No Hospital Regional de Araguaína (HRA), só neste ano, foram atendidos mais de 370 pacientes com alguma fratura causada por acidentes de trânsito. O médico ortopedista Aloísio Figueiredo, que atende na unidade, conta sobre a experiência traumática em dar notícias duras aos pacientes. Ele é o primeiro entrevistado da série realizada pela Prefeitura de Araguaína com o tema “No trânsito, escolha a vida”, da Campanha Maio Amarelo, que tem como objetivo desenvolver a conscientização dos condutores e reduzir os acidentes.
Com uma experiência de 25 anos na ortopedia, o médico atua há seis meses no HRA e o amor pela profissão é o que tem ajudado a superar a parte dos diagnósticos e de cirurgias dolorosas de serem enfrentadas. “Aqui tem muitos casos de amputação por causa de acidentes, o que é traumatizante. Amputações dos membros superiores e inferiores, situações que eu já não via lá em Minas, onde morava, com a mesma frequência que vejo aqui”, contou.
Os mais vulneráveis no trânsito
A maioria dos atendimentos no centro cirúrgico do HRA está associada aos motociclistas que ficam mais expostos no trânsito. “70% dos pacientes que eu atendo sofreram acidente de moto, com fratura exposta e infecções. Essa demanda é ainda maior nos fins de semana ou feriado, e muitas vezes está relacionado ao consumo de bebida alcoólica”, afirmou Figueiredo.
A recuperação
Após a cirurgia, o médico contou que ainda carrega outra preocupação consigo: o pós-operatório, que está associado ao repouso, alimentação e sessões de fisioterapia. “Outra dificuldade aqui é que fazemos a cirurgia e ficamos preocupados se o paciente irá cooperar, o que interfere até na escolha do material que colocamos”.
“Além de ter aqueles pacientes que tiveram um acidente grave e não aprende, está com o fixador em uma perna e antes de sarar acaba adquirindo uma nova fratura na outra”, complementou Aloísio.
Sequelas para a vida toda
Conforme o profissional, período de recuperação óssea varia entre 4 e 6 meses e não seguir as orientações repassadas pelo médico pode trazer sequelas como: atrofia, deformidade, encurtamento dos membros, rigidez articular e até o desenvolvimento de infecções graves que podem levar às amputações.
Cuidado que faz a diferença
O Comitê Intersetorial de Gestão de Dados do Programa Vida no Trânsito de Araguaína registrou 51 mortes nas vias urbanas, rurais e rodovias estaduais e federais dentro do perímetro urbano, em 2022. Os dados mostram que 67% das vítimas são do sexo masculino e 70% foram motociclistas. A faixa etária dos 18 aos 25 anos é a mais fatal, com 15 mortes, seguida da faixa dos 26 aos 30 anos, com 13 óbitos.
Conforme o CTB (Código de Trânsito Brasileiro), dentre as principais orientações para preservar a vida é necessário ter atenção, respeitar as sinalizações de trânsito, obedecer ao limite máximo de velocidade, praticar a direção defensiva e não conduzir o veículo após o consumo de bebida alcoólica.
No caso dos motociclistas, o ortopedista também faz uma orientação sobre a importância das vestimentas para prevenir o impacto das lesões. “Nunca entendi o porquê dos motociclistas pilotarem descalços, sendo que a maioria dos acidentes de moto as pernas e pés são os membros mais atingidos. O uso de materiais de segurança como boa bota, uma boa calça e uma joelheira podem fazer a diferença”.