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Opinião

Alguém pode até me chamar de saudosista, de um sonhador, mas esta semana, andando pelas ruas de Gurupi, no estado do Tocantins, reparei numa muma espécie de cultura arquitetônica que virou mania nesta que é conhecida como a “Capital da Amizade”. Estou falando do muro!

Recordo-me quando aqui chequei em 1983, vindo de Brasília, o que mais me chamava a atenção eram as famílias sentadas em frente de suas casas, no fim de tarde, num bate-papo descontraído e animador.

Lembro-me que a gente ainda se podia dar ao luxo de deixar nossos carros estacionados no meio da rua, sem nos preocuparmos em trancá-los ou com a instalação de alarmes contra furtos.

Bons tempos aqueles, onde não existia a preocupação de construirmos muros ou até mesmo muralhas ao redor de nossas residências para que não fossemos mais uma vítima dos “amigos do alheio”

Hoje, os tempos são outros. O cidadão honesto se vê obrigado a “ficar preso” em seu próprio domicílio enquanto muitos marginais andam à solta por aí, só esperando uma boa oportunidade para cometer outro delito.

A construção de muros virou a modamania do momento em Gurupi. Têm muros de todas as espécies e para todos os gostos. Existe até, em alguns casos, a preocupação de morador em caprichar mais na feitura do muro, mesmo que a sua casa não seja assim, digamos, uma mansão!

Eu sei que a indústria de construção de muros prospera a passos largos em Gurupi. Ter uma casa suntuosa ou até mesmo um barraco mais humilde, mas com um muro bem feito e traçado arquitetônico arrojado é sinal de status na cidade.

Então, diante dessas despretensiosas considerações, só resta a nós, cidadãos de bem, darmos viva ao muro!

Viva ao muro!

(Zacarias Martins)