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Meio Ambiente

Foto: Divulgação

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A Conferência do Clima da ONU reuniu delegações de mais de 190 países em Belém, no Pará, para debater caminhos para a crise global. A Coalizão Vozes do Tocantins por Justiça Climática, rede formada por quinze organizações da sociedade civil, esteve presente e participou de incidências como a Marcha pelo Clima, integrando o bloco do Cerrado, que reuniu organizações com atuação no bioma. Cerca de 70 mil pessoas participaram da caminhada. 

“O bloco do Cerrado na Marcha Global foi sobre chegar, ocupar e não aceitar mais o silêncio. O bioma é o coração das águas do Brasil e mesmo assim segue invisível. Os povos do Cerrado cansaram de esperar reconhecimento e proteção territorial. Agora a gente cria fato político, canta alto, mostra quem somos e a força dos nossos povos. Marchar coletivamente é resistência, mas também é alegria, ritmo, maracá, coco e raiz profunda que ninguém arranca. Hoje foi só o começo. Daqui pra frente: sem Cerrado, sem clima! E o mundo vai precisar ouvir”, afirma a secretária-executiva da Rede Cerrado, Ingrid Silveira.

Além da Marcha, a juventude das Vozes do Tocantins participou de painéis, deu entrevistas e se uniu à coordenadora do GT Cerrado da Frente Parlamentar Ambientalista, deputada Dandara (PT/MG), para entregar carta de demandas da juventude do Cerrado ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos. Na carta, se destacam a necessidade de regularização fundiária, a inclusão do Cerrado como Patrimônio Nacional, o fortalecimento de órgãos ambientais e de fiscalização, a ampliação de escolas agrícolas, acesso à assistência técnica rural, a valorização da ciência indígena, entre outros.

Pensar global, agir local

A reunião de nações na COP é como uma grande reunião de condomínio, em que é preciso acertar as regras de convivência para que todos possam ter seus direitos garantidos. Nesse contexto, é levada em consideração as responsabilidades comuns, mas diferenciadas, entendendo que existem países que poluíram historicamente, existem os maiores poluidores atuais e existem os países que em nada contribuíram para a crise atual.

Assim, a Coalizão ressalta a máxima “pensar global, agir local”, entendendo que a crise é um consenso científico e que o Estado do Tocantins possui sua parcela de responsabilidade, especialmente em garantir a qualidade de vida da população. “A crise climática já é uma realidade tocantinense. Precisamos garantir água, alimentação e saúde para evitar que sejamos os próximos refugiados climáticos. É urgente a redução do desmatamento, o controle e priorização da captação de água para consumo, a valorização da agricultura familiar diversificada e a sociobioeconomia como estratégia de adaptação”, comenta a mestranda em Ciências do Ambiente e representante da juventude da Coalizão, Sarah Tamioso.

Foto: WWF Brasil

O princípio de “pensar global e agir local” também orientou o Programa Vozes pela Ação Climática Justa (VAC), responsável por impulsionar a criação da Coalizão Vozes do Tocantins e mais 13 redes na Amazônia Legal, além de outras iniciativas em países do sul global. O programa encerrou suas atividades durante a COP30, reunindo representantes do Brasil, Tunísia, Quênia e Bolívia para troca de experiências e apresentação de resultados. Nos encontros, as representantes da Coalizão Vozes do Tocantins, Sarah Tamioso e Genifer Almeida, destacaram os trabalhos na formação de jovens, na comunicação e na incidência em políticas públicas.

Foto: WWF Brasil

Vozes que ocupam os espaços

Ao contrário de outras edições da Conferência do Clima da ONU, em que a COP se restringe aos espaços oficiais - Zonas Verde (livre) e Azul (credenciada) - toda a cidade de Belém se envolveu, reservou espaços e criou programações de debate como a Aldeia COP, a Cúpula dos Povos, a COP do Povo, a Casa Sul Global, entre outros. Nesse contexto, organizações levaram grandes delegações, como o Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), que compõe a Coalizão Vozes do Tocantins por Justiça Climática.

“O ISPN levou mais de 50 pessoas à COP30, entre membros da equipe e lideranças de organizações de base e movimentos comunitários, porque considera essencial ocupar esse espaço com as vozes e perspectivas de povos indígenas, comunidades tradicionais e agricultores familiares, que são os mais impactados pela crise climática e também protagonistas na conservação da biodiversidade. Ao garantir sua presença em debates, painéis e mobilizações, fortalecemos a diversidade de soluções que vêm dos territórios, suas agendas de acesso e garantias a direitos e ampliamos a incidência por justiça socioambiental e climática nos processos globais de decisão”, explica a diretora superintendente do ISPN, Cristiane Azevedo.

Vozes do Tocantins na COP30

A delegação tocantinense contou com apoio de diversas organizações, entre elas o Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), Fundo Ecos, Projeto Bem Viver, Associação Onça D’Água, Fundo Casa Socioambiental, World Resources Institute (WRI), Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), União Europeia, Global Gateway, entre outros.

Estiveram presente a Associação Onça D’Água,  a Associação Comunitária de Artesãos e Pequenos Produtores de Mateiros (ACAPMM), a Associação Pyka Mex, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Centro de Trabalho Indigenista (CTI) e o Movimento Estadual de Direitos Humanos e Ambientais (MEDHA), além de representantes da juventude.