Fazendo parte do roteiro cultural-religioso do Tocantins, e divulgado pela Adtur - Agência de Desenvolvimento Turístico -, uma manifestação religiosa que carrega em si todas as cores do tradicional é o festejo que homenageia o padroeiro de Paranã, São João Batista. Na região Sudeste, na confluência dos rios Palma e Paranã, a cidade está bem movimentada, com hotéis lotados e restaurantes e praças cheios, além de casas de famílias que recebem parentes e visitantes.
Com todas as características culturais remanescentes do século 18, percebem-se nesta comemoração mais detalhes nos rituais e na composição geral da festa. As homenagens ao santo menino São João Batista têm como representantes reais as crianças David Bezerra Benevides, o capitão-do-mastro( 7 anos); rainha Paula Stéfane (5 anos) e o rei Jonas Vitor (7 anos).
Na véspera de sua coroação, dia 23, é realizada a esmola geral. À noite, o cortejo real chega à igreja matriz, saindo da residência do capitão-do-mastro em procissão, onde candeias acesas conduzidas por uma multidão de pessoas, além de velas fixadas na ponta de varetas, e ao som de uma banda de sanfoneiros, clarinete e surdo, compõe quadro de muita beleza e forte demonstração de fé.
Foguetes, fogueira latejando chamas em frente à igreja, barraquinhas de comercialização de produtos típicos como canjica, bolos, paçoca além de rosários, livros religiosos e bugigangas de couro popularizam o cenário. Com duas torres laterais de onde pendem sinos que tocam pausadamente, a igreja tem todo o estilo de arquitetura mourística importada de Portugal no século passado. Enfeitada por vitrais artísticos que representam cenas religiosas e produzidos ali mesmo em Paranã, o templo foi adereçado por senhoras com arranjos de balões, cetim e tapete azul.
Após a missa solene oficiada por monsenhor Jones Pedreira, dançarinas de súcia puxam a frente do cortejo, dançando ali mesmo dentro da igreja até o espaço de fora, recebidas pelo povo inquieto pela apresentação. A comitiva real rodeia por três vezes a fogueira e o mastro com o estandarte com a figura de São João Batista, em seguida elevado em haste de 20 metros.
Inicia a súcia, dança folclórica ao som de música regional, cadente e vibrante. São mulheres vestidas de branco, com enfeites estampados em chita que rodopiam descalças, uma com garrafa equilibrada na cabeça, outras provocantes segurando flores e rodopiando até o chão, sempre ocupando toda a área em círculos.
No final, a procissão segue para a parte gastronômica à base de muita comida e bebidas, na casa do capitão-do-mastro. Pela manhã novo cortejo inicia o reinado de São João, com crianças vestidas como anjos e o rei e a rainha à frente em trajes ricos e coloridos. Após percorrer as ruas muito enfeitadas com bandeirolas e flores, sempre seguidos por grande número de pessoas também em trajes finos,chegam novamente à igreja e são coroados.
Uma manifestação que registra a tradição secular e traz nostalgia a pessoas, como a professora aposentada Isaltina Benevides, 64 anos, nascida em Paranã e moradora em Goiânia. Ela vem todos os anos nesta época como muitas famílias da cidade, que confraternizam e trazem amigos.
Fonte:Secom