Ao assumir o microfone, nas inaugurações da Ferrovia Norte-Sul, na tarde desta terça-feira, 21, o presidente Luís Inácio Lula da Silva pediu para que os operadores das locomotivas acionassem as buzinas das máquinas estacionadas ao lado do palanque.
Quando o barulho dos trens pararam, o presidente iniciou seu discurso reafirmando a importância da ferrovia para o Brasil. “Os mais jovens ainda vão ouvir por muito tempo estas buzinas e vão se lembrar que o desenvolvimento está passando pelo Tocantins”, afirmou.
Lula destacou que além do desuso, as ferrovias passaram por um duro período de destruição. “O Brasil não apenas não construiu mais ferrovias, como destruiu as que existiam”, afirmou.
O presidente ainda se mostrou pesaroso por todos os anos em que o transporte ferroviário ficou esquecido pelos governantes do Brasil. Lula destacou que no princípio do século XX as ferrovias ocupavam uma faixa de mais de 37 mil Km por todo o Brasil. “No final, a gente percebeu que estávamos usando somente 10 km de ferrovias”, completou.
O presidente Valec, José Francisco das Neves , frisou o aceleramento das obras da ferrovia em seu governo. Segundo ele, quando Sarney deixou a presidência, em 1990, estavam construídos somente 115 km de estradas de ferro no trajeto da Ferrovia Norte-Sul. “Depois vieram outros governantes e não fizeram mais do que 100 km”, afirmou.
Lula ainda afirmou que a ferrovia pode crescer mais do que a previsão atual. Lula comparou a Norte-Sul com uma espinha de peixe. “A espinha dorsal já está sendo feita. Agora falta a gente pensar nas costelinhas do peixe”, ironizou para exemplificar o crescimento da ferrovia para outras regiões.
Canais do São Francisco
Lula lembrou das obras de canalização do Rio São Francisco, que deve atender a cerca de 12 milhões de pessoas na região do semi-árido nordestino. O presidente afirmou que esta obra não é recente no Brasil. De acordo com Lula, desde a época do império, Dom Pedro I já planejava a ramificação do rio. “Ainda não sei por que as pessoas foram contra. Acho que quem se opôs, nunca deve ter carregado um pote de água na cabeça”, ironizou.
Segundo o presidente, as obras consistem em um canal que atinge 642 km, “que vai levar água para o povo que sempre morreu de sede”.
Prestação de contas dos ministros
Lula informou que, ao final do seu mandato, no dia primeiro de janeiro de 2011, ele irá orientar seus ministros no sentido de fazerem uma prestação de contas de seu mandato desde o ano de 2003. segundo o presidente, estas informações ficarão à disposição da população nas universidades, bibliotecas públicas e demais órgãos interessados. “A gente quer criar um novo jeito de fazer política neste país”, completou.
O presidente ainda não poupou críticas a seus opositores que, de acordo com ele, “ficam torcendo para que o Lula fracasse ‘este peão não pode dar certo’”, alfinetou.
Liberdade econômica
Lula comemorou o fato de há dois anos não depender mais dos recursos do Fundo Monetário Internacional. “Há dois anos eu continuo fazendo atos público e não vejo mais faixas de Fora FMI’”, concluiu.
O presidente criticou as políticas econômicas de governos anteriores ao expor a fragilidade frente ao FMI. Lula ainda lembrou das visitas das comitivas do Fundo para negociar com os governantes. “E toca funcionário, e toca investimento”, afirmou.
Ainda sobre a “folga” econômica pela qual o Brasil vem passando, o presidente lembrou que seu governo conseguiu sanar a dívida externa do país e ainda emprestou dinheiro ao FMI durante as crises econômicas nos EUA e na Europa. “Quando conseguimos organizar a casa, chamamos o FMI para conversar e dissemos: ‘tchau e bença’”, completou.
Capitalização da Petrobras
O presidente da república, durante sua fala, informou a todos os presentes, ainda que na próxima sexta-feira, ele segue para o pregão da Bolsa de Valores de São Paulo para capitalizar as ações da Petrobras. Lula informou, no entanto, que ainda não sabde quanto será esta capitalização. “Nós vamos colocar ações da Petrobras para vender, para poder explorar o pré-sal”, informou.
