Acontece até o dia 15 de agosto, em Belém/PA, a Mostra Pan-Amazônica de Cinema, que reúne obras de produtores audiovisuais da região. A programação é realizada em paralelo aos Diálogos Amazônicos e a Cúpula da Amazônia, que reunirá líderes de diversos países da América do Sul, um evento de alcance internacional. Dois filmes tocantinenses integram a lista de produções exibidas: “Araguaia Para Sempre” (2014), do diretor Hélio Brito, e “O Comedy Club” (2022), do diretor André Araújo.
“É nosso primeiro filme a romper as fronteiras estaduais. Cada novo estado que exibe o filme é um novo passo adiante no nosso amadurecimento numa área crucial do audiovisual: a distribuição. A importância do evento nos enche de orgulho, principalmente porque estamos muito bem acompanhados de grandes obras da região amazônica”, diz André Araújo, produtor, roteirista e diretor goiano, radicado no Tocantins, onde atua desde 2002.
O diretor teve a obra “O Comedy Club” escolhida para integrar a mostra. O longa-metragem é uma produção cômica que conta a história de Daniel, um jovem tocantinense que vai a São Paulo para tentar a vida como garçom e acaba descobrindo uma vocação para a comédia, que será muito útil quando se vê obrigado a retornar à cidade natal, devido ao adoecimento de sua mãe. Junto a figuras engraçadas de seu município, o rapaz forma um clube de stand up comedy que não agradará a todos, especialmente ao prefeito, um dos alvos favoritos das piadas da trupe recém-formada.
Outra produção selecionada foi o documentário “Araguaia Para Sempre” (2014), rodado nas cidades de Conceição do Araguaia (PA), Araguacema (TO), Pau D´Arco (TO), e Aruanã (GO). Segundo o diretor, Hélio Brito, natural do município de Porto Nacional, a ideia para criação do filme veio a partir de um estudo que afirmava que o Rio Araguaia poderia morrer dentro de 40 anos. A produção chama atenção para a morte lenta de um dos principais rios da região.
Sobre ter um de seus trabalhos representando o Estado em uma mostra com alcance internacional, o diretor conta que esse é um reconhecimento da produção audiovisual feita no Tocantins.
“Temos um Cinema que cresce a cada dia, com projetos ambiciosos, de técnica e estética apuradas. Acho que o Brasil ainda ouvirá falar muito do nosso Cinema. Temos pessoas novas dando seus primeiros passos nessa área e temos um grupo mais maduro que felizmente foi alcançado por esse “boom” do Audiovisual brasileiro, que tem ocorrido nos últimos anos, graças às leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo”, explica.
A Mostra
Segundo informações da Secretaria da Cultura do Pará (Secult – PA), 25 filmes foram selecionados para a Mostra Pan-Amazônica, entre longas e curtas-metragens. Com curadoria de Indaiá Freire, Augusto Pacheco e Zienhe Castro, a mostra traz filmes produzidos no Brasil, nos estados do Pará, Acre, Tocantins, Mato Grosso, Amapá, Rondônia, Roraima, Maranhão e Amazônia. Também integram a lista produções dos países vizinhos Peru, Colômbia e Equador.
A mostra acontece no Auditório Eneida de Moraes, no Centro Cultural Palacete Faciola, com entrada franca, e as exibições iniciam-se sempre às 19h, em uma realização do Consórcio Interestadual Amazônia Legal e do Governo do Pará.
Perfil dos diretores
Nascido em Goiânia e radicado no Tocantins desde 2022, André Araújo começou carreira na edição de curtas-metragens na segunda metade dos anos 1990, com produções experimentais em São Paulo (SP). Em Palmas, trabalhou em mais de 30 curtas-metragens, de diferentes diretores, e assumindo diversas funções. Na capital do Estado também coordenou o Chico – Festival de Cinema e Vídeo de Palmas, entre os anos de 2007 e 2009. É fundador da produtora SuperOito, criada em 2011 e dirigiu e roteirizou diversos filmes, como “Palmas, eu gosto de tu”, “Kitnet – O Filme”, “Gente Extraordinária”, “Labirinto de Papel”, “Ouça-me”, entre outros.
Natural de Porto Nacional, Hélio Brito passou a infância e juventude entre Gurupi e Goiânia, voltando ao Tocantins nos anos 1990. Entre 1982 e 2022 produziu e dirigiu 17 obras audiovisuais de curta e média metragem, nos gêneros de documentário e ficção. Na produção de documentários, prefere abordar temas históricos, sociais e ambientais, já na ficção gosta de temas que flertam com uma linguagem surrealista. Em 2023 concluiu a série intitulada “Bernardo Sayão e a Estrada Para Belém”, que será exibida em redes públicas de TV do Brasil, através da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC). Atualmente tem trabalhado na produção de um longa-metragem intitulado “Águas Passadas, o Rio como Testemunha”, fruto da Chamada Pública BRDE/FSA – Cinema – Novos Realizadores 2022, da Agência Nacional do Cinema (Ancine). O documentário “Araguaia Para Sempre” e outros trabalhos podem ser assistidos pelo Youtube.