Entre 2015 e 2020, cerca de 1,8 milhão de brasileiros mudaram de estado em busca de melhores oportunidades de emprego, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esse movimento é impulsionado principalmente por fatores econômicos, revelando um cenário dinâmico de migração interna.
Embora o Centro-Oeste, com seu agronegócio pujante, tenha os maiores pólos de atração de mão de obra migratória, o movimento também é significativo nos estados do Norte e Nordeste. Nessas regiões, muitas indústrias enfrentam desafios para suprir as demandas sazonais por mão de obra, especialmente nos setores industrial e agropecuário.
Rodrigo Barros, gerente regional da Employer Recursos Humanos em Palmas, Tocantins, explica que as empresas muitas vezes encontram dificuldades para contratar trabalhadores locais qualificados. "Pode acontecer de a população local não estar interessada ou disponível para trabalhos temporários ou, ainda, não ter a qualificação necessária. Nesse sentido, a contratação de trabalhadores de outros estados ajuda a preencher essas lacunas", afirma Barros.
Oportunidades para os trabalhadores
Para os trabalhadores, o trabalho temporário migratório é uma forma eficaz de complementar a renda, especialmente em regiões onde as oportunidades de emprego são escassas. "Existem regiões no Brasil onde a oferta de trabalho quase não existe, obrigando os trabalhadores a migrarem temporariamente de um estado para o outro em busca de novas oportunidades", explica Barros.
Leandro dos Santos Mota, natural de Anapurus (MA), é um exemplo de profissional que migrou em busca de emprego. Formado em Ciências Biológicas, ele conta que ainda não exerceu sua profissão devido à falta de oportunidades na cidade natal e precisou optar pela mudança de estado. "Sou professor e, pela falta de oportunidade de emprego na minha cidade e oferta pequena de trabalho, precisei buscar meios de sustento. Atualmente sou trabalhador temporário na Bahia e, por meio dessa modalidade, consigo oportunidades além da área de formação, principalmente no agro", relata Mota.
Perspectivas sobre a migração interna
Segundo Paulo Feldmann, professor da USP (Universidade de São Paulo), é natural que as pessoas migrem do interior para as capitais em busca de melhores oportunidades. "O aumento, como sempre, é motivado por razões econômicas. As pessoas mudam porque procuram empregos, e muitas vezes eles não estão onde elas moram, obrigando-as a se dirigir para as cidades, onde há um número expressivo de contratações", explica Feldmann.
Comparado a outros países, o processo de migração interna no Brasil é relativamente alto, dado o seu tamanho. "Como é um país enorme e, às vezes, não há boas oportunidades em alguma região, como o Nordeste, as pessoas vêm ao Sudeste em busca de empregos", complementa o professor. Com o crescimento do agronegócio no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, esses estados têm uma demanda crescente por mão de obra.
Direitos do Trabalhador Temporário
Na modalidade temporária, o trabalhador tem anotação em carteira e os direitos assegurados pela legislação 6.019/1974. Dentre os direitos, estão inclusos pagamento de horas extras, descanso semanal remunerado, 13°salário e férias proporcionais ao período trabalhado. Ele recebe 8% dos seus proventos a título de FGTS e o período como temporário conta como contribuição para a aposentadoria.
Vale ressaltar que na legislação, o trabalhador temporário pode ser contratado por até 180 dias, com a possibilidade de prorrogação por mais até 90 dias. A efetivação pode acontecer a qualquer momento desse período. Junto à Previdência, o trabalhador temporário também tem todos os direitos garantidos, desde que se respeite a carência mínima exigida para o pagamento dos benefícios. (Com informações da Ascom Employer Recursos Humanos)