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Economia

Foto: Freepik/@Drazen Zigic

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O mês de dezembro é tradicionalmente um dos mais aguardados do ano pelo impacto nas vendas relacionadas às festas de final de ano, que envolvem não apenas o Natal e Ano Novo, mas confraternizações entre amigos, familiares e colegas de trabalho. Apesar disso, os resultados gerais do mês apresentaram um crescimento tímido em 2024 em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo o Índice de Performance do Varejo (IPV), relatório da HiPartners, venture capital focado no setor.

O índice, que avalia a variação mensal e anual do fluxo de consumidores, vendas e faturamento de lojas físicas e shopping centers de todo o Brasil, revelou que, em termos de fluxo de visitação, os shoppings registraram queda de 4% na comparação com o mês de dezembro do ano anterior. Tanto as lojas de rua quanto aquelas que estão situadas dentro dos centros de compras, tiveram um crescimento aquém do esperado, de apenas 1% no mesmo período.

O faturamento geral apresentou leve queda de 1% em comparação ao mesmo período de 2023, enquanto as vendas recuaram 6%. Essa variação foi influenciada por cenários regionais heterogêneos, mesmo com crescimento no ticket médio em todo o Brasil, conforme mostra a tabela a seguir:

Nordeste na liderança

A análise regional destaca um cenário variado no desempenho das lojas físicas. O Nordeste liderou os resultados, com crescimento de 8% no fluxo de visitação e de 4% no faturamento em relação a dezembro de 2023. Por outro lado, regiões como o Centro-Oeste e o Norte apresentaram quedas significativas.

No comparativo setorial, o maior destaque foi a queda de 3% no faturamento do setor de “Artigos Farmacêuticos, Médicos, Ortopédicos, de Perfumaria e Cosméticos”, que encerrou o ciclo de crescimento constante nos meses anteriores. Por outro lado, o setor de “Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico” registrou aumento expressivo de 15% no faturamento (year-over-year), destacando-se positivamente.

Natal fortalece o mês com crescimento de 25% no fluxo

Apesar dos resultados tímidos de dezembro, o IPV revela que a semana do Natal de 2024 trouxe mais gente para consumir nos shopping centers, com alta de 25% na comparação com a semana anterior do mesmo ano. Em 2023, esse crescimento foi de apenas 17%.

Ainda na análise semanal, tanto faturamento quanto vendas cresceram aproximadamente 50% no mesmo período, o que mostra um aquecimento maior à medida que o feriado se aproxima. De toda forma, apesar da alta, a performance foi abaixo do ano anterior.

Ao comparar a semana que antecede o Natal de 2024 com o mesmo período de 2023, a HiPartners observou uma reversão em alguns indicadores, destacando a complexidade do cenário. O faturamento, por exemplo, registrou leve queda de 4% em 2024 em comparação com 2023. Essa desaceleração no faturamento pode ser reflexo da maior cautela do consumidor,as pressões inflacionárias que ainda afetam o Brasil ou até mesmo um adiantamento do consumo durante a Black Friday que teve ótima performance no ano.

Além disso, ao comparar as taxas de crescimento numa série histórica desde 2019, é possível observar uma recuperação dos impactos da pandemia. Entre 2020 e 2022, os números mostraram um restabelecimento significativo, mas, desde então, o cenário tem apresentado dificuldades para sustentar o crescimento contínuo em todos os segmentos, com 2024 evidenciando uma performance mista.

Comparação com o ano pré-pandemia (2019): o retorno ao nível pré-COVID

Uma análise mais profunda comparando os dados de 2024 com os do ano de 2019, antes da COVID, revela um dado interessante: enquanto o faturamento e as vendas apresentaram taxas positivas em comparação com 2019, o fluxo de visitantes, tanto em lojas físicas de rua quanto em shopping centers, ainda está abaixo dos níveis pré-pandêmicos. Em termos de faturamento, 2024 superou os números de 2019, com o crescimento notável de 37%, mas o fluxo de consumidores ainda não conseguiu atingir os patamares do período anterior à crise sanitária.

Porém, quando analisamos o desempenho por região especificamente pela ótica sazonal, o IPV deste mês também revela crescimento substancial em várias partes do Brasil, com destaque para as regiões Sul e Centro-Oeste. Essas regiões apresentaram aumentos significativos no fluxo de consumidores em comparação com a semana anterior ao Natal, com a região Sul registrando um impressionante aumento de 61% e o Centro-Oeste 42%. As taxas não apenas superaram os índices de 2023, mas também indicam um comportamento otimista dos consumidores nessas áreas do país.

Uma mudança de performance entre os setores

O segmento de "Tecido, vestuário e calçados" foi um dos grandes destaques do Natal de 2024, com crescimento de 44,76%, número que não apenas superou os 46,50% de 2023, mas também indicou uma forte demanda do consumidor nesse setor específico. Por outro lado, o segmento de "Equipamentos e materiais para escritório, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos" apresentou declínio de 5,40%, o que pode refletir uma mudança nos padrões de consumo e nas prioridades do consumidor durante o período de festas.

Perspectivas para 2025

“Quando olhamos para o acumulado do ano, os números do varejo restrito (+5%), divulgados pela PMC (Pesquisa Mensal do Comércio), reforçam a narrativa de recuperação e consolidação do consumo. É importante destacar que ajustes pontuais e efeitos de calendário não ofuscam a tendência de fortalecimento do mercado doméstico, ainda mais com o redirecionamento da demanda para varejistas locais, impulsionado por mudanças tributárias. O cenário para 2025 traz desafios, mas também oportunidades. A majoração de impostos sobre importados e o fortalecimento das redes varejistas domésticas apontam para um ano de crescimento seletivo e estratégico. Com planejamento e inovação, o setor está preparado para responder a esse novo ciclo econômico", segundo Eduardo Terra, sócio da HiPartners.

Segundo Flávia Pini, sócia do venture capital, “para 2025, mesmo com desafios como o impacto da alta da Selic e da inflação, vemos oportunidades concretas para startups que viabilizem operações mais eficientes, reduzam custos e impulsionem vendas por meio de inovação tecnológica. O varejo está em um ponto de inflexão, e o ecossistema de startups é fundamental para alavancar o setor e torná-lo mais competitivo e preparado para o futuro". (Nbpress)