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Opinião

O financiamento imobiliário com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos - sem incluir o financiamento com o FGTS - registrou um recorde, com um valor superior a 81 mil unidades financiadas em março deste ano. Quantidade excepcional, considerando que a média mensal de 2020 foi de 35 mil, tendo atingido, em dezembro, um pico de 55 mil. Este volume de financiamento foi beneficiado pelas baixas taxas de juros nas operações de crédito ao setor.

Um conjunto de indicadores vem mostrando o bom desempenho deste segmento.

A evolução do emprego formal na construção civil, com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), foi de 106 mil no final de 2020. Já superou 113 mil em março deste ano, mantendo boas perspectivas para o todo o primeiro semestre. Este é um dos setores que mais emprega no país. Emprega mais do que o agronegócio, que mantém a perspectiva de uma boa performance para este ano. As residências em oferta pela indústria da construção civil estão em declínio. Continua em alta a produção de aço laminado, indicando o vigor desta indústria. O setor participa com 6% do PIB, podendo atingir uma participação superior a esta taxa neste ano. Em abril, utilizando os dados da FGV, foi registrado uma forte e importante reversão nos índices de confiança e de expectativas dos empresários que estavam apresentando valores negativos.

A demanda por produtos do setor continua forte. Os preços dos produtos utilizados pelo segmento continuam em alta. O custo dos insumos, mostrados pelo INCC/FGV, mantém-se elevado. O consumo de cimento continua intenso e o seu preço segue ainda em processo de elevação. O CUB (Custo Unitário Básico), que determina o custo global da obra, obtido através de pesquisa junto aos compradores, que no caso são as construtoras, avança também em alta.

Entretanto, o sucesso deste setor, fazendo que sejam superadas dificuldades como a da elevação no preço dos insumos, deve-se às baixas taxas de juros dos contratos de financiamento. Estas taxas mantêm atraente estas linhas de crédito. É importante que as autoridades monetárias observem este processo, e que mantenham um acompanhamento sobre a dinâmica da taxa de juros que é utilizada como referência para o setor. Estar atento ao desempenho deste setor é relevante para não diminuir o atual desempenho da indústria da construção civil, segmento fundamental para a geração de empregos e para o crescimento do país. O segundo semestre deste ano poderá ser crucial para determinar a realidade desta indústria pelos próximos anos.

*Agostinho Celso Pascalicchio é doutor em Ciências; mestre em Teoria Econômica pela University of Illinois at Urbana-Champaingn/USA. Bacharel em Ciências Econômicas (FEA-USP) e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie nas áreas de economia, economia da energia e engenharia econômica/finanças.