O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega na tarde desse domingo, 16, a Bruxelas, na Bélgica, para a terceira reunião de cúpula entre a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia. O encontro, o primeiro entre os dois blocos desde 2015, vai tratar de diversos temas de interesse internacional. Em paralelo, o presidente brasileiro terá diversos outros compromissos.
"Essa reunião é importante para dar um novo impulso às relações bilaterais, num contexto de tensões geopolíticas, com aumento da pobreza e da fome”, disse Gisela Padovan, secretária de América Latina do Ministério das Relações Exteriores.
Entre os principais temas que serão abordados estão o combate à fome, os desafios ambientais, a reforma do sistema financeiro internacional, o combate às mudanças climáticas, a transição energética, o enfrentamento ao crime organizado transnacional e o desenvolvimento sustentável nas dimensões econômica, social e ambiental.
Durante briefing para a imprensa, nessa quinta-feira, 13, no Palácio Itamaraty, a secretária de América Latina do Ministério das Relações Exteriores, embaixadora Gisela Padovan, a secretária de Europa e América do Norte, embaixadora Maria Luísa Escorel, e o diretor do Departamento de Política Econômica, Financeira e de Serviços, embaixador Philip Fox-Drummond Gough, explicaram os objetivos do Brasil no evento.
“Essa reunião é importante para dar um novo impulso às relações bilaterais, num contexto de tensões geopolíticas, com aumento da pobreza e da fome”, afirmou Gisela Padovan. “Ontem saiu um relatório da ONU mostrando que quase 800 milhões de pessoas no mundo enfrentaram situações de fome. Diante disso e num contexto de desafios ambientais, é muito importante as duas regiões trabalharem em prol de uma agenda comum”, completou a embaixadora.
Agenda cheia
Na segunda-feira pela manhã, Lula participará da abertura do Fórum Empresarial Celac-União Europeia e, à tarde, da sessão de abertura da cúpula dos dois blocos. Na terça, está previsto um café da manhã com líderes progressistas latino-americanos e europeus e, mais tarde, a plenária da cúpula, junto com um almoço de trabalho dos participantes. Também está prevista na terça uma coletiva de imprensa do presidente Lula para resumir sua participação nos eventos.
Bilaterais
O governo brasileiro recebeu diversos pedidos para encontros bilaterais. O presidente Lula terá uma reunião com os chefes de Estado e governo da Bélgica, o rei Filipe e o primeiro-ministro Alexander de Croo. Também estão previstos encontros com o chefe de governo da Áustria, Karl Nehammer, com o primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristenssen, e com a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley.
Estão confirmadas, ainda, reuniões com a presidenta da Comissão Europeia, Ursula van der Leyen, com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e com a presidenta do Parlamento Europeu, Roberta Metsola.
“Houve uma profusão de pedidos de bilaterais, tanto com o presidente quanto com o ministro Mauro Vieira”, relatou a embaixadora Maria Luísa Escorel. “Estamos animados com essa participação depois de tantos anos. A Celac e a União Europeia têm muitas afinidades em termos de valores, de objetivos, de interesses, de cooperação na área ambiental, transição energética, saúde, defesa, uma série de áreas”.
Mercosul e União Europeia
Na questão sobre as negociações por um acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, o embaixador Philip Fox-Drummond Gough aproveitou para explicar que o governo brasileiro deve apresentar, em breve, uma proposta de resposta ao aditivo feito pelos europeus em março, nas áreas de preservação ambiental e compras governamentais.
Antes de ser analisado pelo bloco europeu, no entanto, o texto terá de ser analisado pelos parceiros do Brasil no Mercosul, os governos de Argentina, Paraguai e Uruguai. “Enviaremos ao Mercosul em um curto prazo o trabalho técnico. A próxima fase será a discussão dentro do bloco, imediatamente após a entrega do documento. Nossa expectativa é de que em algumas semanas a gente possa passar o texto para o lado europeu e depois prevemos um processo de discussões intenso”, explicou o diplomata.