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Foto: Divulgação Show musical na temporada de praia Show musical na temporada de praia
  • Trem com o presidente Lula chegando ao pátio multimodal na visita a Babaçulândia - Foto - Valec
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  • Babaçulândia, o rio Tocantins e as serras

Na próxima segunda-feira, 23, Babaçulândia comemora 55 anos de autonomia política. Nos últimos oito anos tem sido uma constante a comemoração cívica da conquista alcançada em 1953.

A data será lembrada com uma série de atividades e inaugurações no penúltimo final de semana de junho, com a Prefeitura Municipal entregando à população, no dia 21, a pavimentação asfáltica das ruas do setor Borboleta e a Praça Natal Costa. À noite, haverá show musical com a banda ‘Os Líderes’ na Praça Natal Costa. No dia 22, a partir das oito da manhã, será a vez da 15ª Cavalgada oportunizar a confraternização de patrões, peões e amazonas num evento muito aplaudido pela população e que tradicionalmente conta com a participação de importantes lideranças políticas estaduais.

Bolo de 55 metros

A marca registrada da comemoração na administração do prefeito Agimiro Costa é o bolo de aniversário preparado pela Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social com o auxílio popular.

A cada ano, o bolo cresce um metro. Em 2008, ele terá 55 metros de comprimento e será montado na Praça do Centro Comercial.

Segundo Agimiro Costa, hoje o babaçulandense orgulha-se de sua cidade. “Quando nós chegamos aqui, a nossa gente tinha vontade de dizer que amava Babaçulândia, mas tinha vergonha. Agora é completamente o contrário, isso é dito para quem quiser ouvir”.

História

Embora tenha sido emancipada pelo governador de Goiás Pedro Ludovico Teixeira através do Decreto-lei nº 741, de 23 de junho de 1953, a história de Babaçulândia não nasceu aí. Como a maioria das cidades à margem do rio Tocantins, ela tem muita história pra contar.

Tudo começou antes da primeira metade do século XIX. A frente pastoril que avançava desde 1730, a partir de Pastos Bons (MA), implantando fazendas de gado no sertão do sul do Maranhão, chegou finalmente por volta da segunda década do século XIX às margens do rio Tocantins, criando a cidade de Carolina. Outra vertente desse avanço criava bem acima em igual época Boa Vista do Tocantins (Tocantinópolis).

Um dos primeiros ocupantes não-índio das terras de Babaçulândia de quem existe registro histórico foi Aureliano Euzébio da Silva Virgulino. Era oriundo de Carolina, possuindo terras no Maranhão e a fazenda Matança dentro da área onde depois nasceria o município de Babaçulândia.

Quando morreu em 1866, Aureliano deixou – segundo dados do inventário de seus bens no Fórum de Carolina – 150 cabeças de gado na Fazenda Matança. Seus herdeiros continuaram possuidores de fazendas na região.

Por muito tempo essa vasta área foi ocupada por fazendas de gado, dedicando-se seus moradores à agricultura de subsistência e exportando alguma carne e couro para outras praças pelo rio Tocantins. De Belém e São Luís vinham sal, ferragens, remédios e secos e molhados. Toda essa região, pela presença abundante da palmeira do babaçu, era conhecida como Coco.

Nasce o centro urbano

Um pouco antes da terceira década do século XX, com o incremento da navegação fluvial no Tocantins pela popularização do barco a motor diesel, o centro urbano nasceu. O responsável pela sua criação foi Henrique de Figueiredo Brito, natural de Tocantinópolis.

Em junho de 1926 mudou-se para a região, conhecida por ele desde muito tempo nas peregrinações como sacristão do padre João de Souza Lima (João da Boa Vista). Bem antes, numa das oportunidades em que acompanhava o padre em suas desobrigas pelo sertão conheceu Emília — bisneta pelo lado paterno de Aureliano Euzébio —, que morava na fazenda com os pais. Por parte de mãe, era bisneta de Antônio Dias Ribeiro, outro pioneiro da região. Casou com ela e levou-a para Tocantinópolis.

