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Meio Ambiente

Foto: Freepik

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Um estudo inédito publicado na revista Perspectives in Ecology and Conservation alerta para os impactos severos das mudanças climáticas sobre a biodiversidade brasileira. Conduzido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o levantamento compilou mais de 20 mil projeções de risco para animais e plantas de ambientes terrestres e de água doce. Os resultados indicam que mais de 90% das espécies analisadas sofrerão efeitos negativos se o aquecimento global continuar no ritmo atual, e 25% correm risco de extinção.

A pesquisa utilizou uma revisão sistemática da literatura científica, abarcando estudos de diferentes regiões e biomas do país. Segundo os autores, as espécies consideradas ameaçadas são aquelas que podem perder ao menos 80% de sua distribuição geográfica nas próximas décadas. Os biomas Amazônia, Pantanal e Mata Atlântica devem ser os mais afetados, de acordo com as projeções.

Apesar do cenário preocupante, o estudo aponta que o cumprimento das metas estabelecidas no Acordo de Paris — que limita o aquecimento global a 2°C acima dos níveis pré-industriais — poderia reduzir pela metade o número de espécies ameaçadas. A análise destaca, ainda, lacunas significativas no conhecimento científico sobre os impactos das mudanças climáticas, especialmente em ambientes marinhos e nos biomas Pampa e Pantanal, que possuem poucos estudos.

Outro ponto crítico apontado é a concentração de dados em plantas e vertebrados terrestres, como aves, mamíferos e anfíbios, que representam cerca de 90% das projeções. Insetos, fungos, organismos aquáticos e espécies marinhas seguem subrepresentados, o que limita o entendimento completo sobre os efeitos das mudanças climáticas sobre ecossistemas essenciais.

De acordo com Artur Malecha, autor principal do estudo, medidas como a expansão estratégica das unidades de conservação, o combate ao desmatamento e à poluição, e o fortalecimento de ações de restauração ambiental são fundamentais para aumentar a resiliência da biodiversidade brasileira.

A professora Mariana Vale, coautora da pesquisa, ressalta que além de conter o desmatamento, é essencial enfrentar a principal causa das mudanças climáticas: a queima de combustíveis fósseis. “Abrir novos poços de petróleo na foz do Amazonas é um contrassenso. Essa decisão ameaça ecossistemas sensíveis, como os recifes de corais da região, e contraria os compromissos climáticos assumidos pelo Brasil”, afirmou. (Approach.com)