapa, a ordem era remar e recuperar terreno, vamos continuar nesta tocada".

Emerson 'Bombadinho' Loth (Motos)

"Vinha muito bem até o km 100 da especial, quando uma vaca atravessou a estrada, pegou a moto de lado e me derrubou. Perdi a carenagem dianteira, levantei e, uns dois quilômetros depois, meu joelho esquerdo travou. Ainda tomei um remédio no radar de abastecimento, mas não foi fácil terminar".

Vítor Siqueira (Motos)

"Até eu estou surpreso por conseguir andar entre os ponteiros. Sou trilheiro de fim de semana, competi no enduro há muito tempo, minha última atividade havia sido como marinheiro em Paraty. Resolvi fazer o Sertões para terminar, me divertir, e de repente brigar pela vitória na categoria Maratona. De repente estou brigando com os pilotos oficiais, que têm moto melhor do que a minha e são mais preparados física e tecnicamente. Tomara que siga assim até Barreirinhas".

5ª etapa - 05/11 quinta-feira. 

DI 99 km - TE 227 km - DF 284 km - Total 610 km

Um deslocamento inicial de 99 km para abrir a especial em uma região mais travada, assando por estradas menores nos primeiros 10 km. Especial fica rápida com muitas curvas de alta e média velocidade, até entrar novamente um trecho travado, já com piso arenoso. Atravessa um belo rio, seguindo por trechos estreitos com plantações de eucalipto, até a primeira zona de radar para atravessar uma vila. Daí para frente começam as areias do Jalapão, que estão bem pesadas por ser uma área em que carros não estão passando e segue assim até 2/4 da prova. Termina num trecho de estradas mais rápidas, de alta velocidade. O deslocamento final será de 284 km. O total da quinta etapa é de 609 km, em que predominam areias, piçarras, algumas pedras grandes, cerrado e piso característico do Jalapão.

Resultado da quarta etapa (Extra oficial)

Motos

1) #01 Tunico Maciel, (2)MT1, Honda CRF 450 RX, 04h01min49

2) #03 Ricardo Martins, (1)MT1, Yamaha WR 450 F, 04h04min31

3) #04 Jean Azevedo, (3)MT1, Honda CRF 450RX, 04h05min44

4) #72 Vitor Pinheiro Siqueira, (1)MT3, KTM 450 EXC, 04h05min55

5) #11 Júlio Cesar Zavatti, Honda CRF 450 RX, (1)MT2, 04min06s50

UTVs

1) #214 Rodrigo Varela/Gunnar Dums, Can-Am X3 XRS, UT1, 04min01s45  

2) #212 Denisio Casarini/Ivo Renato Mayer, Can-Am X3, UT1, 04h04min01      

3) #216 Guilherme Benchimol/Daniel Spolidorio, UT2, 04h12min39

4) #225 Marcelo Tomasoni/Breno Resende, (1)UOV, Can-Am X3, 04h12min46

5) #221 Richard Fliter/André Munhoz, (3)UT1, Can-Am X3, 04h14min47

Carros

1) #303 Marcos Baumgart/Kleber Cincea, (2)T1, Toyota Hilux Ima, 03h55min40

2) #301 Lucas Moraes/Kaique Bentivoglio, (1)T1BR, Ford X Rally Ranger, 03h57min27

3) #304 Cristian Baumgart/Beco Andreotti, (1)T1, Toyota Hilux Ima, 03h58min08

4) #312 José Hélio Rodrigues/Lauro Sobreira, (2)OP, Giaffone Racing Buggy V8, 04h02min00

5) #315 Sylvio De Barros/Rafael Capoani, (3)T1, Ford X Rally Ranger, 04h05min22

Classificação Acumulada

Motos

1) #03 Ricardo Martins, (1)MT1, Yamaha WR 450 F, 13h33min56

2) #01 Tunico Maciel, (2)MT1, Honda CRF 450 RX, 13h39min02

3) #11 Júlio Cesar Zavatti, Honda CRF 450 RX, (1)MT2, 13min40min32

4) #04 Jean Azevedo, (3)MT1, Honda CRF 450RX, 13h45min34

5) #05 Tulio Malta, (2)MT2, Yamaha WR 450F, 13h49min00

Carros

1) #303 Marcos Baumgart/Kleber Cincea, (2)T1, Toyota Hilux Ima, 13h07min21

2) #304 Cristian Baumgart/Beco Andreotti, (1)T1, Toyota Hilux Ima, 13h08min29

3) #315 Sylvio De Barros/Rafael Capoani, (3)T1, Ford X Rally Ranger, 13h31min48

4) #301 Lucas Moraes/Kaique Bentivoglio, (1)T1BR, Ford X Rally Ranger, 13h34min59

5) #317 Thiago Rizzo/Léo Magalhães, (1)OP, Giaffone Racing Buggy V8, 13h50min38

UTVs

1) #214 Rodrigo Varela/Gunnar Dums, Can-Am X3 XRS, (2)UT1, 13h25min00    

2) #212 Denisio Casarini/Ivo Renato Mayer, Can-Am X3, (1)UT1, 13h30min21      

3) #206 Rodrigo Luppi/Maykel Justo, (1)UT2, Can-Am X3 XRC, 13h45min17

4) #221 Richard Fliter/André Munhoz, (3)UT1, Can-Am X3, 13h51min13

5) #252 Marcelo Tomasoni/Breno Resende, (1)UOV, Can-Am X3, 13h52min58

O Sertões

Um ano diferente pede um Sertões diferente. O maior rally das Américas se transforma no "Rally da Solidariedade". A 28ª edição da prova traz adaptações relevantes nas suas três dimensões: Esporte, Social e Turismo. A missão este ano é levar acesso à medicina de qualidade e fomento econômico para as comunidades remotas e carentes do Brasil. Este ano a ação social do Sertões está focada em dois pilares: 1. Saúde: a instalação de unidades de teleatendimento médico gratuito de qualidade, projeto inovador desenvolvido pelo SAS Brasil;  2. Legado econômico: Ação coordenada com o Sebrae em apoio à campanha ‘Compre do pequeno’. Aquisição de cestas básicas de pequenos produtores locais que serão distribuídas nas regiões aos que estão sem trabalho e renda, além de todo abastecimento das Bolhas Sertões. O lado competitivo da prova foi adaptado e traz um protocolo de segurança especial com 10 medidas. A caravana ficará isolada em bolhas durante o percurso, em acampamentos fechados. Já a dimensão Turismo, que revela lugares que pouca gente conhece, foi postergada para 2021. 

O roteiro Sertões 2020

O Sertões 2020 saiu da Fazenda Velocitta, em Mogi Guaçu (SP) dia 30/10 e chega em Barreirinhas (MA) dia 07/11. Vai cruzar cinco Estados e o Distrito Federal – SP, MG, DF, GO, TO e MA. Este ano, excepcionalmente, não haverá chegada às cidades anfitriãs. Toda a caravana se fechará em bolhas - locais isolados, afastados de adensamento.  Esses locais serão mantidos sob sigilo, a fim de evitar aglomeração. Os locais exatos das bolhas só serão revelados aos competidores na véspera. Todos seguirão por uma rota pré-estabelecida e monitorada.