Com a missão de fortalecer a denúncia feita contra Jair Bolsonaro no Tribunal Penal Internacional (TPI), a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) está cumprindo agenda na Europa. Até o dia 18 de novembro, representantes do Departamento Jurídico da Apib participam de eventos nas cidades de Londres, Genebra, Paris e Amsterdã.
“Bolsonaro foi derrotado nas eleições, mas a luta não terminou. Queremos que ele seja responsabilizado por todas as violações cometidas contra os povos indígenas durante os seus quatro anos de mandato. Estamos aqui para dialogar e mostrar para a comunidade internacional a destruição que ele causou”, diz Eloy Terena, coordenador jurídico da Articulação.
Nesta segunda-feira (14/11), Eloy participou da Revisão Periódica Universal (RPU) na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), localizada em Genebra, Suíça.
A sessão avaliou se o Brasil, sob a gestão de Jair Bolsonaro, cumpriu as recomendações que foram feitas ao governo, durante a sabatina realizada pela ONU em 2017. A RPU é um mecanismo desenvolvido pela ONU para avaliar a situação de Direitos Humanos em cada um dos países-membros das Nações Unidas.
“O que nós estamos observando nos últimos anos é um processo intenso de invasão às terras indígenas e o atual governo tem facilitado a presença desses invasores. É importante dizer também que o atual governo não demarcou nenhuma Terra Indígena. Pelo contrário, após a sua posse em 2019 ele devolveu 17 processos que estavam prontos para serem finalizados”, afirmou Eloy durante a RPU.
Ainda na agenda pela Europa, no dia 15, os advogados que representam a Apib terão um encontro com a Comissão Internacional de Juristas e com representantes do programa Médicos Sem Fronteiras. Já no dia 16, participarão de conferências na École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris e entrevista na Rádio França Internacional.
Anteriormente eles participaram de seminários no Transnational Law Institute na King's College de Londres, Inglaterra, nos dias 10 e 11 de novembro.
Denúncia no TPI
No dia 9 de agosto de 2021, data que marca o Dia Internacional dos Povos Indígenas no Brasil, a Apib encaminhou ao TPI uma denúncia contra Bolsonaro por crimes contra a humanidade e genocídio contra os povos indígenas. A ação foi considerada inédita, pois pela primeira vez na história uma organização representativa dos povos originários, com seus advogados indígenas, entrou diretamente com uma comunicação ao Tribunal Penal Internacional para lutar por seus direitos.
A denúncia é composta por relatos de lideranças e organizações indígenas, documentos oficiais, pesquisas acadêmicas e notas técnicas, que comprovam o planejamento e a execução de uma política anti-indígena explícita, sistemática e intencional, encabeçada desde 2019 por Bolsonaro.
A APIB enviou dois novos comunicados atualizando sua denúncia inicial, em dezembro de 2021 e junho de 2022. Nesta última, a Apib informou a negligência do governo de Jair Bolsonaro nas buscas por Bruno Pereira e Dom Phillips, e a barbárie no território Yanomami.