O Tocantins conseguiu aprovação para o primeiro Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) que contará com recursos provenientes da Fundação de Amparo à Pesquisa do Tocantins (Fapt), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e o CNPq anunciaram a criação do INCT em Ecotoxicologia Terrestre.
Sediado na UFT/Campus de Gurupi, além de ser o primeiro INCT do Estado, será o primeiro do Brasil com essa temática e irá estudar os impactos dos agrotóxicos no solo e os potenciais efeitos adversos na saúde humana.
O presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Tocantins (Fapt), Márcio Antônio da Silveira, expressou entusiasmo pela implementação e destacou a relevância do feito. “Com a implantação do INCT o Tocantins passa a ser referência nessa área de estudo, já que é o primeiro do Brasil em ecotoxicologia terrestre, o primeiro a estudar a influência dos agrotóxicos nas doenças degenerativas. Esperamos que tenhamos sucesso na execução dessa proposta, que é muito importante para o Brasil, já que a compreensão dos fatores sobre o uso de agrotóxicos pode impactar positivamente não apenas na saúde do solo e da população, como também numa melhor produtividade”, pontuou.
O presidente da Fapt enalteceu ainda o feito da comunidade científica e afirmou o compromisso do Governo em investir na CT&I, para a implantação do INCT o Estado investe mais de R$ 2 milhões. “É uma inspiração para que nós possamos avançar no desenvolvimento científico e tecnológico do Tocantins e criar outros institutos nacionais. É importante dizer que você reunir 22 pesquisadores, 14 instituições na região norte, é um esforço sobre humano, e isso significa que a nossa comunidade científica tem feito um esforço muito maior do que o restante do Brasil, fazendo muito com pouco. O INCT Ecotoxicologia Terrestre vai ser muito importante para o desenvolvimento de políticas públicas, sobretudo na questão do agronegócio, do meio ambiente e da sustentabilidade”.
Para o coordenador do INCT, Prof. doutor Renato A. Sarmento, a importância da criação do mesmo não se limita somente às pesquisas que serão realizadas, mas irá colocar o Estado em um novo patamar em termos de capacidade científica. “Isso mostra ao Brasil e ao mundo que aqui no Tocantins temos infraestrutura e recursos humanos capazes de desenvolver pesquisas que possam resolver grandes problemas mundiais. Isso abre caminho para a nucleação de novos grupos de excelência no Tocantins, bem como a criação de novos INCTs”, destacou.
INCT em Ecotoxicologia Terrestre
A proteção da biodiversidade do solo tem sido uma preocupação de cunho econômico e ambiental em todo o mundo. A partir de 2008, o mercado brasileiro atingiu o primeiro lugar em consumo de agrotóxicos no ranking mundial. O uso indiscriminado desses agrotóxicos tem despertado crescente preocupação, entre elas a possível correlação entre a exposição a essas substâncias e o aumento dos casos de autismo, síndrome de Down, assim como o crescimento de doenças degenerativas em idosos, incluindo o Mal de Parkinson e a Doença de Alzheimer.
Diante desse cenário a avaliação ecotoxicológica dos efeitos de agrotóxicos emerge como uma ferramenta crucial. Ao se compreender como esses produtos afetam ecossistemas, podemos desenvolver estratégias mais eficazes para diminuir, minimizar ou até mesmo erradicar os impactos negativos sobre a saúde humana.
Os estudos serão realizados em diferentes regiões do Brasil, gerando dados científicos que subsidiem ações das agências reguladoras, além da divulgação dos resultados para a comunidade científica e à sociedade em geral por meio de iniciativas dos diferentes parceiros do projeto.
Os resultados poderão servir para orientar os produtores na utilização dos agrotóxicos, buscando uma melhor produtividade associada à qualidade dos alimentos.
Programa INCT
Criado em 2008, o Programa INCT é um dos mais importantes programas de fomento a projetos de alto impacto científico em áreas estratégicas e/ou na fronteira do conhecimento, visando a solução dos grandes desafios nacionais e de formação de recursos humanos do país.