O Teatro Sesc Palmas recebe na próxima terça-feira, dia 9 de dezembro, às 20 horas, a estreia de Sagrado Vermelho, novo espetáculo da bailarina e pesquisadora Liu Moreira, que une dança contemporânea, música ao vivo e artes visuais para celebrar a espiritualidade, a memória feminina e a simbologia das mulheres-cabaça e do urucum para os povos tradicionais.
Nascido do diálogo entre corpo, imagem e ancestralidade, Sagrado Vermelho é inspirado na exposição Urucum: Sagrado Vermelho, do fotógrafo Emerson Silva, e mergulha na história das Mulheres-Cabaças — figuras guardiãs do saber, da fertilidade e da força criadora, dentro da cultura Krahô a cabaça representa o feminino, a fertilidade e a conexão com a terra. Em cena as imagens ganham movimento, luz e vibração, dissolvendo fronteiras entre dança e artes visuais, rito e contemporaneidade.
Para Liu Moreira, o espetáculo é resultado de uma investigação profunda sobre corpo e ancestralidade. “Sagrado Vermelho é um ritual de encontro com a história das mulheres ancestrais. A pesquisa nasceu do encontro com a simbologia do urucum e mergulha na história das mulheres-cabaças do povo Krahô, narrada pela educadora Creuza Prumkwyj Krahô, que descreve que a primeira mulher-cabaça veio do Sol e transmitiu o conhecimento da vida e dos saberes da terra para as mulheres da etnia Mehin. Em cena, meu corpo tenta ser ponte entre essas memórias e o presente, permitindo que a dança seja uma forma de escuta e de resistência”, afirma a artista.
Ela destaca ainda a relação íntima entre movimento e imagem. “Quando entro em cena, eu atravesso essas imagens de Emerson Silva como quem atravessa um território ancestral. Cada gesto nasce do simbolismo da cabaça e do urucum e nos conecta ao sagrado feminino. É um espetáculo que não só se assiste — se sente.”
A trilha sonora é composta e executada ao vivo pelos músicos Márcio Bello e Murilo Pontes, que mesclam percussões, cantos e sons da natureza para criar uma ambiência orgânica, pulsante e espiritual. A direção artística é de Meire Maria Monteiro, enquanto a direção coreográfica está a cargo de Rosa Antuña. O cenário e figurinos são assinados por Vivian Oliveira e Marcos Dutra, com mapping do artista visual Luiz Izidoro.
Esse conjunto de linguagens transforma o espetáculo em uma experiência sensorial e coletiva, onde o público é convidado a atravessar, junto à bailarina, um território sagrado marcado por memória, presença e força feminina.
Foto: Emerson Silva/ DivulgaçãoSobre a artista
Liu Moreira desenvolve pesquisa em dança vinculada à ancestralidade, à oralidade e aos saberes tradicionais. Em Sagrado Vermelho, ela amplia a investigação iniciada em seu trabalho Ninho, transformando o corpo em espaço de memória, ritual e reconexão com as raízes ancestrais femininas.
Bailarina, Coreógrafa e Produtora Cultural. Mais de 30 anos de experiência na área da dança. Integrou a Cia Contagius de Teatro e Dança do Tocantins e Grupo Êxtase de Dança de Viçosa/MG. Circulou com o Espetáculo solo Ninho pelo Palco Giratório do Sesc 2023, recebeu os Prêmios Funarte de Circulação e Difusão em Dança 2023 e Bolsa Funarte de Dança Klauss Vianna 2024. Atualmente é professora do Curso de Teatro da UFT; fundadora e coordenadora do Coletivo Jiquitaia que desenvolve ações de pesquisa, criação e difusão da dança, produzindo trabalhos acadêmicos, materiais artístico-pedagógicos e espetáculos.
Realização
O espetáculo é uma realização da Associação de Arte Ninho Cultural, com apoio da Política Nacional Aldir Blanc/PAAR, do Ministério da Cultura, operacionalizada pela Secretaria de Cultura do Tocantins.


