O senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO) comemorou em Plenário, terça-feira, dia 5, os 22 anos de criação do Estado do Tocantins, desmembrado de Goiás. Ele afirmou que o movimento pela emancipação teria se iniciado em 1821, com Joaquim Teotônio Segurado, que teria chegado a promover um governo autônomo. Em 1956, o juiz Feliciano Braga retomou a causa da emancipação da região. A tese acabou vencedora na Constituinte de 1988, por meio de emenda do então deputado José Wilson Siqueira Campos (PSDB).
“O Norte de Goiás, com a falta de investimentos em infra-estrutura e tecnologia, estava entregue ao atraso e ao subdesenvolvimento. Cansadas de não serem atendidas, as lideranças políticas do norte, em prol de estado autônomo e representação política própria, reacenderam a chama da ação vigorosa e decisiva de Siqueira Campos”, frisou.
Para Quintanilha, a criação do Tocantins proporcionou um fluxo migratório contínuo e a consequente geração de empregos. O senador comparou a criação de Tocantins com a "saga de Brasília", que tornou a região próspera, com a participação de investimentos públicos e privados em obras de irrigação, agricultura familiar e a Ferrovia Norte-Sul, garantindo a organização da economia do estado. Ele mencionou sua contribuição para o desenvolvimento do Tocantins, coordenando o trabalho da bancada federal para a liberação de verbas do Orçamento para obras de infra-estrutura.
Quintanilha disse ter se dedicado nos últimos 22 anos em prol da geração de emprego e renda e melhoria das condições de vida dos tocantinenses, tendo o Estado, disse, se consolidado como "um dos mais importantes e prósperos".
Leia a íntegra do pronunciamento:
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, uma razão muito forte me traz à tribuna desta Casa, neste início de noite: hoje o Estado de Tocantins comemora mais um ano de vida.
Os 22 anos do Tocantins são um marco do desenvolvimento social e econômico, do trabalho perseverante e da grandeza do povo pioneiro que ali nasceu ou que escolheu essas terras para viver e ser feliz. Nosso Estado consolida-se como referência de gente trabalhadora e inovadora, como demonstram os investimentos nas mais diversas áreas produtivas da economia.
A história registra que o ânimo de sua criação começou com a determinação do Desembargador Joaquim Teotônio Segurado, que em 1821 chegou a proclamar um governo autônomo. O movimento foi reprimido, e a luta pela emancipação do norte goiano ficou estagnada, até que, em maio de 1956, Feliciano Machado Braga, Juiz de Direito de Porto Nacional, juntamente com outros ativistas da luta pela autonomia, lançaram o movimento emancipacionista do norte de Goiás.
O Estado de Goiás era uma grande extensão geográfica, o que dificultava a sua administração. Porém, maior que sua dimensão era a diferença da qualidade de vida de quem vivia no norte para quem vivia no sul. Isso era o que mais chamava a atenção. Além de sua capital, Goiânia, estar localizada mais ao sul do Estado, a construção de Brasília também estimulou o desenvolvimento mais acentuado do sul de Goiás, que se transformou em uma região próspera e rica, com grande ênfase no agronegócio e, depois, na indústria, criando-se um ambiente favorável a novos investimentos.
Já o norte goiano, devido à distância da capital do Estado e à falta de investimentos em infra-estrutura, em tecnologia para o cultivo de suas terras férteis, continuava entregue ao atraso e ao isolamento. Cansadas de reivindicar maior atenção do Governo goiano e de não serem atendidas, as lideranças políticas do norte decidiram unir esforços em prol da criação de um Estado autônomo, com representação política própria, única forma de garantir o desenvolvimento da região. Assim, reacendeu-se a chama da criação do nosso Estado.
Entre os defensores dessa ideia, destaca-se a ação vigorosa, perseverante e decisiva do então Deputado José Wilson Siqueira Campos, autor da proposta de emenda constitucional que criava o novo Estado, apresentada já em 1985. Pela sua tenacidade, Siqueira Campos estimulou tantos outros Líderes a se aglutinarem nesse esforço, nessa luta que culminou na criação do nosso Estado. A emancipação só ocorreu em 5 de outubro de 1988, sob a égide da nova Constituição. Siqueira Campos foi o seu primeiro Governador, agora reeleito para o cargo.
