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Foto: Vinícius Venâncio/Secom-TO

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Pela primeira vez, o Tocantins terá uma agroindústria funcionando dentro de um território indígena. O povo Xerente, de Tocantínia, está empenhado em colocar para funcionar uma fábrica de farinha e derivados da mandioca dentro da aldeia. Todo o processo, desde o plantio até a comercialização dos produtos, será conduzido pelos próprios indígenas. O projeto tem o apoio do Governo do Estado que vai fomentar a agroindústria com recursos oriundos do Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE).

O aporte financeiro no valor de R$ 600 mil foi aprovado nessa segunda-feira, 22, na primeira reunião do ano do Conselho de Desenvolvimento Econômico do Estado (CDE). O projeto de implantação da agroindústria foi apresentado aos conselheiros pelos próprios indígenas. A aprovação do recurso por unanimidade foi comemorada com entusiasmo.

“Esse projeto representa uma mudança de paradigma para um povo. Nós estamos falando de desenvolvimento econômico e social. Estamos falando de quebra de paradigmas e preconceito de quem acha que há improdutividade dentro das comunidades indígenas. É um projeto que abrange muitas áreas e com um impacto positivo quase incomensurável diante de tanto sofrimento de um povo”, ressaltou Pedro Paulo Gomes da Silva, presidente da Associação de Brigadistas Indígenas Xerente (Abix).

A secretária de Estado dos Povos Originários e Tradicionais, Narubia Werreria, acompanhou a apreciação do projeto na reunião do CDE. Ela enfatizou o caráter inovador da iniciativa que valoriza, ao mesmo tempo, a cultura e o potencial econômico da comunidade indígena. “Nós temos um potencial em nosso Estado que ainda não havia sido notado da forma devida, mas que se inicia com este governo que prioriza a transversalidade das ações, envolvendo diferentes secretarias e entidades na criação de políticas públicas. Esse é um momento histórico, é um projeto que já está ocorrendo mas com esse recurso será levado a um outro patamar, de industrialização e beneficiamento de tudo que eles já implementam dentro desse território”.

De acordo com a Abix, tradicionalmente os Xerente já cultivam e beneficiam a mandioca em suas aldeias. Derivados como farinhas, beiju, polvilho, massa puba e massa para bolo são produzidos de maneira artesanal e vendidos, posteriormente, para programas de aquisição de itens para a merenda escolar e compra direta.

Por meio da agroindústria, os indígenas pretendem aumentar a produtividade e a competitividade no mercado. Uma das metas é fazer de Tocantínia um polo industrial de produção de derivados da mandioca com apelo sócio-etno-ambiental.

De acordo com o secretário de Estado da Indústria, Comércio e Serviços, e presidente do CDE, Carlos Humberto Lima, é imprescindível que recursos do FDE sejam destinados ao fomento de empreendimentos coletivos de comunidades indígenas e tradicionais. “O governador Wanderlei Barbosa tem um zelo muito grande com os micro e pequenos empreendedores, especialmente entre comunidades tradicionais, que são um dos públicos-alvo do Programa de Impulsionamento da Indústria, Comércio e Serviços – o Pics, uma política pública de Estado, elaborada para promover o desenvolvimento socioeconômico do Estado. E é esse olhar diferenciado que tem permitido a este conselho desenvolver bons projetos para que possamos efetivamente mudar a vida e a condição das pessoas”, frisou.

A agroindústria será instalada na base da Abix, localizada na aldeia Cachoeirinha, no centro dos territórios indígenas Xerente e Funil, a cerca de 27 km da cidade de Tocantínia. O empreendimento beneficiará diretamente 722 famílias que vivem do cultivo da mandioca em 80 aldeias.

“Os povos indígenas foram quem primeiro domesticaram a mandioca. Nós temos uma terra grande e produtiva, muita mão de obra especializada e queremos fazer parte do processo produtivo. Queremos aprender a fazer dinheiro como vocês e não apenas receber dinheiro, vivendo de benefícios”, finalizou Pedro Paulo. (Secom/TO)