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Literatura

Hermes Leal é produtor, roteirista e diretor de séries de TV e de longas documentais.

Hermes Leal é produtor, roteirista e diretor de séries de TV e de longas documentais. Foto: Divulgação

Foto: Divulgação Hermes Leal é produtor, roteirista e diretor de séries de TV e de longas documentais. Hermes Leal é produtor, roteirista e diretor de séries de TV e de longas documentais.

O tocantinense Hermes Leal é autor do livro “O Sentido das Paixões – Teoria Semiótica da Narrativa e da Ficção” que, de forma inédita, expõe as estruturas narrativas e a densidade dos personagens que fizeram as grandes obras do cinema e da literatura. A obra está sendo lançada pela Zagodoni Editora. 

Através da aplicação da Semiótica das Paixões – lançada na França em 1992 por A. J. Greimas, e ensinada atualmente nas grandes universidades do mundo inteiro –, o livro oferece uma nova teoria para entender e seguir a estética e os personagens das principais obras de ficção da humanidade; de Fellini, Bergman, Trufautt e Godard a Camus, Poe, Proust, Baudelaire, Sartre e Peter Handke. E, no Brasil, no cinema de Walter Salles e Kleber Mendonça Filho.

Essa nova e complexa teoria está à disposição de roteiristas, cineastas e escritores, com um modelo de desenvolvimento de escrita advindo de estudos científicos com séculos de estudos, e não mais de teorias de manuais, mas que segue os mesmos padrões já existentes, com estruturas em atos e pontos de virada. Assim como desenvolve uma construção de personagens a partir de suas ações, mas também de seus sentimentos, paixões e emoções.

“O Sentido das Paixões”, já traduzido para francês e sendo preparado para ser lançado em inglês e coreano, faz uma abordagem inédita na construção visível e invisível da narrativa e dos personagens, demonstrando, através de grandes obras, como foram construídas as camadas internas de seus personagens, se aprofundando em seus dramas pessoais através de suas paixões e sentimentos, aspectos estes que tornam as obras globalizadas, e não somente os seus temas.

A nova teoria da narrativa e dos personagens é aplicada em todo tipo de obra, como está demonstrada nos filmes “Roma”, “Drive my Car”, “Coringa”, “Parasita”, “Bacurau”, “A Doce Vida”, “A Pior Pessoa do Mundo”, e nas séries “Game of Thrones”, “Big Little Lies”, “Westworld”, “The Morning Show”, “Fleabag” e “Mare of Easttown”. Em todas elas são exemplificados, com muita clareza, os arcos, os pontos de virada e a densidade de seus personagens.

Trata-se de uma obra fundamental para roteiristas e cineastas desenvolverem obras dramáticas, adequando corretamente o sentimento de seus personagens a partir de suas imperfeições e de seus “estados de alma”. Segundo o autor Hermes Leal, que tem mais de três décadas de estudos nesta nova ciência, esta “é uma teoria que deve ajudar muito neste ponto da nossa dramaturgia, porque o brasileiro tem dificuldade em entender as emoções nas obras e, por isso, se torna mais difícil escreve-las. É uma ferramenta para aquilo que fazemos somente pela intuição”.

O livro explica como as paixões foram fundamentais para a existência de grandes obras, e como a aplicação correta dos efeitos da paixão da “melancolia” foi determinante para a construção profunda de personagens e para a estética sensível de filmes como “Jules e Jim”, de François Truffaut, “A Doce Vida” e “Oito e Meio”, de Fellini, “Morango Silvestres”, de Bergman, “Acossado”, de Godard, e “O Som ao Redor”, de Kleber Mendonça.

O estudo revela, ainda, e assim torna o invisível visível, como essas afecções invisíveis são usadas como elemento sensível nos grandes personagens de forma intuitiva por seus autores, e que, por serem difíceis de detectar, vem transformando filmes e livros em grandes obras. Sendo a “culpa” e a “melancolia”, com seus efeitos na estética afetando os personagens e a estrutura das obras, que as tornaram grandes clássicos da ficção.

A Semiótica Greimasiana

A teoria contida em “O Sentido das Paixões – Teoria Semiótica da Narrativa e da Ficção” é advinda da semiótica de Algirdas Julien Greimas (1917-1992), que fez parte do grupo da narratologia, ao lado de Umberto Eco e Roland Barthes, até desenvolver, no final dos anos 1980, na França, uma nova semiótica que leva seu nome, e que foi festejada como a nova ciência para o século XXI. É autor de obras fundamentais como “Semiótica das Paixões” e “Da Imperfeição”.

Segundo o sociólogo François Dosse, “para além de todas as diferenças, Claude Lévi-Strauss, Algirdas Julien Greimas e Jacques Lacan constituem, em meados da década de 60, o trio do estruturalismo mais cientista, mais radicalmente voltado para a pesquisa de uma estrutura profunda, escondida, oculta, quer se trate dos âmbitos mentais, como estrutura das estruturas para Lévi-Strauss, do quadrado semiótico para Greimas ou da estrutura a-esférica do sujeito de Lacan. São três pilares do pensamento formal em seu apogeu. Participam de uma só aventura, aquela que se propõe o objetivo de instalar as ciências humanas na cidade das ciências com a mesma base das ciências da natureza". 

O autor

PhD em Narrativa de Ficção, Hermes Leal, natural de Araguaína-TO, é escritor, com oito livros publicados, explorador e documentarista. É jornalista, formado na UFG, mestre em Cinema, com especialização em Roteiro pela ECA/USP, e doutor em Letras, com especialização em Linguística e Semiótica das Paixões pela FFLCH/USP.

O autor se especializou em teoria da narrativa após três décadas de pesquisas em ficção e teve seus estudos publicados pela editora Perspectiva, em 2017, na famosa Coleção Estudos, com o título “As Paixões na Narrativa – A Construção do Roteiro de Cinema”, na mesma coleção em que foram lançados, no Brasil, os maiores pensadores do mundo, como Gilles Deleuze e Michel Foucault.

É autor do romance “Antes que o Sonho Acabe” (Geração Editorial, 2016), sobre um jovem em fuga da Amazônia em épocas sombrias da Guerra Fria, que será filmado com direção do premiado cineasta Lírio Ferreira e distribuição da O2 Play, e da primeira biografia do aventureiro que inspirou o Indiana Jones, “O Enigma do Coronel Fawcett” (Geração Editorial, 4ª edição, 2008), sobre o inglês caçador de cidades perdidas no Brasil.

É produtor, roteirista e diretor de importantes séries de TV e de longas documentais.