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Opinião

Foto: Divulgação

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No palco da CPI das Pirâmides Financeiras, em um dia marcante, no último 16 de agosto, os líderes proeminentes da MSK Invest estavam no centro das atenções. O que se viu foi uma estratégia de defesa audaciosa e, ao mesmo tempo, perplexa: atribuir a um único funcionário a responsabilidade pelo calote de R$ 400 milhões que abalou 3,5 mil investidores. Saulo Roque, trader da MSK Invest, foi apontado como o suposto responsável por ter desviado todas as criptomoedas da empresa.

O fundador da MSK Invest, Glaidson Tadeu Rosa, em sua declaração diante da comissão, afirmou que Saulo Roque era o culpado pelo desvio colossal de R$ 400 milhões em criptomoedas. Tais alegações jogaram uma nuvem de incerteza sobre as atividades da MSK Invest, especialmente após a suspensão dos pagamentos aos clientes no final de 2021, o que levantou suspeitas sobre sua legitimidade e deu espaço para questionamentos sobre a existência de uma pirâmide financeira.

No entanto, a complexidade da situação ganha proporções ainda maiores quando mergulhamos nas conexões de Saulo Roque. Ele não é apenas uma figura central na MSK Invest, mas também emerge como o principal ator nos bastidores da STM Operações, uma empresa baseada em Embu das Artes, na Grande São Paulo. De maneira surpreendente, Saulo Roque, ligado ao caso da MSK Invest, também é revelado como o elo fundamental por trás da STM. Essa conexão lança luz sobre uma escolha que beira o inusitado: a MSK Invest optou por contratar alguém com um histórico suspeito para gerir os recursos de seus clientes.

Essa narrativa obscura adquire ainda mais complexidade quando observamos que Saulo Roque, sempre relacionado a esquemas duvidosos, emerge como protagonista em uma operação chamada STM Operações, que prometia lucros excepcionais de até 31% por mês. Em meio a essa trama intrincada, surge uma pergunta de peso: por que a MSK Invest, ciente das suspeitas que rondam Saulo Roque, tomaria a decisão arriscada de colocá-lo no comando dos recursos dos clientes? Essa contratação lança dúvidas profundas sobre as práticas de conformidade e due diligence da empresa, revelando uma negligência perturbadora ou até mesmo motivos ocultos por trás dessa escolha.

Em meio ao turbilhão de incertezas da CPI das Pirâmides Financeiras, a figura de especialistas emerge como uma necessidade inegável. Estive presente na sessão da CPI e pude compartilhar informações cruciais com os deputados. Com experiência na defesa de investidores vítimas de golpes, consegui contribuir de forma incisiva na compreensão dos deputados sobre o intricado mundo das fraudes financeiras. Com especialização na área, não apenas represento as vítimas da MSK, mas também consegui fornecer informações cruciais e que foram peças-chaves sobre as alegações de desvio de criptomoedas e as conexões misteriosas que envolvem Saulo Roque e a STM Operações.

Enquanto as investigações avançam, a importância da experiência de especialistas não pode ser subestimada. Narrativas complexas e tramas sombrias demandam uma abordagem rigorosa e informada para que a verdade venha à tona e a justiça seja feita. O papel desses especialistas é vital para desvendar as teias de mentiras que obscurecem a realidade e para garantir que as vítimas recebam as respostas e o esclarecimento que merecem. A luta continua, pois as batalhas contra esses esquemas precisam de longas investigações a atuação das autoridades. Os holofotes da CPI das Pirâmides Financeiras sobre estes casos são fundamentais para esmiuçar os crimes e buscar alternativas críveis para o ressarcimento das vítimas.

*Jorge Calazans é advogado criminalista, sócio do escritório Calazans e Vieira Dias Advogados e especialista na defesa de investidores vítimas de fraudes financeiras