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Notas de Pesar

Foto: Marco Senche/Wilimedia Commons

Foto: Marco Senche/Wilimedia Commons

A cantora Rita Lee, 75 anos, morreu na noite dessa segunda-feira (8). Ela foi diagnosticada com câncer de pulmão em 2021 e desde então tratava a doença. 

A família confirmou o falecimento nas redes sociais da cantora. Ela morreu em sua residência, em São Paulo, na capital paulista. “Cercada de todo amor e de sua família, como sempre desejou”, diz o comunicado da família.

O velório será aberto ao público no Planetário do Parque Ibirapuera, nesta quarta-feira (10), das 10h às 17h. “De acordo com a vontade de Rita, seu corpo será cremado. A cerimônia será particular. Neste momento de profunda tristeza, a família agradece o carinho e o amor de todos”, diz a família.

Rita Lee deixa o marido, Roberto de Carvalho, e três filhos - Beto, de 45 anos; João, de 44; e Antônio, de 42.

Artista 

Filha mais nova de um dentista americano e uma dona de casa de ascendência italiana, Rita Lee Jones de Carvalho nasceu no dia 31 de dezembro de 1947 na capital paulista. Ainda adolescente, deixou a vida sossegada no bairro da Vila Mariana ao ser conquistada por “esse tal do rock and roll”. No fim dos anos 1960, passou a fazer parte do grupo Os Mutantes, ao lado dos irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias.

Rita era fã do rock inglês e norte-americano, mas também acompanhava as tendências musicais brasileiras. Ela era praticamente uma síntese de brasilidade e cosmopolitismo, em uma época que a bossa nova reinava e a guitarra elétrica era mal vista.

De repente, a menina meio americana, ruiva e de sardas, parecia ter tudo a ver com o movimento tropicalista que começava a tomar forma nas mentes de artistas como Caetano Veloso e Gilberto Gil.

“Foi muito forte pra mim aquilo. Finalmente conheci meu lado brasileiro. É isso. É uma mistura de tudo, eu sou uma mistura de tudo. Eu sou mais brasileira do que Pelé... Ou tanto quanto Pelé... Ou tão brasileira quanto o Geraldo Vandré.... A minha cabeça fez nhóoooin…”, disse a artista.

A saída do grupo Os Mutantes, no início dos anos 1970, foi conturbada. “Eu fui expulsa dos Mutantes. Foi triste. Sofri pra xuxu. Aí fiz uma letra. E a gente gravou o disco, tudo, mas eu não conseguia cantar a música”.

“Kiss baby, pena que você não me quis, não me suicidei por um triz, ai de mim que sou assim”, diz a letra de Mutante.

A artista, no entanto, logo voltou a cantar acompanhada pela Banda Tutti Fruti. Nesta época, em plena ditadura, teve canções censuradas e chegou a ser presa, em 1976, quando estava grávida do primeiro filho.

O sucesso absoluto viria na parceria com o marido Roberto de Carvalho. Nos anos 1980, seus álbuns venderam milhões de cópias, com hits eternos como Lança Perfume e Baila ComigoFlagraDoce Vampiro e tantos outros.

Militância

Além da música, Rita se engajou em causas importantes. Nos anos 1990, foi uma das primeiras vozes a se levantar pela preservação da Floresta Amazônica e pelos direitos dos povos indígenas.

“Por favor, vejam o que significa um decreto em favor dos índios. Não é nada paternalista, caridade. É respeito à raça humana. E pensar no futuro. Estamos quase no final do milênio, está na hora de fazer essas coisas”, declarou.

Na última década, Rita Lee foi se afastando aos poucos dos holofotes. O último álbum de estúdio foi lançado em 2012, e o último show foi em 2013, no aniversário de São Paulo. Durante a pandemia, chegou a fazer uma apresentação online com o marido Roberto de Carvalho.

Em 2021, lançou a canção Change, em francês, e também foi homenageada com uma grande exposição no Museu da Imagem e do Som, na capital paulista. Neste mesmo ano, quando foi diagnosticada e começou a tratar um câncer de pulmão, suas aparições foram se tornando ainda mais raras.

A irreverência, sua característica mais marcante, a fez rejeitar o título de Rainha do Rock brasileiro. No fim do ano passado, em entrevista à revista Rolling Stone Brasil, Rita confessou que considerava o apelido cafona. Disse preferir ser conhecida como Padroeira da Liberdade.

Camaleoa, foi muitas e foi única: de Miss Brasil 2000 a Todas as Mulheres do Mundo. Embora nenhum título possa dar conta de Rita Lee, que ela nos permita, hoje, saudá-la rainha. Salve!

As falas da artista que estão nesta matéria foram retiradas de entrevistas que constam do Acervo EBC. (Com informações da Agência Brasil)

Nota de Pesar Universal Music Brasil

Foi com profunda tristeza que a Universal Music Brasil (e todo o país) recebeu, nesta manhã, a notícia do falecimento de Rita Lee, nossa eterna rainha do rock brasileiro.

Nossa ‘padroeira da liberdade’, como ela preferia ser chamada, Rita Lee Jones sai de cena nos deixando um imensurável legado artístico, político, comportamental, afetivo, além de ter inspirado musical e existencialmente inúmeros artistas das novas gerações.

Sempre à frente do tempo, Rita Lee nos revelou em suas músicas, ao longo de seus quase 60 anos de carreira, toda a sua liberdade, irreverência, carisma, criatividade e talento.

“Hoje o país acordou mais triste. Rita Lee, nossa rainha do rock, uma entidade na música brasileira, encerrou seu ciclo de vida. Rita nos deixa um imensurável legado, com sucessos atemporais que certamente ainda serão trilha sonora de muitas gerações. Toda força e carinho para nossos queridos amigos e seus familiares. Descanse em paz, querida Rita Lee”, disse Paulo Lima, presidente da Universal Music Brasil.

Todo o nosso carinho a Roberto de Carvalho, seu  inseparável parceiro de vida e de música, e aos filhos do casal, Beto, João e Antônio.

Viva Rita Lee!