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Saúde

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O Dia Mundial do AVC, celebrado em 29 de outubro, é um lembrete urgente de que o tempo pode ser o maior aliado — ou o maior inimigo — diante de um Acidente Vascular Cerebral. A data, criada pela World Stroke Organization, reforça a necessidade de conscientizar a população sobre prevenção, reconhecimento de sintomas e busca imediata por atendimento médico.

O AVC é uma das principais causas de morte e incapacidade no mundo. A cada ano, são registrados cerca de 12 milhões de novos casos globalmente, e 6,5 milhões de pessoas perdem a vida em decorrência da doença. No Brasil, a situação também preocupa: somente em 2024, foram mais de 84 mil mortes, e até outubro de 2025, já são mais de 64 mil óbitos — o equivalente a uma morte a cada seis minutos.

A neurologista e coordenadora da linha de cuidado do AVC da Rede Medical, Priscila Leite, reforça análise de estudos: a maior parte desses casos poderia ser evitada.  “Mais de 90% dos AVCs estão ligados a fatores de risco que podem ser controlados. A hipertensão, o diabetes, o tabagismo, o colesterol alto e o sedentarismo são os principais vilões, mas também as maiores oportunidades de prevenção. Quando o paciente adota hábitos saudáveis e faz acompanhamento médico regular, reduz drasticamente as chances de sofrer um AVC”, explica.

Leia também: Acidente Vascular Cerebral mata uma pessoa a cada seis minutos no Brasil 

Reconhecer os sintomas de um AVC precocemente e agir rapidamente é fundamental para salvar vidas e evitar sequelas. Para facilitar a identificação dos sinais, utiliza-se a sigla SAMU: sorria, observe a assimetria facial; levante os braços, verificando fraqueza; fale ou cante algo simples para perceber alterações na fala; e, diante de qualquer um desses sinais, trate a situação como emergência, ligando imediatamente para o SAMU (192).

Cada minuto sem oxigênio destrói cerca de 1,9 milhão de neurônios, e o atendimento rápido pode reduzir as sequelas em até 50%. O SAMU encaminhará o paciente para um hospital com estrutura adequada, lembrando que o AVC não deve ser atendido em UPA, mas em centros habilitados, que passam por treinamentos e capacitações constantes.

O Hospital Palmas Medical é um desses centros de referência, certificado com o selo Platinum no atendimento ao AVC, garantindo qualidade, agilidade e segurança no cuidado ao paciente.

Tratamento e recuperação

Os avanços no tratamento têm aumentado as chances de recuperação. Procedimentos como a trombólise (uso de medicamentos para dissolver coágulos) e a trombectomia mecânica (remoção do coágulo por cateter) podem ser realizados nas primeiras horas após o início dos sintomas, devolvendo qualidade de vida a muitos pacientes.

Além disso, tecnologias com inteligência artificial já ajudam a identificar rapidamente lesões cerebrais e a planejar reabilitações personalizadas.

Mas, para que esses recursos sejam eficazes, é preciso chegar ao hospital a tempo. “O atendimento rápido é determinante. O AVC é uma emergência médica, não um problema que pode esperar. Quanto antes o tratamento começa, maiores são as chances de o paciente voltar a andar, falar e retomar sua rotina. Por isso, informação é poder — e pode ser o que separa a vida da morte”, enfatiza Priscila Leite.

A neurologista também destaca a importância do cuidado contínuo após o evento. A reabilitação deve envolver uma equipe multidisciplinar, formada por neurologistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos e nutricionistas. Esse acompanhamento integrado reduz em até 40% as chances de um novo AVC e melhora significativamente a independência e a qualidade de vida.

O desafio, no entanto, vai além do tratamento: é também cultural e educacional. A desinformação ainda faz com que muitos pacientes demorem a buscar ajuda ou minimizem os sintomas.

“Ainda há quem pense que o AVC acontece só em idosos, ou que a fraqueza vai passar sozinha. Hoje, vemos casos crescentes em pessoas com menos de 60 anos, e cada segundo perdido pode custar funções vitais. Campanhas de conscientização, como as realizadas neste Dia Mundial, são fundamentais para mudar essa realidade”, reforça a médica.

Neste 29 de outubro, a mensagem é clara: prevenir é possível, reconhecer é vital e agir rápido salva vidas. Controlar a pressão arterial, manter uma alimentação equilibrada, praticar atividades físicas e evitar o tabagismo são atitudes simples que podem garantir mais anos de vida e bem-estar.

A neurologista Priscila Leite, ressalta que a informação é a maior aliada na prevenção e no enfrentamento da doença. O conhecimento sobre os sinais e a importância de agir com rapidez dá à população o poder de reagir e mudar desfechos. Com conscientização e acesso ao atendimento adequado, é possível transformar estatísticas em histórias de superação e esperança.