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Polí­cia

Foto: Divulgação SSP/TO

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A Polícia Civil do Tocantins está intensificando as ações contra a prática de jogos de azar e loterias não autorizadas. A 2ª Delegacia Especializada de Repressão às Infrações de Menor Potencial Ofensivo (Deimpo) Palmas tem recebido denúncias relacionadas às práticas ilegais e alerta a população para que não caia nas propagandas feitas por determinados influenciadores, pois eles são apenas contratados para aliciar pessoas.

O delegado Rodrigo Saud, um dos responsáveis pelas investigações na Capital, explica que embora esses jogos ou rifas se apresentem como oportunidades de ganhar grandes quantias de dinheiro de maneira rápida, a realidade é bem diferente e muitos usuários acabam perdendo consideráveis quantias. “Os jogos são frequentemente programados para proporcionar vitórias ocasionais, incentivando os jogadores a continuarem apostando, enquanto os verdadeiros beneficiados são os administradores das plataformas de apostas e os influenciadores que são pagos para fazer a publicidade”.

Além disso, esse tipo de jogo não é regulamentado no Brasil, impossibilitando que os mesmos sejam fiscalizados para atestar que, de fato, existe a possibilidade de ganho.

Tigrinho

Existem várias plataformas e aplicativos de cassino on-line, mas, no Tocantins, o Jogo do Tigre, ou tigrinho como é popularmente conhecido, tem feito mais vítimas. Para jogar, a pessoa precisa primeiro colocar dinheiro na plataforma, a promessa é de que o valor depositado poderá ser multiplicado em até dez vezes mais. Porém, na prática isso não acontece, como explica o delegado. “Para ganhar o prêmio, é necessário fazer a combinação de três figuras iguais em três fileiras, contudo, os jogos são programados para proporcionar vitórias ocasionais, incentivando o usuário a continuar apostando, enquanto os principais beneficiados são aqueles que gerenciam a plataforma”, ratifica o delegado Rodrigo Saud. 

Os influenciadores, contratados para fazer publicidade dos jogos, também estão entre os que se beneficiam da plataforma, mas diferente do que eles mostram, não ganham dinheiro jogando e sim, por serem contratados para fazer propaganda. “Já temos conhecimento de vítimas que tiveram prejuízos relacionados a esse tipo de aposta e foram atraídas por meio de influenciadores. A população deve tomar cuidado com esse tipo de publicidade, pois não existe dinheiro fácil e, no fim, muitos acabam perdendo patrimônio, família e chegam a tirar a própria vida em decorrência disso. Precisamos que as pessoas tenham consciência e não caiam nesses golpes”, finaliza o delegado.

Rifas Digitais

A 1ª e 4ª delegacias de Polícia de Palmas já realizaram duas grandes operações, em 2023, denominadas Tá no Grale e Ostentação, respectivamente, em que os alvos foram influenciadores que promoviam rifas digitais.

A modalidade criminosa consiste na realização de sorteios não autorizados pelos órgãos competentes, divulgando nas redes sociais dos envolvidos e captando recursos dos participantes de boa-fé. Os investigados se valeram do elevado número de seguidores que possuem nas redes sociais para promover os sorteios.

Na operação Tá no Grale, de maio de 2022 a fevereiro de 2023, três pessoas arrecadaram ilicitamente quase R$ 5 milhões com as rifas. De 36 sorteios realizados pelos investigados, em 12, não constavam os números sorteados e nem o ganhador.

Já na operação Ostentação, quatro pessoas de uma mesma família foram indiciadas pela prática de rifas digitais. O influenciador-alvo usava sua rede social, com mais de 70 mil seguidores, para realizar os sorteios. Foram 27 contravenções de loterias não autorizadas em que ele recebeu mais de R$ 695 mil como lucro sendo que, deste valor, ao menos R$ 397,8 mil foram submetidos à lavagem de dinheiro.

As investigações mostraram que, para dar uma aparência de licitude ao dinheiro arrecadado, o influenciador colocou uma de suas irmãs, bem como sua esposa como sócias na atividade ilícita e, juntos, praticaram mais de 50 atos tipificados como lavagem de capitais, tais como múltiplas transferências bancárias e aquisição de bens de luxo.

Essas operações resultaram em bloqueios de contas; apreensão de veículos de luxo; restrição judicial de bens; denúncias por crimes de loteria não autorizada; associação criminosa; e lavagem de dinheiro.

Agora, o caso está com a Justiça e, se condenados, os envolvidos podem ser presos. (Secom/TO)