O fumo é a principal causa de mortes evitáveis no planeta, sendo responsável por mais de 8 milhões de óbitos anuais, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). No dia 29 de agosto, é comemorado o Dia Nacional de Combate ao Fumo, e para conscientizar a população sobre a gravidade das doenças causadas pelo seu uso, um especialista do Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Tocantins (HDT-UFT), vinculado à Rede Ebserh, reforça a importância de evitá-lo.
O tabagismo é causa de uma série de doenças com malefícios físicos e psíquicos, além de prejuízos aos sistemas de saúde mundo afora, sendo responsável pela grande maioria de mortes em casos de câncer de pulmão, infarto e derrames cerebrais.
Um combo de enfermidades
O cirurgião torácico e superintendente do HDT, Antônio Oliveira, explica que o cigarro possui mais de 4.700 substâncias, sendo 43 delas reconhecidamente cancerígenas. “Além de ser o principal fatos de risco para o câncer de pulmão, o cigarro também está relacionado a outras neoplasias e doenças vasculares, como predisposição ao infarto e ao AVC”, comentou o especialista.
Aliado ao fumo, outra fonte de preocupação da comunidade científica é o aumento de usuários de cigarro eletrônico. “O grande problema é que, por não ser regulamentado, não sabemos ao certo quais substâncias estão contidas nesses dispositivos. A nicotina é uma delas, a responsável por causar a dependência, e está em concentração muito alta”, destaca Antônio Oliveira.
Além da nicotina, os cigarros eletrônicos possuem em sua fórmula metais pesados e substâncias que podem se decompor em carcinógenos (que pode causar câncer). “Também podemos dizer que devido à facilidade de uso, a frequência de utilização dos cigarros eletrônicos é mais alta, o que acaba aumentando a dependência e expondo as pessoas a uma maior quantidade de substâncias provavelmente tóxicas”, ponderou o cirurgião torácico.
Relação direta com vários tipos de câncer
Diversos tipos de câncer têm relação direta com o uso de cigarro, o que configura um grave e preocupante problema de saúde pública e mundial, segundo o oncologista clínico da Rede Ebserh, Luiz José Batista. “O câncer de pulmão é o mais significativo, com o fumo sendo responsável por 85% a 90% dos casos. Outros tipos de câncer provocados pelo fumo incluem os tumores de cabeça e pescoço (como boca, garganta e laringe), tumores de bexiga, rim, estômago, colorretal, colo uterino, fígado e leucemia mieloide”, citou Batista.
O especialista explicou que substâncias nocivas do fumo, como aquelas presentes no alcatrão, desempenham um papel central no aumento do risco de câncer, principalmente por causar danos diretos às células. “Quando essas substâncias entram no corpo, elas podem induzir mutações no DNA, desregulando o crescimento celular e criando condições propícias para a formação de tumores”, revelou Luiz José Batista.
Além de promover essas mutações, o fumo enfraquece o sistema imunológico, diminuindo a capacidade de identificar e destruir células anormais antes que elas se transformem em tumores malignos.
Danos a quem não fuma e até a quem ainda nem nasceu
O fumo prejudica não só o seu usuário, mas quem está ao redor. Cerca de 15% das mortes por uso de tabaco são de fumantes passivos, pessoas que são expostas rotineiramente à fumaça. Até mesmo aqueles que ainda nem nasceram são prejudicados pelo cigarro. Os impactos do tabagismo na gestão são graves e podem provocar a prematuridade, o abortamento e a morte súbita infantil, além de repercussões graves ao longo de toda a vida, como malformações congênitas e alterações neurológicas, que provocam danos ao desenvolvimento cognitivo e psicomotor da criança.
Especialistas apontam ainda que o fumo na gravidez é responsável por 20% dos fetos com baixo peso ao nascer, por 8% dos partos prematuros e por 5% das mortes perinatais. Além disso, o tabagismo coloca em risco a saúde das mães e de seus filhos, com potenciais problemas cardíacos, alergias, distúrbios do sono e infecções respiratórias.
Sobre a Ebserh
O HDT-UFT faz parte da Rede Ebserh desde 2015. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.