A startup GreenEnergy Soluções Sustentáveis, de Palmas, foi selecionada na primeira edição do Programa de Inovação em Hidrogênio Verde, o iH2Brasil, uma iniciativa pioneira da Aliança Brasil-Alemanha para o Hidrogênio Verde, formada pelas Câmaras de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha de São Paulo e Rio de Janeiro, responsáveis pela realização do programa, que contam ainda com o apoio da Agência de Cooperação Técnica da Alemanha - GIZ (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH) e do Ministério de Minas e Energia (MME), que tem por objetivo fomentar ideias para o desenvolvimento de soluções inovadoras na produção, logística e aplicação que contribuam com a expansão da utilização do H2.
Projeto Selecionado
A GreenEnergy oferece soluções sustentáveis a empresas de saneamento e agroindústrias para transformar lodo de ETE e agroresíduos em combustíveis avançados como diesel verde e hidrogênio, e energia verde. A startup reduz custos operacionais e emissão de CO2, ao invés de dispor em aterros sanitários ou bags. Durante a aceleração no iH2Brasil, vai desenvolver o projeto de implementação de uma unidade piloto de 30kg/h a ser implementada em uma empresa de saneamento ou indústria que tenha ETE e gere lodo para a etapa piloto, para realizar a prova de conceito, que implica em testes operacionais, aperfeiçoamento de equipamento, processo e produto. A GreenEnergy vai ainda aplicar o diesel verde, gasolina verde, bio-óleo verde em gerador de energia elétrica para produção de energia verde in loco na ETE, aplicar o hidrogênio verde produzido em turbinas para produção de energia verde, aplicar o diesel verde e gasolina verde em um automóvel para teste de aplicação, gerar patente de equipamento aperfeiçoado e/ou processo e/ou produto, refinar o modelo de negócio com foco em unidades industriais modulares e inserir a tecnologia no Brasil, Europa e América do Sul.
Programa de Inovação
O programa iH2Brasil consiste na realização de três edições, entre 2022 e 2023, e além das startups, vai reunir ideias inovadoras de entusiastas e de instituições sem fins lucrativos. A primeira chamada, que incluiu o período de inscrições e a avaliação dos projetos-piloto apresentados, foi de 14/03/2022 a 03/06/2022. Na categoria startups, foram inscritos 30 projetos, dos quais oito foram selecionados para o processo de aceleração, que vai até outubro de 2022. Elas têm como objetivo específico alavancar negócios inovadores e promover a inovação aberta por meio do desenvolvimento de projetos-piloto entre startups e empresas já estabelecidas.
Cenário atual
Diante da crescente preocupação mundial para conter as mudanças climáticas e os seus efeitos no planeta, os países vêm firmando compromissos de redução de emissões de CO2. Alinhado a isso, o governo brasileiro, sexto maior emissor de CO2 do mundo, se comprometeu em reduzir suas emissões em 37% até 2025, e em 43% até 2031. Apresentando também metas ambiciosas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 55% até 2050.
Uma das principais formas de evitar o aumento da concentração de CO2 na atmosfera, e seus consequentes efeitos para o planeta e sociedade é por meio do uso de fontes de “energia limpa”, ou seja, que não se utilizam de combustíveis fósseis na sua produção.
O Brasil já possui 83% da sua matriz energética proveniente de energias renováveis, ocupando o primeiro lugar entre os países em produção de energia limpa. Isso se dá, devido às suas características geográficas e climáticas que, também habilitam o potencial do país para se tornar um dos líderes globais em Hidrogênio Verde, uma das principais apostas para a eliminação dos combustíveis fósseis. A energia renovável no Brasil apresenta custos de geração que estão entre os mais competitivos do mundo, indicando esta mesma tendência para o Hidrogênio Verde.
“Olhando especificamente para o ecossistema de PD&I voltado ao Hidrogênio Verde, a situação é incipiente e bastante concentrada no campo da produção, ficando bastante defasada a parte de logística e de aplicação. Fora isso, ainda são poucas as iniciativas voltadas ao apoio de Cleantechs, empresas baseadas em tecnologias limpas, que demandam grande investimento e tempo para seu desenvolvimento”, diz Bruno Vath Zarpellon, diretor de Inovação e Sustentabilidade da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo (AHK SP). “O Programa iH2Brasil vai permitir ao Brasil sair na frente e se tornar referência mundial na utilização de hidrogênio verde para conter os efeitos nocivos das emissões de carbono na atmosfera”, acrescenta Zarpellon.
Principais desafios apresentados às startups
Para a produção de hidrogênio verde:
- Novas formas de produção e rotas tecnológicas;
- Novos modelos de negócio, considerando que a produção pode ser centralizada ou distribuída;
- Melhoria da eficiência em formas de produção já existentes;
- Qualidade de produto (pureza do hidrogênio produzido);
- Diminuição da intermitência das energias renováveis;
- Sistemas de monitoramento de desempenho;
- Redução de custos de produção etc.
Para a logística e distribuição de hidrogênio verde:
- Novas formas de transporte, armazenamento e conversão;
- Melhoria da eficiência das formas de transporte, armazenamento e conversão já existentes;
- Aumento da segurança e controle em todas as etapas da logística;
- Infraestrutura de postos de abastecimento e canais de fornecimento.
Para a aplicação de hidrogênio verde:
- Novas aplicações de hidrogênio;
- Melhoria da eficiência de aplicações já existentes;
- Sistemas de monitoramento de desempenho;
- Integração com outros vetores de energia.
Trilha de aceleração
As startups selecionadas receberão, durante a trilha de aceleração, nove benefícios para que consigam desenvolver seus projetos-piloto.
- Acesso ao mercado e suporte para a realização do projeto-piloto;
- Análise detalhada da startup para customização do processo de aceleração;
- Análise do posicionamento global da tecnologia e/ou solução;
- Intermediação de contato de potenciais empresas para o projeto-piloto;
- Suporte para planejamento e concepção do projeto-piloto por meio de oficinas mediadas por especialistas;
- Assessoria jurídica para mapeamento de potenciais passivos jurídicos da startup e do projeto-piloto, e apresentação de ações de mitigação do risco;
- Suporte para prototipação e PD&I do projeto- piloto;
- Prospecção de mentores em diversas áreas de acordo com as necessidades da startup;
- Apresentação de incentivos, subsídios e fomentos à PD&I nacionais disponíveis para startup e apoio para aplicação de instrumentos apresentados.