Conexão Tocantins - O Brasil que se encontra aqui é visto pelo mundo
Campo

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

“Bioeconomia do pescado” foi destaque no último dia da 21ª Feira Agrotecnológica do Tocantins – Agrotins. Com a mediação do gerente de Pesca da Seagro Thiago Tardivo, o tema foi abordado pela secretária de Estado da Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), Miyuki Hyashida, e os pesquisadores da Embrapa Pesca e Aquicultura, Roberto Manolio Valladao Flores e Andrea Elena Pizarro Munoz.

Definido como um modelo de produção industrial baseado no uso de recursos biológicos, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a bioeconomia movimenta no mercado mundial 2 trilhões de euros e gera cerca de 22 milhões de empregos. Um exemplo de sucesso de bioeconomia no Brasil é o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), implementado na década de 1970, que visava auxiliar o país no enfrentamento da crise mundial do petróleo. Graças a essa iniciativa, o Brasil é hoje o segundo maior produtor mundial de etanol e o maior exportador mundial.

Na piscicultura, Tardivo citou dados da FAO que atestam que metade do que é consumido no mundo vem da pesca e a outra metade é de aquicultura. Para Andrea Munoz, existe uma série de oportunidades ligadas à bioeconomia e, mais especificamente, à economia do pescado. “Hoje a gente já sabe que existe uma série de limitações, não só por conta do esgotamento dos recursos, mas também por conta das condições climáticas. Estamos vivendo justamente uma fase de limitação bastante drástica por conta do desequilíbrio com o meio ambiente”, destacou.

Segundo a pesquisadora, quando se fala em objetivo sustentável há uma representação gráfica em forma de bolo de noiva, no qual os objetivos relacionados aos recursos naturais estão na base, justamente para mostrar que eles são a base para a sociedade. “Dentro desses objetivos que tratam da biosfera está o Objetivo 14, que se refere aos organismos aquáticos, onde está a aquicultura e a piscicultura”, ressalta ela. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) representam um plano de ação global para eliminar a pobreza extrema e a fome, oferecer educação de qualidade ao longo da vida para todos, proteger o planeta e promover sociedades pacíficas e inclusivas até 2030. O Objetivo 14 da ONU prevê a “conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável”.

'Privilégio de ter a Embrapa no Tocantins' – Para Thiago Tardivo, o Tocantins tem o privilégio de abrigar uma Unidade da Embrapa justamente voltada para a aquicultura. “A Embrapa Pesca e Aquicultura vem desenvolvendo um excelente trabalho ao longo dessa década aqui no estado do Tocantins, com uma gama de pesquisas mostrando a importância de se trabalhar com sustentabilidade. Uma atividade economicamente viável, socialmente justa e ambientalmente correta”, afirma ele. 

Outra tecnologia que foi abordada na ocasião foi a aquaponia, que é uma combinação de produção de organismos aquáticos com hidroponia, que é a técnica de cultivar plantas sem solo.  Roberto Flores listou as vantagens da técnica, que pode reduzir até 90% do uso de água em relação à agricultura tradicional porque é usada a água em recirculação. “Outra vantagem é a produção ser orgânica dos vegetais, porque você não tem necessidade de utilizar produtos químicos, como defensivos agrícolas e adubos, já que tudo está dentro desse ciclo fechado e os peixes oferecem os nutrientes que as plantas precisam. Assim, o preço de venda gera viabilidade para o produtor e tem tudo a ver com esse conceito de bioeconomia que a gente está discutindo hoje”, detalhou o pesquisador. Ele cita estudos da Embrapa que indicam que se o produtor vender os vegetais de aquaponia com um valor 20% maior por serem orgânicos, esse sistema passa a ser mais vantajoso do que a hidroponia.