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Educação

Lei 13.663/2018 inclui entre as atribuições das escolas medidas de conscientização, prevenção e combate a diversos tipos de violência, como o bullying

Lei 13.663/2018 inclui entre as atribuições das escolas medidas de conscientização, prevenção e combate a diversos tipos de violência, como o bullying Foto: Agência Brasil/Arquivo

Foto: Agência Brasil/Arquivo Lei 13.663/2018 inclui entre as atribuições das escolas medidas de conscientização, prevenção e combate a diversos tipos de violência, como o bullying Lei 13.663/2018 inclui entre as atribuições das escolas medidas de conscientização, prevenção e combate a diversos tipos de violência, como o bullying

A orientação sexual é considerada pela população da região Norte do Brasil como a principal motivação para o bullying. Enquanto na região, 31% consideram a orientação sexual como principal fator motivador, no País, a média dessa constatação é de 24%. Foi a única entre todas as regiões do País em que essa citação ficou acima do patamar de 30%.

Pela percepção da população nortista, a questão da orientação sexual como a mais presente no bullying, supera a questão de cor e raça, que é citada como maior motivo de ocorrências do gênero no restante do País (32% na média nacional, contra 27% registrados entre os entrevistados nortistas).

Essas são algumas das conclusões da 11ª Edição do Observatório Febraban - Pesquisa Febraban-Ipespe Bullying e Cancelamento: Impacto na Vida dos Brasileiros. A pesquisa, realizada entre os dias 21 de maio e 2 de junho, traça um amplo panorama a respeito do grau de conhecimento dos brasileiros sobre bullying e cancelamento no País.

Ainda na região, a expressão “bullying” é de conhecimento de 77% da população. Como situações caracterizadas como “bullying”, foram citadas agressões que visam humilhar ou ridicularizar alguém (78%) e as agressões repetitivas, verbais ou físicas, feitas na intenção de ofender ou ferir a outra pessoa (64%).

Afirmaram terem sido vítimas, visto ou tomado conhecimento sobre pessoas próximas que foram alvo de bullying, 30% das pessoas. Os comportamentos e situações de bullying mais citados foram a propagação de boatos negativos sobre a pessoa ou sua família (74%) e os xingamentos, provocações e humilhações (66%).

A pesquisa revela que 65% afirmam ter a percepção de que as pessoas que sofrem esse tipo de ocorrência preferem ficar caladas; no País, a média dessa constatação é de 62%. Para os entrevistados, as vítimas preferem recorrer às próprias redes sociais em que o cyberbullying ocorreu (25%) ou a pais, responsáveis e familiares (18%).

Entre as razões que fazem as vítimas de bullying ou cyberbullying não denunciarem nem procurarem ajuda, foram citadas a descrença em obter apoio (45%), o medo de retaliação ou a vergonha (ambas com 38%).

Para 62% dos entrevistados, o ambiente escolar (escola ou faculdade) é o local onde o bullying ocorre com mais frequência. O ambiente digital (celular/internet/redes sociais/e-mail) foi lembrado por 27% das pessoas.

Segundo a pesquisa, a principal consequência do bullying e cyberbullying para as vítimas e a sociedade são os problemas psicológicos, como insegurança, ansiedade, distúrbios alimentares, depressão, suicídio (64% das respostas).

Ainda de acordo com o levantamento, a motivação mais comum de quem pratica bullying é a busca de popularidade, com 31% das citações; outros afirmaram que a motivação maior é apenas brincar, sem pensar nas consequências (20%).

A frase relacionada ao bullying que mais alcançou concordância entre os entrevistados foi “se a brincadeira discrimina, humilha ou ridiculariza alguém ou grupo, já não deve mais ser encarada como brincadeira” (83% concordam).

Para 80% dos nortistas, a ocorrência de bullying aumentou muito no Brasil; quanto ao cyberbullying, essa percepção de maior ocorrência é ainda maior (87%). Aqueles que acham que o bullying e cyberbullying são tratados no Brasil de forma insuficiente somam 42%.

Quanto à expectativa sobre a evolução do problema do bullying no País nos próximos cinco anos, 43% acreditam que ela vai melhorar, outros 26% acham que não vai se alterar e 21% apostam que vai piorar.

Foram apontadas entre as ações mais importantes para prevenir e combater o bullying e o cyberbullying entre os jovens as campanhas de conscientização e informação (49%) e o apoio psicológico, educativo e judicial (43%).

Cancelamento

Sobre a cultura de cancelamento, 26% dos entrevistados disseram conhecer a expressão.

Os principais alvos de cancelamento apontados foram qualquer pessoa nas redes sociais (39%); e os famosos e celebridades (36%); 71% acham que as situações de cancelamento aumentaram.

Ao serem perguntados se haviam sido vítimas, viram ou tomaram conhecimento sobre pessoas que foram alvo de cancelamento nas redes sociais, 33% disseram que sim; outros 39% responderam afirmativamente que cancelaram ou conhecem pessoa próxima que tenha cancelado alguém na internet.

A frase relacionada ao cancelamento que mais alcançou concordância entre os entrevistados foi “o cancelamento é uma forma de chamar as pessoas à responsabilidade sobre como se comportam e o que publicam nas redes sociais” (75% concordam).

Para 55% dos entrevistados, as redes sociais e seus canais de denúncia são as responsáveis por prevenir ou coibir a cultura do cancelamento: a sociedade, por meio associações e serviços especializados, recebeu 34% das menções.

Entre os famosos mais citados como “cancelados” nas redes sociais estão Karol Conká (34%) e Arthur Aguiar (7%).

Pesquisa nacional

Na média nacional, 35% dos respondentes disseram já terem sido vítimas ou tomaram conhecimento de pessoas que foram alvo de bullying.

A maioria dos entrevistados (62%) ressalta o silêncio das vítimas, que não denunciariam os agressores por falta de apoio (48%), medo de retaliação (46%) e vergonha (também 46%).

As situações de bullying consideradas mais recorrentes, em pergunta de múltiplas respostas, são principalmente xingamentos, provocações e humilhações (61%). Também foram citados boatos negativos (44%), promoção do isolamento (33%), ameaças, intimidações e chantagem (27%) e perseguição (26%).

Em todas as regiões, como primeira resposta sobre a quem as vítimas costumam recorrer em casos de bullying, destaca-se a procura por familiares e amigos (32%). Em seguida, vêm as delegacias, que somam 28%. As próprias redes onde houve as ocorrências são citadas por 23% do total da amostra.

“O bullying e o cyberbullying tornaram-se um grave problema de saúde pública. Depressão, baixa autoestima e tentativas de suicídio são alguns exemplos de consequências dessas condutas, evidenciando a necessidade de ampliar o esclarecimento e a discussão sobre o tema”, aponta o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do IPESPE. Para ele, esse conhecimento se torna especialmente importante em uma sociedade contemporânea, “mais intolerante e onde a privacidade quase inexiste, mas que, ao mesmo tempo, demanda por mais empatia, ética, responsabilidade e transparência nas relações pessoais e corporativas”.

O Observatório Febraban ouviu 3 mil pessoas em todas as regiões do País, das quais 53% são do sexo feminino. O perfil dos entrevistados tem ainda 43% na faixa dos 25 a 44 anos; ensino médio (41%) e renda familiar de até dois salários-mínimos (48%).