O fenômeno “sorgo”, uma das culturas que mais avançou no Brasil na safra 22/23, pode se repetir com intensidade ainda maior na safra 23/24. Segundo analistas, tudo vai depender da variação de diversos fatores, como clima, preço, controle de pragas e tecnologia. Em seu último boletim de levantamento da safra 2022/2023, divulgado em agosto, a Conab fez um comparativo com a safra anterior (21/22) e constatou que a área plantada com sorgo granífero cresceu 24,5% (1.130,4 mil ha para 1.407,7 mil ha) enquanto a produtividade avançou 18,8% (2.760 kg/ha para 3.279 kg/ha). Isso turbinou o incrível avanço de 47,2% na produção do cereal em apenas um ano (3,12 para 4,61 milhões de toneladas).
Para Willian Sawa, diretor-executivo da Latina Seeds e um dos idealizadores do Movimento + Sorgo, a opção entre um cereal ou outro vem levando em conta, sobretudo, o contexto da janela de cultivo em segunda safra no Brasil Central: “O aumento significativo da área plantada com sorgo, que geralmente suporta melhor um estresse hídrico, pode ser explicado em boa parte por um crescente risco climático em se cultivar o milho segunda-safra após uma determinada data e a alta pressão de praga, sobretudo da cigarrinha.”
Para ele, a elevação da produtividade do sorgo é reflexo de mais investimentos em pesquisa e melhoramento, além da preocupação do produtor em adotar nível maior de tecnologia no cultivo e manejo da cultura. Este alinhamento pode colaborar, segundo Sawa, para aumentar a aposta no cereal no próximo ciclo, principalmente se as condições de mercado assim sinalizarem: “Caso a cotação do milho continue com pressão de baixa, o produtor vai fazer as contas antes de tomar uma decisão. Nesse momento, a opção pelo sorgo pode crescer ainda mais. No entanto, é fundamental compreender que não se trata de uma escolha pelo melhor ou pior, e sim uma avaliação das condições para melhor retorno ao investimento. Tanto é que algumas propriedades cultivam os dois cereais”.
Situação
O boletim da Conab avaliou a situação das lavouras de sorgo em alguns dos principais estados produtores. No que se refere a Goiás, por exemplo, considera que “a pressão de insetos nesta safra foi menor que em safras anteriores. As chuvas, de um modo geral, contribuíram para os bons resultados da cultura”.
Em um retrato do sorgo em meados de julho, em Mato Grosso do Sul, a Conab descartava impacto negativo do período seco sobre as áreas cultivadas: “... A atual restrição hídrica não é considerada prejudicial devido à rusticidade do cultivo. A produtividade das primeiras lavouras colhidas surpreendeu e indicará elevação da média estadual final”. Em relação a Mato Grosso, isso não foi diferente: “O tempo seco possibilitou a maturação integral dos grãos do sorgo ainda a campo, atingindo o ponto de umidade ideal para a colheita”.