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Saúde

Foto: Freepik

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Com a chegada do Natal, as casas ganham mais movimento, reuniões familiares e, principalmente, presentes para os pequenos. Entre luzes, embrulhos e brinquedos novos, cresce também a responsabilidade dos pais em observar com atenção o desenvolvimento dos bebês, especialmente quando o assunto é a audição, fundamental para a aquisição da linguagem e para o aprendizado ao longo da infância.

Segundo a Dra. Raquel Rodrigues, otorrinolaringologista do HOPE – Hospital de Olhos de Pernambuco, os primeiros sinais de que algo pode não estar indo bem aparecem logo nos primeiros meses de vida. “Quando o bebê não se assusta com sons altos, não se acalma com a voz dos familiares, não demonstra interesse por músicas ou não consegue localizar de onde vem o barulho, isso pode indicar uma dificuldade auditiva”, explica. A médica destaca ainda que a falta de atenção aos sons da fala também merece atenção, já que o interesse pela voz humana começa muito cedo.

O desenvolvimento auditivo segue etapas bem definidas. “Por volta dos três ou quatro meses, o bebê já começa a prestar atenção nos sons, e aos seis meses surge o balbucio (fase inicial da evolução da fala). Quando essas fases não acontecem, é um alerta importante”, afirma. Mesmo após a realização da triagem auditiva neonatal, conhecida como teste da orelhinha, a especialista reforça que o acompanhamento deve continuar. “Passar no teste ao nascer não significa que podemos relaxar. É essencial observar o comportamento auditivo ao longo do crescimento”, pontua.

Para investigar possíveis alterações, existem exames específicos que variam conforme a idade e o histórico da criança. “O teste da orelhinha é a triagem inicial, mas bebês com fatores de risco podem precisar de exames eletrofisiológicos, como o BERA. Nos primeiros meses, conseguimos realizar esses testes durante o sono natural, o que facilita muito”, explica. À medida que a criança cresce, outros métodos podem ser utilizados. “Em crianças maiores, já é possível fazer audiometria adaptada para a faixa etária. A escolha do exame depende do que estamos avaliando e do comportamento auditivo observado”, completa.

A Dra. Raquel alerta que problemas auditivos podem ser confundidos com atrasos no desenvolvimento da fala. “A audição é a porta de entrada da linguagem. Se essa via não se desenvolve adequadamente, a consequência será uma dificuldade na fala mais adiante”, ressalta. Segundo ela, antes de iniciar qualquer fonoterapia, é indispensável descartar uma perda auditiva. “Não faz sentido estimular a linguagem se a criança não está escutando bem. Primeiro, precisamos identificar se existe perda, qual o tipo e o grau, para só depois pensar em reabilitação e terapia”, orienta.

Entre as causas mais comuns de perda auditiva na infância estão fatores congênitos, infecções, prematuridade e exposição a ruídos intensos. “Bebês prematuros que passam por UTI podem estar mais expostos a sons inadequados ou a medicações ototóxicas, que podem lesar o nervo auditivo”, explica a médica. Além disso, ela chama atenção para o ambiente doméstico. “A criança tem um conduto auditivo menor, então a pressão sonora é maior. Sons que não incomodam um adulto podem ser prejudiciais para um bebê”, alerta.

Com relação aos presentes natalinos, a especialista reforça que nem todo brinquedo é seguro. “Muitos brinquedos sonoros têm volume muito alto, como sirenes e alarmes, que podem causar irritabilidade e até prejuízo à saúde auditiva”, diz. De acordo com a médica, o ideal é que bebês não sejam expostos a sons acima de 50 decibéis, enquanto crianças um pouco maiores podem tolerar, com cautela, até cerca de 60 decibéis.

Na hora de escolher o presente, a orientação é priorizar estímulos mais naturais. “O melhor presente para estimular a audição é a presença do adulto conversando com a criança, em um ambiente tranquilo e sem ruído competitivo”, afirma. Instrumentos musicais simples, como tambores ou teclados com volume regulável, são opções mais seguras. “Livros também são excelentes, porque estimulam a audição, a visão e fortalecem o vínculo afetivo”, completa.

Para a médica, o Natal é um convite à reflexão sobre o que realmente importa. “Ser presente é o melhor presente. A conversa, a leitura e o contato humano são insubstituíveis no desenvolvimento auditivo e da linguagem”, finaliza a Dra. Raquel Rodrigues, otorrinolaringologista do HOPE – Hospital de Olhos de Pernambuco.