Disponíveis há dez anos no mercado, os remédios para tratamento de problemas de ereção transformaram a vida de milhares de homens em todo o mundo. No entanto, por estresse, ansiedade ou apenas pelo desejo de aumentar a potência sexual, muitos recorrem aos remédios sem orientação médica, o que pode acarretar riscos a médio e longo prazo.
O uso sem acompanhamento dessas substâncias, apontam especialistas, pode provocar não apenas efeitos colaterais pela combinação com medicamentos para problemas cardíacos. As conseqüências da automedicação prolongada para a saúde, no entanto, ainda são desconhecidas.
“Daqui a 20 anos, poderemos saber o que acontece com os jovens que fazem uso prolongado e sem necessidade desses medicamentos. Ainda é muito cedo para pontuar qual o real dano do consumo abusivo”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, José Carlos de Almeida.
Segundo Almeida, os principais órgãos afetados são os que processam as substâncias químicas, como o fígado e os rins. O problema pode se tornar mais grave caso o paciente tenha limitações em metabolizar drogas. “Dependendo do tipo de organismo do paciente, os danos podem ser até definitivos”, alerta.
Mesmo que não acarrete prejuízos imediatos à saúde, o consumo indiscriminado de medicamentos para disfunções eréteis é capaz de provocar um dano a curto prazo: a dependência psicológica. “Com o passar do tempo, um jovem com atividade sexual normal só terá confiança para ter relações se o remédio estiver acessível. Ele cria um vínculo emocional que prejudica a atividade espontânea”, explica o urologista.
A sexóloga Claudirene dos Santos, da Universidade Católica de Brasília, ressalta que esses medicamentos só podem ser receitados após a realização de exames médicos que comprovem a disfunção erétil. “É preciso que as dificuldades de ereção permaneçam por pelo menos seis meses”, destaca.
O consumo desses remédios, segundo ela, muitas vezes é desnecessário porque o indivíduo tem outros problemas que podem ser resolvidos apenas com a busca do bem-estar físico e mental. “Em vários casos, o homem sofre de estresse ou de algum problema que afeta a circulação de sangue, falhas que não necessariamente se caracterizam como disfunção e podem ser tratadas de outras maneiras”, acrescenta.
Ela lembra ainda que os remédios para estimular a ereção apenas melhoram a circulação dentro do pênis, sem atuar sobre o desejo sexual: “Se o indivíduo não estiver excitado, de nada adiantará tomar o medicamento, pois ele não atua sobre a libido”.
Para combater a automedicação, Claudirene defende um trabalho amplo de conscientização para repensar a sexualidade masculina. “Por que a virilidade tem de ser tão centrada no órgão sexual? A gente sabe que nem sempre é preciso chegar ao orgasmo para atingir o prazer”, questiona.
Agência Brasil