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Polí­tica

Foto: Divulgação

Deputado federal por 5 mandatos, principal articulador para a separação do norte goiano e criação do Estado do Tocantins, governador do Estado por 3 mandatos, José Wilson Siqueira Campos (PSDB), muitas vezes tido como político linha dura, chega pela 4ª vez ao Palácio Araguaia para governar o Estado do qual é ícone e figura controversa.

Nascido em 1º de agosto de 1928, na cidade de Crato, no Ceará, filho de Regina e Pacífico Siqueira Campos, o governador eleito do Tocantins mudou-se ainda muito cedo para o Amazonas, onde iniciou, juntamente com seu pai na atividade de seringueiro. No princípio dos anos de 1960, a família Siqueira Campos se muda para a cidade de Colinas de Goiás, na região que posteriormente viria se tornar o Estado do Tocantins.

Em colinas, com cerca de 37 anos, Siqueira inicia sua trajetória política que culminaria na separação tocantinense do norte goiano.

Em 1965 é eleito vereador da cidade de Colinas e a partir dai absorve as ideias do movimento separatista do norte goiano que desde 1821 lutava pela autonomia da região. Por defender a criação do Tocantins, Siqueira, ainda vereador, é preso pelo regime militar e indiciado em Inquérito Policial Militar. No entanto, é liberado pouco após sua prisão.

Anos 70

Já no ano de 1970, o ex-vereador se elege pela primeira vez como deputado federal e se muda para Brasília. No congresso Nacional, auxilia na criação da Comissão de Estudos da Amazônia (Coceam) e preside a Comissão da Amazônia Legal. Fatores que auxiliam na luta pela criação do Tocantins.

No dia 27 de julho de 1988, durante seu quinto mandato como deputado federal, a Assembleia Nacional Constituinte aprova em plenário a criação do novo Estado ao norte de Goiás. Depois de negociações, lutas e greve de fome, o Tocantins já estava no papel.

Depois da autorização para a criação do novo Estado, a primeira eleição no Tocantins é marcada para o dia 15 de novembro de 1988. Como concorrente natural ao primeiro governo, Siqueira Campos se elege e toma posse como governador no dia 1º de janeiro de 1989. Seu primeiro mandato vai até 15 de março de 1991.

Capital provisória e criação de Palmas

Com sua eleição ao primeiro governo tocantinense, Siqueira se vê com a obrigação de iniciar a construção de um Estado a partir do zero. O ponto de largada para a consolidação do Tocantins foi a escolha de uma capital provisória, até a construção da definitiva, Palmas. A opção por Miracema do Tocantins foi, de acordo com a biografia exposta em seu site de campanha, a escolha que acabou com disputas internas entre Siqueira Campos, aliados e adversários no novo Estado.

Para a construção da nova e oficial capital, foi demarcado e escolhido o centro geodésico do Estado, onde hoje se localiza o monumento à Bíblia, na Praça dos Girassois. A pedra fundamental de Palmas foi lançada em 20 de maio de 1989.

Segundo período de governo

Após deixar o governo em 1991, Siqueira retorna ao Palácio Araguaia em 1994. Reeleito em 1998, comandou o Estado até dezembro de 2001.

Foi neste período que sua fama de político duro, muitas vezes acusado pelos opositores de ditador se alastrou. Um dos episódios mais marcantes da segunda passagem pelo governo do Estado foi a greve dos policiais militares em maio de 2001.

Na ocasião, 800 policiais permaneceram aquartelados no comando geral da PM em Palmas, enquanto o governador solicitou a presença do exército, que ocupou as ruas da capital para manter a segurança. Junto com os grevistas, cerca de 100 esposas e 80 crianças permaneceram no quartel da polícia.

À época, Siqueira foi acusado de não negociar com os policiais em greve e usar o exército para forçá-los a sair do aquartelamento, com risco de serem presos e expulsos da corporação. A greve acabou em 31 de maio daquele ano depois da promessa de que os policiais não seriam expulsos ou presos pelo governo do Estado.

Tentativa frustrada de retorno

Em 2002, Siqueira lança como candidato para lhe substituir no Palácio Araguaia, o então aliado Marcelo Miranda, que na época estava no PSDB. Miranda foi eleito com o apoio do ex-governador com mandato até 2006. Contudo, no decorrer de seu primeiro mandato, Marcelo Miranda rompeu com seu ex-aliado e se filia ao PMDB, lançando-se candidato à reeleição contra Siqueira Campos.

Naquele ano, o ex-governador inicia sua campanha com forte vantagem na intenção de votos contra seu ex-pupilo. No entanto, durante a campanha, a campanha se mostrou mais dura do que se podia imaginar e Siqueira acabou perdendo a eleição para Marcelo Miranda.

A redenção

Depois de 4 anos afastado de uma ação política mais efetiva, o já veterano político (Siqueira Campos completou 82 anos em agosto) retorna ao cenário político para disputar, segundo seu filho Eduardo Siqueira, pela última vez o cargo de governador do Tocantins.

Depois de uma campanha inusitada, marcada por viradas e reviravoltas numéricas e onde a justiça eleitoral ocupou mais espaço na mídia do que as campanhas propriamente ditas, Siqueira consegue virar um jogo que parecia perdido na última semana. Depois de uma série de escândalos e equívocos por parte da equipe de campanha de seu adversário, o governador Carlos Henrique Gaguim (PMDB), Siqueira Campos vence com mais de 50,52% dos votos e volta a conquistar a cadeira maior do Tocantins. O atual governador teve pouco mais de 49,48%. Foram 349.592 votos para Siqueira contra 342.429 para o governador Carlos Gaguim.

Siqueira agora terá mais uma chance de provar que não é somente o “criador” do Tocantins, mas, sim um político com experiência para fazer o Estado evoluir e lidar com o grande crescimento que se aproxima depois da chegada de benfeitorias como a Ferrovia Norte-Sul e a chegada de grandes mineradoras e empresas.