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Universo Espiritual

Foto: Comunicação Catedral de Palmas

Foto: Comunicação Catedral de Palmas

O pároco da Catedral de Palmas, Pe. Eduardo Zanom e o casal Anna Carolina e Wallace Cassoli estão em Roma, na Itália, representando a Arquidiocese de Palmas no Jubileu dos Artistas e do Mundo da Cultura. A programação começou em 15 de fevereiro e segue até terça, dia 18. O Arcebispo de Palmas, Dom Pedro Brito Guimarães, solicitou que o trio representasse a arquidiocese por serem os responsáveis pela Turma do Padre Dudu, projeto de evangelização infantil criado em 2020.

Dentro da programação do Jubileu 2025 —‘Ano Santo da Esperança’— há diversos Grandes Eventos, como o Vaticano chama, em que são reunidos diversos segmentos da sociedade para jubileus temáticos, por exemplo, profissionais da saúde, da segurança, da comunicação. No caso dos artistas, a organização é do Dicastério da Cultura e da Educação. Os dicastérios são departamentos (divisões) que formam a Cúria Romana e têm funções específicas.

A programação incluiu a passagem pela Porta Santa e reuniões entre representantes artísticos e culturais do mundo todo. Eles puderam refletir sobre as linguagens atuais e formas de transmitir o patrimônio religioso e artístico. Em um dos encontros, os participantes tiveram três minutos para relatar a realidade cultural de onde vieram.

“Diretores de centros culturais de Milão, de Londres falaram dos cursos, diversas atividades culturais oferecidas e políticas de fomento à cultura católica. Quando recebi a palavra, falei que vinha de Palmas, no Tocantins, e expliquei que, no Brasil, temos grandes problemas sociais e o desenvolvimento cultural é o meio de diminuir distâncias. Quando falei sobre o projeto cultural de evangelização com crianças, todos ficaram impressionados. O representante da Espanha também expressou que, na realidade deles, novos projetos de arte e cultura estão sendo criados a partir da necessidade da evangelização. A Igreja é rica, tem lugar para todo mundo, basta a gente se deixar usar pelo Espírito Santo”, comenta Eduardo Zanom.

Os promotores culturais teriam uma audiência com o Papa Francisco, mas ela foi cancelada pela situação de saúde do pontífice. A Missa do Jubileu dos Artistas, celebrada na Basílica de São Pedro, no domingo (16), também não teve a presença do Santo Papa. O prefeito do Dicastério, Cardeal José Tolentino de Mendonça, presidiu a Missa e leu a homília escrita por Francisco.

Refletindo o Evangelho das Bem-Aventuranças, o Sumo Pontífice afirmou que os artistas e representantes da cultura são chamados a dar voz a quem não tem, a transformar dor em esperança e revelar a verdade, a bondade e a beleza escondidas. 

“O artista é aquele ou aquela que tem a função de ajudar a humanidade a não se desnortear, a não perder o horizonte da esperança. Mas atenção: não é uma esperança fácil, superficial e desencarnada. Não! A verdadeira esperança entrelaça-se com o drama da existência humana. Queridos artistas, vejo em vós guardiães da beleza que sabe inclinar-se sobre as feridas do mundo, que sabe escutar o grito dos pobres, dos sofredores, dos feridos, dos presos, dos perseguidos, dos refugiados. Vejo em vós guardiães das Bem-Aventuranças!”, escreveu o Papa em trecho da homília.

Profetas Culturais

Durante o encontro, o prefeito do Dicastério da Cultura e da Educação, Cardeal José Tolentino de Mendonça, deixou claro o papel dos centros culturais católicos, colocando a cultura como um campo novo de evangelização, assim como já foi, em outras épocas, a escola e a catequese. “Vivemos em um mundo pluralista e precisamos desenvolver a habilidade do diálogo cultural. O grande entusiasmo do Papa Francisco ao convocar o mundo da cultura para o Jubileu é estimular a compreensão de que é preciso enraizar a esperança na cultura”, comentou o Cardeal, que foi presenteado pelo grupo tocantinense. Ele recebeu um exemplar do novo livro do Pe. Eduardo, lançado este mês, que conta os desafios da evangelização infantil a partir da experiência com a Turma do Padre Dudu.

“O Cardeal Tolentino nos exortou claramente que precisamos ser profetas culturais. Além disso, ele destacou a importância de fazermos uma tradução cultural das grandes linhas do magistério do Papa Francisco. A cultura é o meio pelo qual traduzimos e damos sentido ao Evangelho na vida da pessoa”, ressalta o sacerdote da Catedral de Palmas.

Anna Carolina Cassoli aponta o desafio de continuar a história. “Aqui na Europa tudo é muito bonito, mas a cultura não é feita apenas de conservação, mas também de continuidade. É necessário continuar a Missão e tornar a fé sempre acessível nas variadas formas. A cultura vive a lógica da metamorfose, sempre em mudança e sempre atual”. Segundo Wallace, “viver esse espírito em Roma faz com que a fé esteja mais fortalecida e dá ânimo para continuar criando novas frentes de trabalho com a evangelização infantil”.  

“Um momento marcante aconteceu na passagem da Porta Santa. À noite, a Basílica de São Pedro toda escura, só com alguns pontos de luz, favoreceu ainda mais a oração e contemplação. Isso nos fez entender que a cultura também é um caminhar em direção a Cristo, é uma forma de expressar nossa fé”, disse Pe. Eduardo Zanom.