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Tecnologia

Foto: Katriel Bernardes Equipe de pesquisadores, coordenada pelo cientista, Raimundo Wagner, desenvolvem projeto inédito no Tocantins Equipe de pesquisadores, coordenada pelo cientista, Raimundo Wagner, desenvolvem projeto inédito no Tocantins

Uma solução ecológica para o combate a mosquitos Aeds aegypt e outros insetos predadores de larvas em áreas de produção agrícola, foi desenvolvida por um cientista tocantinense. O bioinseticida produzido a base de planta Siparuna guianensis (também conhecida como negramina), traz inúmeras vantagens como baixo custo e preservação do meio ambiente e da saúde humana. O estudo faz parte do Programa Pesquisa para o SUS (PPSUS), financiado pelo Ministério da Saúde e tem por gerenciador técnico administrativo o Governo do Tocantins, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Tocantins (Fapt).

Para o presidente da Fapt, Márcio Silveira, o apoio da Fundação foi de suma importância para o desenvolvimento do estudo realizado pelo pesquisador, pois gerou conhecimento inovador que vai trazer muitos benefícios à sociedade. “O investimento em pesquisa científica na área da saúde tem sido uma prioridade pois entendemos que sem recurso financeiro nesse segmento, não há desenvolvimento econômico e social. Desta forma queremos transformar todos esses estudos em políticas públicas e estimular o empreendedorismo”, ressaltou Silveira.

O bioinseticida é produzido em um equipamento denominado biorreator industrial e está situado no Laboratório de biologia molecular da Universidade Federal do Tocantins (UFT) campus de Gurupi, onde é coordenado pelo Professor Doutor em Biologia Molecular, Raimundo Wagner Aguiar que atua na instituição e no desenvolvimento do projeto sobre Formulações de inseticidas biorracionais para controle de mosquitos. O estudo conta ainda com a participação de graduandos, mestrandos e doutorandos.

Para o acadêmico do 9º período de Engenharia de Bioprocesso e Biotecnologia da UFT, Higo Cristian Rodrigues Barros, que atua no laboratório com processo fermentativo, inoculação de bactérias e inseticidas biorracionais, a experiência tem sido valiosa. “O trabalho tem me proporcionado aprendizado e agregado riqueza de conhecimento, favorecido a prática profissional e o aperfeiçoamento diário”, disse estudante.

Uso do bioinseticida 

Segundo o cientista o uso do bioinseticida é uma questão de saúde pública, principalmente nesse período chuvoso onde há grande infestação de doenças ocasionadas pelo Aeds aegypti nos centros urbanos. E o bioinseticida tem sido a maneira de eliminar larvas e classes de mosquitos resistentes causadores da dengue, febre amarela, chikungunya e zika vírus. O estudo já rendeu a publicação de três artigos científicos em parceria com outras instituições.

“O custo-benefício é muito vantajoso a gestão pública. Para se ter uma ideia, o equipamento tem capacidade industrial de 1.200 litros em 72 horas de fermentação, ou seja, uma produção de 9.600 litros de bioinseticida mensal, com um custo de R$ 82,40 (Oitenta e dois reais e quarenta centavos) por litro. O produto é tão eficaz que possibilita uma rentabilidade surpreendente, com apenas uma gota é possível usar em um litro de água. Ou seja, com 1.200 litros, seria possível combater a doença de uma população de 120 mil habitantes de acordo com a infestação predial do mosquito”, explicou o pesquisador Raimundo Wagner.

 Custo-benefício do bioinseticida na agricultura

O biorreator possibilita ainda a produção de mais de seis tipos de bioinseticidas que poderão ser usadas em diferentes fases de culturas agrícolas visando o controle de mosquitos e combate a lagarta, pragas em áreas rurais. A tecnologia pode ser um grande aliado através do uso de drones na pulverização dos plantios. Com 1.200 litros de produto, é possível pulverizar uma área de 1.200 hectares. O bioinseticida está em uso experimental em plantios situados na região sul do Estado, onde tem tido resultados significativos na produtividade, preservação ambiental e da saúde humana.

 Desvantagens do inseticida químico

No projeto científico do pesquisador, consta que o uso do inseticida químico tem sido recorrente em todo o país no controle de insetos e vetores. No entanto o uso prolongado é inadequado e resulta na contaminação desenfreada do meio ambiente, intoxicação, mortes prejuízos a saúde pública. Desta forma se faz necessário esforços que visem a prospecção de produtos e biotecnologias biorracionais, ou seja uso de microrganismos e derivados de produtos extraídos de plantas para controle do mosquito e de populações resistentes a inseticidas.

“A forma mais eficaz de prevenção é o controle do inseto vetor nos centros urbanos” através de estratégias que utilizem formulações larvicidas contendo estirpes novas da bactéria Bacillus thuringiens subsp israelensis (Bti) e/ou de formulações repelentes contendo óleos essenciais de plantas Siparuna guianensIs Aublet (também conhecida como negramina)”, afirmou o pesquisador.

Políticas públicas

A pesquisa está há dez anos em desenvolvimento, devido a participação do pesquisador em três editais do PPSUS/TO/FAPT, onde obteve apoio financeiro para o estudo. Mas a meta do projeto é a popularização do bioinseticida à sociedade, e o grande desafio e a busca por potenciais parceiros para manter o estoque de insumos e manutenção do laboratório.

“Nossa perspectiva é registrar o projeto nos órgãos competentes, firmar parcerias público privada, a fim de beneficiar de forma sustentável o maior número de centros urbanos e de área rurais do Tocantins. É importante que o projeto se transforme em políticas públicas, e o apoio dos órgãos de saúde municipal, estadual e federal contribuirá de forma significativa para o combate ao Aeds aegypt. É interessante ressaltar ainda que a tecnologia desenvolvida no projeto pode ser disponibilizada para incubadora de empresa dos municípios, para pessoas do setor produtivo e ainda para ex aluno que poderão estar produzindo o bioinseticida para o controle do mosquito”, ressaltou o cientista, Raimundo Wagner.

Entenda o Programa PPSUS

É uma iniciativa de descentralização de fomento à pesquisa desenvolvida em todos os Estados. Tem o objetivo de financiar pesquisas em temas prioritários para a saúde da população, além de promover a aproximação dos sistemas de saúde, ciência e tecnologia locais. O foco do programa é adotar um modelo de gestão descentralizado e participativo, envolvendo gestores, profissionais de saúde, pesquisadores e representantes da sociedade civil. O Programa Pesquisa para o SUS (PPSUS) é desenvolvido no Tocantins por meio do apoio do Governo do Estado através da Fundação de Amparo à Pesquisa do Tocantins (Fapt), Ministério da Saúde e CNPq e Secretaria de Estado da Saúde. Já o trabalho do pesquisador é realizar o estudo e produzir resultado para subsidiar a tomada de decisão do gestor de saúde.