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Meio Ambiente

O governo decidiu nacionalizar um projeto na Amazônia que tem verba da Nasa (a agência espacial americana) e é o maior programa de cooperação científica do mundo na área ambiental. O Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA, da sigla em inglês), que completa dez anos em 2008, envolve cerca de dois mil pesquisadores brasileiros e estrangeiros.

Muitas vezes acusado de ferir a soberania nacional, o LBA passará a contar exclusivamente com recursos brasileiros – e o governo está atrás de financiamento, pois tem pouco mais de um terço do necessário. A Nasa, que financiou 15 torres de observação espalhadas atualmente pelas regiões Norte e Centro-Oeste, é, hoje, o principal parceiro financeiro.

Em Tocantins, as pesquisas já influenciaram a economia local: o setor de cerâmica começa a promover uma mudança na sua matriz energética. Além da nacionalização, o Brasil vai criar uma convergência entre todos os projetos científicos desenvolvidos na região amazônica, o que inclui o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam).

A decisão foi tomada na quarta-feira, numa reunião liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ficou acertado também que o novo projeto – que informalmente já vem sendo chamado de Programa Amazônia – vai abranger todas as áreas de pesquisa científica, e não apenas as de base ambiental.

Falta decidir a que ministério ficará subordinado." Gostaríamos que ele ficasse no Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Mas admito que, pela abrangência e pela importância do programa, será necessário negociar com todas as pastas, inclusive com a Casa Civil e o Ministério da Defesa" admitiu o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCT, Luiz Antonio de Castro.

O secretário está convencido de que a sinergia entre os projetos na Amazônia é fundamental e urgente, até porque alguns deles são considerados conflitantes, enquanto outros são vistos como redundantes. O secretário fez questão de frisar que a nacionalização do LBA não foi uma decisão motivada por qualquer movimento em defesa da soberania nacional.

Castro admitiu que, em muitas ocasiões, esse questionamento ocorreu sim, até porque a Nasa chegou a ser intransigente em muitas negociações. Só que ele preferiu não entrar em detalhes. "A neurose da soberania ficou totalmente sem sentido no mundo de hoje – comentou o secretário, informando que, recentemente, recebeu imagens da Amazônia, tiradas pelo satélite da China, em altíssima resolução".

Cálculos preliminares dão conta de que a Nasa já teria investido cerca de US milhões no LBA, dos US0 milhões consumidos desde o nascimento do projeto, em 1998. O LBA é fruto de acordos internacionais de cooperação científica – tem também investidores europeus – e está sob a responsabilidade do MCT e do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa). Cabe ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) gerir seu banco de dados. Ao nacionalizar o LBA, o governo será obrigado a investir R milhões por ano – mas conta apenas com R$ 3,6 milhões.

(AG)