Hoje, decorridos 22 anos da criação do Estado do Tocantins, a realidade da antiga região norte de Goiás passou por uma profunda transformação. A criação do Tocantins veio acompanhada de considerável fluxo migratório de brasileiros de todas as regiões do País, que para lá se dirigiram em busca de novas oportunidades de emprego, investimentos e qualidade de vida. A construção da capital, Palmas, repetiu a saga da construção de Brasília, tendo a cidade alcançado, por vários anos sucessivos, recordes de crescimento demográfico.
O tocantinense ali nascido ou integrado é um povo que estuda, que labuta, que participa, que enfrenta os desafios de seu tempo. Um povo jovem, dinâmico, audaz, que tem a justa ambição de construir uma sociedade fraterna e progressista.
Com a ocupação do mais novo eldorado brasileiro, vieram os investimentos públicos e privados, responsáveis pela organização da infraestrutura básica do Estado. Nesse sentido, cabe destacar o apoio do Governo Federal, que não tem faltado com sua responsabilidade de garantir investimentos em obras de infraestrutura no Estado do Tocantins. A construção e pavimentação de rodovias federais, a implantação de projetos de irrigação, o apoio à agricultura familiar e ao agronegócio e a construção da Ferrovia Norte-Sul são alguns dos principais projetos mantidos pelo Governo Federal no nosso Estado, sem os quais teríamos ainda maior dificuldade em organizar a nossa economia.
É bem verdade que muito ainda tem de ser feito, para conferir condições dignas de vida à população tocantinense. O Estado ainda apresenta indicadores sociais muito longe dos desejáveis em áreas como saúde e educação, mas tem registrado avanços significativos, e hoje se pode afirmar, com absoluta convicção, que a autonomia política e administrativa da região norte de Goiás foi uma decisão acertada, que só trouxe benefícios para a população tocantinense e para a área remanescente de Goiás.
Do Congresso Nacional, em que represento o povo tocantinense desde a criação do Estado, saíram inúmeros apoios de natureza orçamentária, fruto de um trabalho de equipe da Bancada Federal, que atua em busca de viabilizar mais recursos que beneficiem as cidades mais carentes de infraestrutura. Coordenei a Bancada Federal por várias vezes e me sinto orgulhoso em dizer que participei diretamente na liberação de verbas para quase todas as obras que hoje existem no meu Estado.
Pela forma como foi criado, por meio de uma emenda legislativa, o Estado do Tocantins serve hoje de exemplo para todo o País. É a prova de que a decisão política, aliada ao esforço e à determinação de um povo, só pode resultar em melhor condição de vida para a população. E é esse resultado que comemoro, hoje, ao lado de cada tocantinense, pois foi uma luta de que valeu a pena participar. Dedico todos os dias da minha vida, nos últimos 22 anos, a servir a meu Estado, que hoje aniversaria em meio a novos rumos políticos.
Por essa razão, quero cumprimentar cada cidadão do meu querido Estado do Tocantins pelo seu 22º aniversário, renovando a esperança de que continuaremos crescendo, gerando emprego e renda e melhorando as condições de vida da nossa gente.
É para mim, meu ilustre Presidente, motivo de muito orgulho e muita satisfação ter podido ser um agente útil e participativo dessa extraordinária saga, que foi criar o Estado, implantá-lo e fazer com que ele avançasse e chegasse aos dias de hoje, oferecendo uma qualidade de vida melhor à nossa gente.
Por isso, comemoro, com cada tocantinense, com cada homem e com cada mulher, o extraordinário avanço que a antiga região do norte de Goiás experimentou. Hoje, o nosso Estado do Tocantins é fruto de um trabalho diuturno, árduo e perseverante de cada homem, de cada mulher, que, com seu suor, com sua dignidade, constroem a grandeza desse que é um dos mais importantes e prósperos Estados da Federação.
Era o que queria registrar, Sr. Presidente.
Muito obrigado.