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Polí­tica

A cassação do governador Marcelo Miranda (PMDB) levada a cabo pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na madrugada desta sexta-feira, 26, parece que não preocupava, nem anda preocupando os peemedebistas. Explica-se. É que findado todos os trâmites recursais pela equipe de defesa e concretizando-se o afastamento definitivo do governador, quem assume o governo interinamente é o presidente da Assembleia Legislativa, Carlos Henrique Gaguim (PMDB).

Ao presidente caberá a função de conduzir o processo, que ao final de 40 dias escolherá o novo governador do Estado do Tocantins por via indireta, através do voto dos 24 deputados estaduais. E como já é do conhecimento de todos, Carlos Gaguim, um pré-candidato ao governo nas eleições de 2010, deverá submeter seu nome ao escrutínio.

A tranquilidade dos peemedebistas é tamanha, que na tarde de ontem, momentos antes do início do julgamento, um importante peemedebista, membro da executiva do partido, ouvido pelo Conexão Tocantins, disse que não estava preocupado com a cassação do governador. “Não estou preocupado com isto não, quero saber é do jogo da seleção brasileira. Já começou?”, indagou.

Antes de colocar seu nome à prova dos deputados, entretanto, Carlos Gaguim deverá seguir os rituais partidários, passando pela convenção que deverá ser convocada no decurso constitucional que o caso indica. Depois disso, aí sim, vem a campanha na Assembleia. Lá, a oposição só conta com 6 deputados, portanto, em tese, praticamente impossível eleger o futuro governador.

Carlos Gaguim por outro lado, ou quem o PMDB indicar em convenção para concorrer, poderá ter a seu dispor no mínimo 16 votos governistas mais a possibilidade da adesão da deputada Solange Duilibe (PT), partido que declarou oposição à Marcelo Miranda, mas não ao PMDB, há pouco mais de 2 meses - como isto acontece até hoje ninguém entendeu - e também do “pseudo-petista” Manoel Queiroz, com quem mantem boa relação. Portanto, novamente repito, em tese, podendo chegar a 18 votos, o que garantiria uma eleição tranquila.

A maior dificuldade às pretensões de Carlos Gaguim deve mesmo vir de dentro de seu próprio partido. Na semana passada na reunião que o governador manteve com membros da sigla, o nome do deputado federal, Moisés Avelino, despontou como o centro das ações visando uma articulação do PMDB “para as eleições de 2010”. Naquela reunião, é bom lembrar, não estavam, alem de Carlos Gaguim; o deputado federal Osvaldo Reis, presidente regional do PMDB e aliado de primeira mão do presidente e nem o senador Leomar Quintanilha. Cada um deu sua justificativa para a não participação na reunião. Mas o gesto político semântico que ficou foi que os três não estavam fechados com Avelino.

Como nem Marcelo Miranda, nem o seu vice Paulo Sidnei (PPS) podem se candidatar, este é o cenário que se descortina para o futuro político do Tocantins. Os outros nomes que devem se alinhar no páreo para a disputa são o senador João Ribeiro (PR), coordenador político da União do Tocantins (UT) e ligado ao ex-governador Siqueira Campos (PSDB), autor do recurso que culminou na cassação; a senadora ruralista, Kátia Abreu (DEM), que enfrenta forte rejeição dentro do PMDB e outros partidos da base - Kátia lançou-se pré-candidata ao governo em 2010, ardilosamente oportunista, prevendo a cassação de Marcelo Miranda e visando colocar seu nome à disposição na atual conjuntura.

O prefeito da capital, Raul Filho (PT), corre por fora. Raul tem feito um excelente trabalho na capital, mas suas pretensões devem mesmo ser focalizadas em se viabilizar para 2010, quando aí sim, poderá ser um candidato de peso, graças ao carisma que carrega. Quanto ao ex-governador Siqueira Campos, autor da ação que propiciou todo este atropelo na política tocantinense, deve mesmo se recolher. Uma nova derrota, mesmo que em eleição indireta, não contribuiria em nada com sua bonita biografia. Seria um risco desnecessário para sua história, tão grande quanto foi em 2006, quando não soube ler o sinal de mudanças na sociedade e insistiu no seu nome, quando poderia ter colocado na disputa seu filho, o ex-senador Eduardo Siqueira Campos (PSDB).

Raio X da Casa de Leis

Deputados governistas: 6 (seis) do PMDB; Carlos Henrique Gaguim, Eli Borges, Iderval Silva, Josi Nunes, Junior Coimbra, Sandoval Cardoso. 4 (quatro) do partido Democratas; Angelo Agnolin, César Halum, Paulo Roberto, Toinho Andrade. E mais, Eduardo do Dertins (PPS), Fábio Martins (PDT), José Viana (PSC), Pedro Lima (PR). Amélio Cayres (PR) e Raimundo Palito (PP) são cristãos novos no governo. Até o início do ano eram oposicionistas.

Os petistas Manoel Queiroz e Solange Duailibe, considerados independentes em função de orientação do Diretório Estadual do PT, na prática sempre votam com os governistas e podem vir apoiar um candidato ligado ao governo cassado.

Deputados oposicionistas: Cacildo Vasconcelos (PP), José Geraldo (PTB), Luana Ribeiro (PR), Marcello Lelis (PV), Raimundo Moreira (PSDB), Stalin Bucar (PSDB).

 

(Umberto salvador Coelho)