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Estado

Para a Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO), as autoridades sanitárias, tanto nacionais, quanto estaduais, têm negligenciado a questão da saúde dos povos quilombolas ao deixá-los de fora dos planos de vacinação contra a covid-19. “Em dezembro de 2020 o Governo brasileiro chegou a publicar no Diário Oficial a inclusão da população quilombola no plano nacional de imunização. Mas, em janeiro quando se iniciou efetivamente a vacinação foi publicado um novo plano nacional de imunização e nele, já não estávamos”, afirmou a coordenadora executiva do COEQTO, Maria Aparecida Sousa,

Para ela, a maioria dos estados – incluindo o Tocantins – têm usado os critérios do Plano Nacional de Vacinação para distribuir e aplicar a vacina. Dessa forma, deixando as comunidades quilombolas de fora de seus planos estaduais.

Alguns estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, incluíram em seus cronogramas o critério quilombola como prioridade de vacinação, mas ainda assim, segundo a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), nem todos os membros das comunidades nesses estados foram vacinados. “No geral, o que temos, são quilombolas imunizadas pelos critérios de idade e atuação na área da Saúde. Isso é uma contextualização”, explicou Maria Aparecida.

Para a coordenadora executiva, no Estado o problema é ainda mais grave. “Com relação ao Tocantins, que muito pouco ou nada tem feito pelas comunidades quilombolas, a ponto de não termos territórios demarcados, deixar a população quilombola fora do plano estadual de imunização revela o grau de importância com que somos tratados pelo Estado. Isso é prejudicial porque o nosso povo está sendo afetado e não temos, junto às autoridades sanitárias, nenhuma forma de monitoramento desses impactos”, justificou.

Prioridade

De acordo com Maria Aparecida, povos e comunidades quilombolas precisam ser considerados grupos prioritários porque, em geral, vivem às margens de quaisquer auxílios prestados pelo Poder Público, especialmente no combate à pandemia.

Ainda segundo ela, essas comunidades estão mais suscetíveis à contaminação pela covid-19 e outras doenças, uma vez que carecem de praticamente todos os serviços de saúde e saneamento. “Muitos dos nossos possuem comorbidades que potencializam a letalidade do vírus, como recomenda a Organização Mundial de Saúde. Temos dificuldade de acesso à água potável para as necessidades básicas, como lavar as mãos com frequência. A Saúde do Estado tem sido noticiada como caótica. Queremos todos os quilombolas imunizados”, concluiu.