Dezoito estudantes do Centro de Educação, Humanidades e Saúde (CEHS) da Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT) estão participando da 77ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que acontece entre os dias 13 e 19 de julho de 2025, na cidade do Recife (PE). Acompanhados pela professora Aline Campos, os discentes representam o Programa ConViva! — “outras relações, outras convivências, outros mundos possíveis” — e levam ao evento suas experiências e reflexões desenvolvidas com base na Educação Ambiental, na Educação Popular e no Paradigma do Bem Viver.
A Reunião Anual da SBPC é considerada o maior e mais importante evento científico da América Latina. Realizada ininterruptamente desde 1949, ela reúne pesquisadores, professores, estudantes, gestores e representantes de diversas áreas do conhecimento para debater os rumos da ciência e da educação no Brasil. Com o tema “Progresso é Ciência em todos os Territórios”, a edição de 2025 reforça a necessidade de uma ciência comprometida com a diversidade cultural, social e ambiental de todas as regiões do país.
A participação dos estudantes da UFNT no evento tem se mostrado uma experiência transformadora — tanto academicamente quanto em termos pessoais. Por meio da apresentação de trabalhos e vivências vinculados aos projetos Panhime, Enverdear e GerminAR-TE, os jovens extensionistas e pesquisadores compartilham saberes e práticas desenvolvidos no campus de Tocantinópolis, especialmente os relacionados às ações com viveiro florestal, práticas educativas socioambientais, interface entre arte, natureza e o brincar, e valorização de conhecimentos e histórias tradicionais Apinajés.
Formação para além da sala de aula
Para os estudantes, estar na SBPC representa mais do que apresentar video-pôsteres ou assistir a conferências: é um espaço de pertencimento acadêmico e de construção de identidade universitária. “É um momento em que podemos ver que a universidade não está isolada do mundo. A troca com outros estudantes e pesquisadores mostra que nossas experiências no Tocantins também fazem parte do que está sendo construído nacionalmente”, afirma uma das participantes.
A inserção em um evento científico de grande porte fortalece a formação acadêmica ao permitir contato com novas abordagens, metodologias e redes de pesquisa. Além disso, promove o desenvolvimento de habilidades como comunicação, argumentação e articulação política — fundamentais para a permanência e o sucesso na universidade, sobretudo para estudantes que vêm de trajetórias marcadas por desafios sociais, econômicos e territoriais.
Ciência que brota do território
A produção científica e cultural dos estudantes do CEHS/UFNT ganha vida por meio de iniciativas que unem saberes acadêmicos e conhecimentos tradicionais. Um exemplo é o vídeo produzido por integrantes do Projeto EnVerder: “O que pode um viveiro florestal dentro da Universidade?”, em que os estudantes compartilham a experiência da construção e manutenção de um viveiro florestal no campus, refletindo sobre sua importância como espaço educativo, ambiental e de convivência. A obra destaca como o viveiro se torna um ponto de encontro entre universidade, comunidade e natureza, estimulando práticas sustentáveis e fortalecendo o vínculo com o território.
Outro trabalho apresentado na 77ª SBPC é o vídeo “Animação de desenhos como instrumento didático-pedagógico de valorização da cultura indígena”. O vídeo, produzido por estudantes integrantes do Projeto Panhime, relata a experiência com oficinas de animação de desenhos e a história de origem do povo Apinajé, na qual a linguagem audiovisual torna-se uma potente ferramenta para promover o respeito, a valorização das culturas e cosmovisões indígenas e a interculturalidade, contribuindo para o combate ao preconceito e a promoção da diversidade cultural dentro e fora da universidade.
A terceira produção audiovisual, “GerminAR-TE: religando infâncias, arte e natureza”, é fruto das experiências com oficinas com crianças de 6 a 11 anos de idade, moradoras do entorno da Universidade e filhos de servidores e estudantes. Explorando a interface entre infâncias, arte, natureza e o brincar, o projeto proporciona o acolhimento dessas crianças no ambiente universitário, por meio de vivências lúdicas que promovem laços afetivos com a natureza, fortalecem a imaginação e criatividade e estimulam a consciência socioambiental.
Essas produções audiovisuais (vídeo pôsteres) são mais do que registros acadêmicos — elas são manifestações vivas do potencial transformador da universidade pública. Ao levar essas experiências à SBPC, os estudantes afirmam o papel da educação como ferramenta de mudança social, e mostram como a ciência pode (e deve) brotar do território, dialogando com a realidade local, a ancestralidade e os desafios contemporâneos. Com isso, fortalecem não apenas suas próprias formações acadêmicas, mas também o compromisso com um Brasil mais justo, plural e consciente das questões e demandas socioambientais.