Mães que colocam seus filhos para vender drogas para obter o sustento, outras que vendem os produtos da feira e os móveis da casa para comprar crack, esse é o retrato da dimensão do problema do consumo das drogas na cidade de Dianópolis, a 320 km de Palmas. Encontrar formas de tratar o assunto foi um dos objetivos do projeto “Juventude sem drogas”, lançado nesta última terça-feira, 28, em Dianopólis e a instalação do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas do Município.
Estavam presentes na solenidade, o secretário da Cidadania e Justiça, Télio Leão Ayres, o prefeito de Dianópolis, José Salomão Jacobina Aires, o idealizador do projeto, Juelcy Alves da Silva, secretário municipal da Juventude e outras autoridades locais.
Com a intenção de mobilizar o maior número de pessoas para discussões sobre as drogas, como atividades do projeto ‘Juventude sem drogas’, foi realizada uma caminhada no setor Santa Luzia, uma palestra sobre ‘drogas diversas’, ministrada pelo sargento PM, Francisley Antônio Paulino, do Proerd - Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência e depoimentos de pessoas que passaram pela experiência do vício.
O secretário Juelcy explicou que 33% da população de Dianópolis é formada por jovens e é necessário a execução de programas e projetos que auxiliem estas pessoas a cultivarem novos valores.
O secretário Télio Leão Ayres falou da necessidade das pessoas estarem agindo juntas para combater o problema das drogas. “Esse encontro é importante para que a sociedade entenda que a questão das drogas é um problema de todos nós”. Télio Ayres lembrou da escalada que o crack vem ocupando na sociedade. “Temos que trabalhar na prevenção. As famílias tem que entender o seu verdadeiro papel. Todos os que estão aqui devem ser multiplicadores nas ações de esclarecimentos”, frisou o secretário.
O prefeito José Salomão disse que o momento teria um significado especial, primeiro, pela assinatura da portaria instalando o Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas e, segundo, pela oportunidade de diversos setores estarem discutindo juntos o problema. “É nosso dever de cidadania combater o uso das drogas”. Ele ressaltou o trabalho desenvolvido pelas igrejas e Maçonaria no que se refere a conscientização das pessoas.
Parar para não morrer
A história da dona-de-casa Marinalva (nome fictício a pedido da entrevistada), 41 anos, mãe de seis filhos, usuária do crack, é o retrato do que a droga faz com o ser humano. Marinalva apresenta traços de uma pessoa que tem dificuldade de relacionar as idéias com certa lógica.
Usa a droga há um ano e três meses. Disseram a ela, que iria morrer antes de completar dois anos de vício, fato que fez com que Marinalva achasse uma luz para se agarrar e parar de consumir o crack. Ela está há um mês sem usar a droga. “Não é fácil parar. Quando uso o crack primeiro vem aquela sensação boa, depois vem uma forte depressão, estamos sem dinheiro e sem as nossas coisas, quase todas vendidas para comprarmos a droga”.
Marinalva encontra ajuda numa igreja evangélica e em algumas amigas que estão lhe incentivando a frequentar a escola e procurar um emprego. “Para parar 95% depende de nossa força de vontade, os outros 5% da ajuda e dos medicamentos. Não é fácil é um luta diária”.
Fonte: Secom