Quando em 1926 regressou para montar um pequeno comércio à margem do rio Tocantins, tinha já três filhos. Os outros seis nasceram na cidade que criou. No novo local de moradia, próximo às terras do sogro Aureliano Ayres da Silva (Lolô), Henrique Brito encontrou outros moradores em casebres às margens do grande rio. Esse pequeno aglomerado deu origem à Nova Aurora do Coco.

A partir daí o povoado só cresceu e recebeu o nome de Babaçulândia, ainda com o duplo ‘s’ em vez do ‘ç’. Em 30 de março de 1938, no Decreto-lei nº 557 da divisão administrativa e judiciária do Estado já era assim conhecido o distrito que pertencia a Tocantinópolis. A partir dessa época, o babaçu despertou interesse dentro e fora do Brasil. Estava aberto o caminho para a exportação da grande riqueza do lugar: a amêndoa do babaçu.

Outras atividades subsidiárias, como a fibra da malva, planta nativa da região, também ganharam mercado. A malva, utilizada na confecção de sacos de aniagem, foi explorada até a extinção econômica, sendo suas fibras vendidas para o mercado paraense.

Foi um período de grande ebulição na cidade em que, junto com o desenvolvimento trazido pelo agroextrativismo do babaçu e da malva, a população cresceu. Como vimos, na década de 1950, no auge da exploração da amêndoa do babaçu, Babaçulândia obteve a sua autonomia política, tendo sido nomeado como primeiro prefeito Osias Araújo, para um mandato de 1º de janeiro de 1954 a 31 de janeiro de 1955. O primeiro prefeito escolhido pelo voto popular foi José Milhomem, de 31 de janeiro de 1955 a 31 de janeiro de 1959.

Ao mesmo tempo em que exportava babaçu e malva para Belém, Babaçulândia abastecia o mercado de Marabá, aquecido pela exploração de diamantes e castanha-do-pará, com gêneros alimentícios, notadamente carnes suína e bovina, além de arroz, feijão e até banana. Nas viagens a Belém eram empregados os barcos a motor, com capacidade de carga variando entre 40 a 60 toneladas. Iam carregados de produtos da floresta e voltavam trazendo manufaturas.

Para Marabá, o meio de transporte empregado para deslocamento pelo rio era outro: a balsa. Era confeccionada na maioria das vezes com talos de buriti amarrados com cipó ou ainda com tambores vazios de combustível de 200 litros. Era uma viagem perigosa, mas que dava bons dividendos. Entretanto servia apenas para a viagem de ida. A volta, após a comercialização rápida dos mantimentos, era em barcos a motor ou até de avião, quando empresas aéreas já faziam linha na região.

Por conta de firmar-se como pólo agroextrativista e distribuidor de mercadorias, a cidade estendeu sua influência comercial ao norte até Wanderlândia; a oeste, a Xambioá e Araguanã; e ao sul, até os sertões de Pedro Afonso e Dois Irmãos.

Uma nova realidade

Babaçulândia viu a sua importância decrescer quando o desenvolvimento tecnológico trouxe alternativas ao emprego do óleo de babaçu, quer no setor de alimentação quer na cosmética. Foi uma substituição duplamente amarga: surgia também na época a rodovia BR-153 (Belém-Brasília), a realização do sonho integracionista de Juscelino Kubitschek, em 1959.

Hoje Babaçulândia é pólo turístico na região norte tocantinense. Tem ótimas praias que atraem milhares de turistas na alta temporada de férias do meio do ano, tendo por isso sido duas vezes premiada pela Embratur com o selo de Cidade Turística.

Tem também um conjunto de cachoeiras que deverão fazer expandir a sua importância no setor turístico.

Em 2008, Babaçulândia corre novamente nos trilhos do desenvolvimento. A Ferrovia Norte-Sul, marginal ao rio Tocantins e passando nos subúrbios da cidade, é vetor para o desenvolvimento nas próximas décadas.

O Pátio Multimodal, no entroncamento da TO-222 com a TO 424, abrigará empresas de logística e cargas, frios, grãos e combustíveis e uma área industrial. Um manancial para o emprego da população da cidade. Igualmente uma ponte para o desenvolvimento será a usina UHE-Estreito, ela favorecerá o setor turístico na cidade, que será banhada pelo lago. (Da redação com informações da Assimp de Babaçulândia)