O desmatamento no cerrado do país terá aumentado 14% até 2050, o que deve reduzir a área preservada para cerca de 1 milhão de km2. Os dados são de um estudo da Universidade Federal de Goiás (UFG) que prevê redução de 40 mil km2 do bioma por década, se for mantido o ritmo atual de avanço da fronteira agrícola e pecuária.
As áreas já devastadas deverão subir dos 800 mil km2 de 2002 para 960 mil km2 daqui a quatro décadas. Esse aumento representa a metade do Estado de Goiás ou dez vezes a área do Distrito Federal. Até 2020, cerca de 60 mil km2 poderão ser incorporados ao sistema agrícola da região. Os cálculos, feitos pelo professor da UFG Manuel Eduardo Ferreira, com base em imagens de satélites, sinalizam para uma expansão da fronteira agrícola no cerrado em direção às regiões Norte e Nordeste do país, sobretudo Bahia, Piauí e Maranhão, onde é crescente o plantio de soja.
Isso trará consequências socioeconômicas e ambientais, como maior comprometimento das bacias hidrográficas de todo o bioma, com prejuízos diretos para os recursos hídricos, solo e biodiversidade da região. O cerrado se espalha por dez Estados e o Distrito Federal. É o segundo maior bioma dos seis existentes no país, perdendo para a Amazônia. É também considerado uma das savanas mais ricas do mundo por causa do contato biológico com biomas vizinhos. Em áreas de cerrado estão nascentes de importantes rios da bacia Amazônica, do Prata e do São Francisco.
Ferreira atua no Laboratório de Processamento de Imagem e Geoprocessamento (Lapig) do Instituto de Estudos Socioambientais da UFG, principal organismo a estudar o cerrado no país. O Lapig é credenciado pelo Ministério do Meio Ambiente e trabalha com imagens de satélites, o que o MMA não faz - o controle por satélite é somente para a Amazônia. O estudo foi realizado em conjunto com a Universidade Federal de Minas Gerais - Departamento de Cartografia, Centro de Sensoriamento Remoto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.