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Economia

Foto: Pexels/@PhotoBy

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A precariedade da educação financeira entre os brasileiros volta a dar indícios. Isso porque o Indicador de Reincidência da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), revelou que o total de negativações em maio, correspondendo a 83,48%, foram de devedores reincidentes, ou seja, de brasileiros que já tinham aparecido no cadastro de inadimplentes nos últimos 12 meses. Para Renan Diego, consultor financeiro - especialista em finanças pessoais e investimento -, além do baixo controle das finanças pessoais, fatores como a inflação persistente e os baixos salários também podem contribuir para esse movimento.

"A dificuldade de realizar uma organização da renda ou até mesmo um planejamento de gastos é algo recorrente entre os brasileiros. Uma grande parte da população não sabe conciliar as suas despesas fixas, como o aluguel, conta de água e luz, com os gastos extras, que são as compras de mercado, roupas e eletrônicos. Além disso, o país está passando por uma alta inflação ao mesmo tempo em que os salários não sustentam os gastos que não são considerados básicos. Dessa forma, esse cenário se agrava com a falta de conhecimento em educação financeira e a pouca compreensão sobre como ela influencia no endividamento", explica Renan.

O Indicador de Reincidência da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas também foi responsável por revelar que, entre o campo de devedores reincidentes, 62,98% foram de consumidores que ainda não tinham quitado dívidas antigas até maio. Já 20,50% tinham saído do cadastro de devedores nos últimos 12 meses, mas retornaram. O levantamento ainda revela que o tempo médio entre o vencimento de uma dívida para outra é de 71,1 dias, depois de 2,4 meses, em média, de ficar inadimplente, o consumidor volta a atrasar o pagamento de uma segunda conta.

"É importante ressaltar que existem diferentes estratégias que podem ajudar os brasileiros a se manterem organizados em relação às suas finanças pessoais, portanto que as despesas sejam revisadas mensalmente. A primeira dica é cortar os gastos que são desnecessários, como assinaturas de streamings que não são utilizados, compras excessivas de roupas e acessórios, além das aquisições feitas por impulso. Outro passo importante é evitar assumir novas dívidas, principalmente se já tem parcelas que comprometem uma grande parte da renda", o consultor financeiro indica.

Os dados do indicador de recuperação de crédito mostram que, nos 12 meses encerrados em maio de 2025, houve uma queda de apenas –0,04% no número de devedores reincidentes, aqueles que já tinham aparecido no cadastro de inadimplentes no período analisado. A comparação é com os 12 meses anteriores. De acordo com Renan, o movimento acontece já que alta inflação vem sendo registrada nos últimos meses, o que eleva os juros e aumenta as chances do endividamento entre a população.

"Isso porque quanto maior a inflação, menor é o poder de compra entre os brasileiros, especialmente os que recebem só um salário mínimo. Esse efeito acontece já que o valor de produtos e serviços aumentam sem que a renda acompanhe esse crescimento, fazendo com que o planejamento seja fundamental para evitar o endividamento. É importante priorizar as contas essenciais, como água, luz, gás, aluguel e condomínio, considerando que a falta de pagamento pode levar à interrupção desses serviços e, no caso do condomínio, até a uma ação judicial”, recomenda Renan.

Os dados do indicador de recuperação de crédito mostram que, nos 12 meses encerrados em maio de 2025, houve queda de ‐11,92% no número de consumidores que conseguiram sair das listas de negativados. Ainda de acordo com a instituição, o número de reincidentes com participação mais expressiva no Brasil em maio foi da faixa de 30 a 39 anos (25,62%). A participação dos devedores reincidentes por sexo segue bem distribuída, sendo 54,49% mulheres e 45,51% homens.

"Após realizar o pagamento das contas que são consideradas essenciais, é importante quitar outras parcelas, como de imóveis e veículos, já que a falta do pagamento pode resultar na retomada dos bens pelas instituições financeiras. Feito isso, é hora de quitar as dívidas que possuem os juros mais altos, como o cartão de crédito ou o cartão de lojas", afirma o consultor financeiro.