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Mundo Pet

Foto: Divulgação Instituto Caramelo

Foto: Divulgação Instituto Caramelo

O número de animais abandonados nas ruas do Brasil tem crescido a cada ano e, em boa parte dos casos, por um motivo que se agrava silenciosamente: a dificuldade financeira dos tutores. Dados do Instituto Caramelo, referência no resgate de animais feridos ou em situação de risco, evidenciam essa crescente onda de abandono. Em 2022, a ONG acolheu 292 cães e gatos. Em 2023, esse número subiu para 328. Já em 2024, foram 358. Em 2025, o cenário é ainda mais preocupante: apenas no primeiro semestre, 209 animais foram resgatados, ritmo que, mantido, pode fazer deste ano o pior da série histórica. 

Diante desse cenário, a ONG lançou a campanha #NãoAoMonopólioPet para alertar sobre os impactos da fusão entre Cobasi e Petz – duas gigantes do mercado pet, onde a participação combinada pode ultrapassar 50% da distribuição e venda de produtos e serviços no setor. O processo de união das empresas está em avaliação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

O temor é que, em um primeiro momento, as redes fundidas adotem promoções agressivas para enfraquecer a concorrência e, em seguida, aproveitem a concentração de mercado para elevar os preços. A redução da competitividade tende a impactar diretamente os consumidores, que hoje se beneficiam de uma ampla oferta de produtos e serviços a preços mais acessíveis. Com menos disputas entre empresas, itens essenciais à saúde e ao bem-estar dos animais – como ração, vacinas, consultas, exames e medicamentos – podem se tornar significativamente mais caros.

Com isso, aumenta também a pressão sobre pequenos comerciantes e clínicas veterinárias – que podem fechar as portas – e, principalmente, sobre os tutores de baixa renda, que já têm dificuldades em manter seus animais. O resultado, segundo o Instituto Caramelo, é previsível: mais abandono.

“Nos últimos anos, temos visto um aumento relevante nos casos de abandono de pets. Muitas famílias simplesmente não conseguem mais arcar com os custos de manter um bichinho. Se essa fusão acontecer e os preços subirem ainda mais, vamos viver uma onda de abandono nunca antes vista. Estamos falando de uma cadeia de impactos que começa no bolso do tutor, passa pelo fechamento dos pequenos negócios e termina com o sofrimento de milhares de animais”, alerta Marília Lima, responsável técnica do Instituto Caramelo.

Uma nota técnica desenvolvida em março deste ano pela consultoria Go Associados, fundada por Gesner Oliveira, ex-presidente do Cade, aponta que a união Petz–Cobasi pode resultar em uma alta de, pelo menos, 5% nos preços dos produtos nas redes combinadas, especialmente fora de grandes centros urbanos, onde a presença das megastores é dominante.

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Campanha e abaixo-assinado

Nas redes, a campanha inclui vídeos no Instagram e no TikTok e convida a sociedade a participar de um abaixo-assinado virtual que busca mobilizar veterinários, tutores, comerciantes e defensores da causa animal para pressionar as autoridades por uma análise justa e sensível do caso.

“Essa campanha não é contra uma ou outra empresa. É a favor de um mercado justo, de preços acessíveis e, sobretudo, dos animais. Quem defende o monopólio está ignorando o que acontece todos os dias nas ruas e nos abrigos: bichos abandonados, doentes, sem acesso a cuidados mínimos. Todos que amam os animais precisam ser a voz dos seus pets e agir rápido para que as autoridades compreendam o quanto esse monopólio pode ser prejudicial para milhões de vidas”, reforça Marília.

Com base em São Paulo, o Instituto Caramelo atua há mais de uma década com resgate, reabilitação, castração e adoção de animais vítimas de maus-tratos e abandono. Para participar da mobilização, basta acessar o site da campanha e assinar o manifesto. A meta é reunir milhares de assinaturas para mostrar que o interesse público deve estar acima dos interesses econômicos.