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Cultura

Foto: Divulgação

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Uma das categorias mais importantes e prestigiadas do Oscar é a que premia o Melhor Filme Estrangeiro. Desde 1956, quando a categoria foi criada, a cerimônia homenageia os cinco melhores filmes elencados pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

Ao longo dos 66 anos de existência da categoria, o Brasil conseguiu emplacar cinco filmes indicados, mas nunca venceu nenhum prêmio de uma produção 100% nacional. Neste Oscar de 2022, o Brasil não figura entre os indicados, mas a categoria permanece uma das mais disputadas da cerimônia, que acontece em 27 de março, transmitida na SKY.

Olhando em retrospecto para os últimos anos, selecionamos alguns dos melhores filmes que já venceram a categoria. São produções tradicionalmente menores, mas extremamente audaciosas em sua narrativa e direção, criando cenas e histórias memoráveis com potencial de emocionar profundamente a quem assiste.

Tudo indica que nesse ano, a disputa será intensa, como de costume, mas o favorito segue sendo o japonês Drive My Car, que foi indicado a 4 estatuetas, incluindo a de Melhor Filme.

A Vida dos Outros

O alemão A Vida dos Outros é praticamente um filme perfeito. Para os fãs de História, esse longa inspirado em fatos reais é um verdadeiro prato cheio. Acompanhando o agente secreto de espionagem da Stasi, a polícia secreta da Alemanha Oriental, o espectador conhece a vida de Gerd Wiesler.

Ao conferir uma peça de teatro do conceituado artista pró-partido comunista Georg Dreyman, Wiesler sente que há algo de errado nas entrelinhas da peça e começa a investir seu tempo a implantar escutas no apartamento do artista. Se reportando diretamente ao Ministro da Cultura, o espião se inteira da vida do homem todos os dias.

Porém, com o passar do tempo, ele acaba se afeiçoando ao espionado, tentando protegê-lo de qualquer investida perigosa do governo. Entretanto, sem provas contundentes de que se trata de um traidor da pátria, o esquema de espionagem é desmontado, deixando Wiesler com um vazio existencial. Até que o impossível acontece.

Os Falsários

Esse outro drama histórico, austríaco, também traz uma história quase inacreditável inspirada em fatos. No caso, o longa mostra a história da Operação Bernhard, até hoje conhecida como a maior operação de falsificação monetária já autorizada oficialmente por um governo.

Após ser preso e enviado a um campo de concentração em 1936 na Alemanha Nazista, o falsário Salomon Sorowitsch acaba tendo seu talento descoberto pelos oficiais nazistas que recrutam forçadamente alguns outros golpistas capturados. Sob a tutela do Partido Nazista, Salomon acaba obrigado a usar seus talentos para falsificar dinheiro que será utilizado pelo governo para movimentar sua máquina de guerra.

Depois do despontar da Segunda Guerra e do ápice da crueldade do Terceiro Reich, Salomon encontra uma escolha moral difícil de cumprir: abdicar da sua posição de falsificador e ser morto pelos oficiais ou continuar trabalhando para garantir a sua sobrevivência em detrimento das inúmeras vítimas diárias decorrente dos conflitos da guerra.

O Segredo dos seus Olhos

Este excelente longa argentino serve de inspiração aos cineastas brasileiros para almejar a conquista desse tão sonhado Oscar. Inspirado em Casablanca e diversas histórias de vingança, O Segredo dos seus Olhos traz a vida de Benjamin Esposito, um assessor jurídico que remoe seu fracasso em não conseguir solucionar um chocante assassinato.

Enquanto escreve suas memórias, se lembra dos detalhes do caso e também do seu caso amoroso quase impossível com a sua chefe. Entretanto, ao perceber o tanto que essas histórias lhe incomodam, decide partir novamente na investigação até descobrir uma verdade terrível que mudará completamente o restante de sua vida.

A Separação

Um divórcio sendo mais tenso e de cortar a respiração do que qualquer thriller de ação. Cada olhar, frase e movimento revelando um realismo assustador de se viver mergulhado no meio. Emocionante e não pelas razões boas! O diferencial do longa é tocar no tabu de um divórcio dentro de uma cultura religiosa intolerante com a escolha do casal.


O longa lançou o cineasta iraniano Asghar Farhadi no mercado mundial e desde então o cineasta entrega grandes obras intimistas sobre a sociedade iraniana com uma obra-prima atrás da outra.

A Grande Beleza

Uma carta de amor despirocada à Fellini em uma Itália moderna mergulhada em excessos dos mais variados, físicos e surreais. Difícil, exigente e complicado, o longa é uma das maiores obras de arte da carreira do cineasta Paolo Sorrentino que, por coincidência, também concorre ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro neste ano com A Mão de Deus.

Nele, acompanhamos a vida do jornalista Jep Gambardella, um prestigiado profissional que possui facilidade para acessar as camadas mais altas da elite romana. Em noitadas de subterfúgio para comemorar seus 65 anos, Jep começa a perceber que está cercado por pessoas fúteis e arte vazia, o levando a partir em uma jornada de crescimento pessoal para encontrar a verdadeira beleza em viver. Um ame ou odeie como todo bom filme de Sorrentino!

Roma

Memórias de infância e família sendo entregues nesse sonho contínuo, coberto de melancolia, cicatrizes abertas e também uma rara beleza encontrada no mais profundo íntimo vindos do simples fato de terem existido. A autobiografia do diretor Alfonso Cuarón é um forte concorrente a ser, senão seu melhor filme, pelo menos a coisa mais pura e bela que a Netflix já produziu!

Parasita

Hilário e dramaticamente aterrorizante na mesma medida, a obra-prima do diretor Bong Joon-Ho se consolida como um belo estudo da natureza humana fálica, revelada entre a guerra de classes. Sem soar nunca apelativo ou errôneo em discursos, apenas apresenta pessoas como elas são, em suas falhas em qualidades, ri com elas e sente por elas na sua busca de escalar a escada social.

Druk: Mais uma Rodada

Um bando de professores encontrando inspiração para se viver de novo no lugar mais imprevisível: se alcoolizando mais do que um homem perdido para melhorarem em suas profissões. É ridículo quanto hilário e também perigoso, o que dá pra ter uma ideia do fio da meada por qual esse belo drama de Thomas Vinterberg leva o público. Um filme sobre amizade, vícios, mas acima de tudo, saber amar a vida.