Com 3 mil vagas de emprego disponíveis em todo o Tocantins, as cotas para o socioeducativo são uma importante ferramenta de inclusão social do Programa Jovem Trabalhador. Os jovens entre 16 e 21 anos que estejam em cumprimento de medidas restritivas de direito e liberdade ou pedidos judiciais ou sejam egressos do sistema terão uma cota de 5% na contratação. Para isso, o programa contará com a parceria do Ministério Público do Tocantins (MPTO) que irá encaminhar uma lista com os nomes e telefones dos jovens aptos a se inscrever.
O programa Jovem Trabalhador é desenvolvido pelo Governo do Tocantins, através da Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social e conta com a parceria da Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração (Renapsi) para a execução. As inscrições podem ser feitas através do site jovemtrabalhadorto.org.br.
Em visita à sede da Renapsi, o promotor de Justiça Sidney Fiori Júnior, coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias da Infância, Juventude e Educação (Caopije), explicou que os especialistas da área veem a aprendizagem como uma grande oportunidade para esses jovens.
“Principalmente esses vulneráveis que de alguma maneira estão se perdendo, estão praticando atos infracionais, estão cumprindo medidas socioeducativas. (O Programa) dá uma chance de eles mudarem esse viés, mudarem a forma de ver o mundo, a forma de encarar os problemas e dar uma oportunidade de realmente aprender uma nova atividade e quem sabe sair desse mundo da criminalidade, encontrar novas fronteiras, novos desafios de vida. E isso é comprovado que dá certo e que de fato é um ótimo caminho a ser seguido”, afirmou.
Segundo o promotor, a influência negativa que alguns jovens sofrem em seu meio social pode ser transformada com o acesso ao mercado de trabalho, que substitui referências ruins em meios de violência e flagelo social, por modelos positivos de liderança no ambiente laboral.
“Principalmente quem mora em locais de violência, esses meninos acabam vendo nos grandes traficantes, criminosos, como se fossem grandes líderes. Quando se consegue a inserção desses jovens no mercado de trabalho isso pode de fato causar na vida desses jovens um grande impacto na medida em que eles começam a ver o lado de lá, o lado dos trabalhadores, o lado das pessoas que saem para trabalhar, que sua muita camisa mesmo para conseguir o pão de cada dia. São novos olhares, novos líderes, novas referências de vida”, destacou.
A inserção dos jovens do sistema socioeducativo no mercado de trabalho já é uma realidade no Tocantins e será potencializada pelo Programa Jovem Trabalhador, com a atuação nos 139 municípios e as três mil vagas previstas. Com isso, o promotor destaca que já foi possível observar transformações em virtude do acesso ao mercado de trabalho.
“Essas observações de fato já aconteceram aqui no Tocantins, com adolescentes do sistema socioeducativo que conseguiram seu primeiro emprego e de fato saíram dessa criminalidade, saíram dessa vida e conseguiram se engajar. Ter carteira assinada e ganhar um salário digno, honesto, realmente mudou a vida dessas pessoas. Por isso que o Ministério Público apoia tanto e está sempre tentando articular o sistema socioeducativo, os meninos dos acolhimentos, esses grupos mais vulneráveis, tentando dar a eles a oportunidade do primeiro emprego”, pontuou.
O Programa Jovem Trabalhador está com inscrições abertas e para participar é necessário ter entre 16 e 21 anos, ter renda familiar de até dois salários mínimos nacional ou meio salário mínimo per capita, ou inscrição no CadÚnico. É preciso ainda que o jovem estejam cursando o ensino fundamental ou médio (ou já ter concluído o ensino médio) e ser ou ter sido estudante da rede pública ou bolsista 100% de rede particular.