O jornalista Cláudio Paixão, que trabalha na Secretaria da Educação, Juventude e Esportes (Seduc) é um dos brasileiros que tem o maior acervo histórico sobre a Rádio Nacional da Amazônia. Ele aprendeu a gostar de programas de rádio, quando criança, e essa paixão, foi crescendo ao longo dos anos.
O seu mestrado teve como tema as Radionovelas: o cotidiano da população amazônica nas produções da Rádio Nacional da Amazônia, e lembrou a trajetória das produções de radioteatro desenvolvido pela emissora e a sua influência no cotidiano dos ouvintes. O mestrado foi feito na Universidade Federal do Tocantins (UFT).
A Rádio Nacional da Amazônia criada em 1977, mantém uma programação diversificada, e tem ampla abrangência nas regiões Norte e Nordeste. Cláudio contou uma história que demonstra o nível de audiência no Tocantins. “Em 1988 e 1989, respectivamente, os munícipios de Dueré e Cristalândia vencerem um dos maiores concurso da emissora chamado Cidade contra Cidade. Vencia o concurso o município que mais enviasse cartas para a competição. Na época, de um total de 200 mil cartas que chegava até a emissora, 70 mil, foram enviadas por moradores de Dueré”, comentou.
Esse interesse pela rádio começou quando Cláudio Paixão presenciou suas tias ouvindo os programas de rádio e mantendo uma interação com os locutores, por meio de cartas. “Eu achava isso fantástico e, aí, passei a ouvir os programas da Tia Leninha, e com ela, fiquei sabendo das lendas brasileiras, dos mitos gregos. Na época, a Tia Leninha era muito querida pelo público infantojuvenil, podendo-se comparar ao sucesso que a Xuxa fez com as crianças e adolescentes na TV”, frisou.
Foi quando a Tia Leninha (Helena Ardito Bortone) faleceu em 2008, que Cláudio sentiu um desejo de ouvir um programa dela, como recordação e não teve acesso tão fácil. E aí, a brincadeira que havia começado em 2007, de arquivar, esporadicamente, programas da Rádio Nacional da Amazônia se tornou mais sistematizada. Desde 2010 Cláudio passou a arquivar amostras de todos os programas da emissora e a buscar por gravações mais antigas. E hoje, guarda um rico acervo histórico de radialistas, locutores e apresentadores que passaram pela emissora.
“Hoje disponho de programas catalogados, que a emissora não tem. De 2010, para cá, tenho gravações de pelos menos dois ou três de todos os programas apresentados pela emissora. E como preciosidade, tenho os Contos de Décio Caldeira, programas da Tia Leninha, edições do quadro Concurso Conte o seu Conto, produções levadas ao ar nos primeiros anos da Rádio Nacional da Amazônia. Esse último apresentava contos enviados pelos ouvintes, por meio de cartas e que a produção da emissora, passou a transformá-los em peças de teatro, surgindo aí as primeiras edições dos radioteatro”, explicou.
Em 2018 Cláudio Paixão passou a ser colaborador da Rádio Nacional, no quadro Saudade Nacional, por meio da qual, compartilha histórias dos diversos personagens que fizeram parte da rádio, no seu momento de apogeu.
O jornalista nasceu em Estreito, Maranhão, veio para o Tocantins, em agosto de 2009, para estudar Jornalismo, pela UFT. E daí, em diante, consolidou a sua vida profissional, escrevendo matérias sobre a cultura e as ações realizadas pelo Governo do Tocantins. Atualmente, ele está cursando licenciatura em História, como forma de ampliar o conhecimento acadêmico nessa área.
Prêmio
Cláudio Paixão foi destaque na categoria Radiojornalismo, do Prêmio Sebrae de Jornalismo, em 2014. Ele juntamente com a jornalista Isabel Cristina e o editor Sérgio Saraiva venceram com a reportagem denominada Mulheres se destacam no mercado cada vez mais empreendedoras.
Tia Leninha
Helena Bortone era formada em Letras e Direito, trabalhou na Rádio Nacional da Amazônia por 29 anos. A Tia Leninha iniciou a sua trajetória na rádio, em 1979, e foi responsável por compartilhar milhares de contos e histórias que marcaram as crendices brasileiras e contos internacionais, no programa Encontro com a Tia Leninha, que ficou no ar por 20 anos.