Em um estado onde os pequenos negócios movem a economia, o Tocantins já soma 55.672 empresas inadimplentes, de acordo com a Serasa Experian, referente a agosto. O dado chama atenção não apenas pelo tamanho, mas pelo efeito dominó que pode surgir quando não existe segmentação de riscos: dívidas do negócio avançam sobre o patrimônio pessoal e tornam a recuperação muito mais difícil.
No mesmo período, o Brasil contabilizou 8,1 milhões de empresas inadimplentes, sendo 7,7 milhões de Micro, Pequenas e Médias Empresas, ainda segundo a Serasa Experian. O cenário mostra que a crise financeira pesa mais justamente sobre quem tem menos estrutura para administrar riscos. E, quando atividades pessoais e empresariais se misturam, a margem para prejuízo aumenta: sem segmentação clara, dívidas da empresa podem atingir bens familiares e comprometer tudo o que foi construído ao longo dos anos.
De acordo com o presidente e coordenador técnico nacional do Instituto Brasileiro de Planejamento Patrimonial e Sucessório, Alex Coimbra, atitudes simples do dia a dia podem abrir espaço para bloqueios e responsabilização dos sócios. "Muita gente paga contas da casa com dinheiro da empresa ou usa um bem pessoal como garantia de dívidas comerciais sem perceber o risco disso. Imagine um pequeno empreendedor que movimenta as contas pessoais e empresariais no mesmo lugar. Se a empresa enfrenta uma cobrança judicial, esse patrimônio pode ficar exposto, mesmo que não tenha ligação direta com o negócio", afirma Alex Coimbra.
Ele destaca que organizar o patrimônio não é algo distante ou complicado, e que qualquer empreendedor pode adotar medidas preventivas. "Separar as atividades, definir responsabilidades e estruturar o patrimônio de forma clara são passos simples que fazem muita diferença. Isso evita prejuízos, reduz conflitos entre sócios e protege a família em momentos de instabilidade", ressalta.
No Tocantins, onde a economia é puxada principalmente por Micro, Pequenas e Médias Empresas, essa organização se torna ainda mais importante. Em muitos casos, a falta de clareza patrimonial deixa o empreendedor mais vulnerável quando ele mais precisa de segurança.
O especialista recomenda ainda que empresários busquem orientação para identificar possíveis pontos de risco e revisar a forma como o patrimônio está distribuído. Em um cenário de inadimplência crescente no país e com a forte presença de pequenos negócios no estado, entender essa estrutura e adotar medidas proporcionais ao tamanho da empresa se torna uma estratégia importante para garantir continuidade, segurança e proteção familiar. (Precisa/AI)

